Filho

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Comecei a rir da cara dele. 

- Que brincadeira idiota, Ravi - falei tentando me virar, mas ele me segurou firme

- Não é brincadeira, Lídia. Estou com cara de estar brincando? 

Comecei a ficar preocupada. 

- Ok, então vamos lá. Você olhou pro Nathan e deduziu que ele era seu filho? - falei cruzando os braços

- A marca, Lídia. Ele tem uma marca nas costas idêntica a minha!

- Sim, ele tem aquela marca desde quando nasceu. Era pequena e foi aumentando... 

- E você não lembrou da minha marca quando viu? 

- Não, Ravi. Não lembro de marca sua - fiquei pensativa

- Essa, Lídia... e não se faça de boba porque ninguém conhece o meu corpo melhor do que você!

Ravi virou e levantou a camiseta, revelando uma marca muito parecida com a de Nathan, e exatamente no mesmo lugar. Puta que pariu. Eu realmente não lembrava disso. 

- É só uma grande coincidência, Ravi. Não tem sentido. Nate é filho de Marcus!

- Lídia, presta atenção... não tem como ser uma coincidência. Coincidência seria ele ter a mesma cor do meu cabelo, por exemplo, mas isso não. Isso é específico demais...

- Pelo amor de Deus, chega. Para. Sai da minha casa por favor! - falei nervosa

-  Você ainda não me entendeu - falou nervoso - eu quero um exame de DNA!

- Você ta louco? ta se ouvindo, Ravi? Você não pode aparecer anos depois, como se fossemos grandes amigos, invadir a minha casa e ainda exigir algo assim... você não pode - falei começando a chorar de novo

- Calma, ei, espera... - disse vindo em minha direção, mas eu esquivei - quando me procurou no bar, transamos sem camisinha. Várias vezes por sinal. Então sim, existe essa possibilidade. Foi logo depois que descobriu que estava grávida? 

- Uns dois meses depois, sei lá - falei nervosa

- E não passou na sua cabeça que o filho poderia ser meu? 

- Não, Ravi, não passou. Estivemos juntos em um único dia. Eu transava com Marcus sempre, direto. Como ia passar pela minha cabeça que o filho era seu? 

- Tudo bem, Lídia. Fica calma... 

- Nate é apaixonado pelo pai. A conexão deles é fora do comum. Ele não pode saber de uma coisa assim, está entendendo? Ele já está sofrendo com a perda, se descobrir algo assim ele vai ficar pior, e eu não vou me perdoar...

- Não precisamos falar com ele sobre isso por enquanto. Podemos falar que sou um amigo seu. Vou me apresentar a ele assim... com o tempo vamos deixando as coisas acontecer, e quando ele estiver melhor contamos... 

- Contamos o que exatamente? não temos certeza de nada. Você só viu uma marca no garoto e já ta se sentindo o pai? Porque não vai embora e finge que nunca viu essa marca? De qualquer forma ele sempre será filho do Marcus. É assim que deve ser... você nunca quis ser pai, Ravi!

- O fato de eu não querer ser pai não muda o fato de que talvez ele seja meu filho. Não vou conseguir seguir minha vida sem saber da verdade, Lídia. Se for verdade, perdi seis anos da vida dele. Seis anos, porra... não vi ele nascer, não vi ele andar, falar... se ele for meu filho eu não quero perder mais nada. Você não tem o direito de querer me impedir!

- Ele não é seu filho. Mas tudo bem, se quer tanto saber fazemos um teste. Vou falar que a pediatra pediu uns exames e fazemos o DNA!

- Tudo bem então...

- Só me dê alguns dias. Preciso processar tudo isso.  Me passa seu telefone, eu te ligo...

- Não... não vou correr o risco de nunca mais abrir a porta pra mim ou sequer salvar meu número. Me passa você o seu...

- Caralho, garoto insuportável - falei baixo

- Ei, eu estou aqui. E eu ouvi - me olhou incrédulo

- Não me importa se ouviu. Eu desejo, Ravi, do fundo do meu coração, que Nathan seja filho do Marcus. Porque Marcus era um homem maravilhoso, exemplar, e eu quero que meu filho seja assim... 

- E eu sou o que? Sei que não sou o melhor cara do mundo, Lídia. Sei que me odeia, sei que não me quer mais na sua vida. Mas fique tranquila. Se ele não for meu filho, eu nunca mais te procuro. E se ele for, o nosso contato será somente pra falarmos sobre ele, mais nada!

- Ótimo, porque eu jamais me envolveria amorosamente com você de novo! 

- Ótimo, porque eu também não. Tchau! 

Ravi saiu e eu bati a porta. Isso só podia ser um pesadelo!

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora