Sorvete

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Na segunda eu estava sentada sozinha no jardim da escola. A Luna estava passando mal e não foi. Eu tinha várias colegas, mas não amigas. Conhecia praticamente todos da minha escola, mas eu não era tão extrovertida como a Luna, então quando estava sem ela eu preferia ficar na minha.

Estava com meu fone de ouvido e comendo meu lanche quando percebo alguém sentar ao meu lado. E pra variar, era ele, Ravi. Ele tirou os fones do meu ouvido e ficou me encarando.

- O que? - perguntei

- Tem lanche no cantinho da sua boca - disse passando o dedo levemente no canto da minha boca e lambendo em seguida - hum, muito bom...

Eu queria entender porque ele faz essas coisas. Como ele consegue agir assim quando já esteve com a língua no meio das minhas pernas e agora diz que é meu amigo.

- Ainda não agradeci direito por você ter ficado comigo aquele dia da festa...

- Não precisa, Ravi...

- Precisa sim... toma sorvete comigo hoje?

Meu coração acelerou. Ele não percebe, mas sempre que começa a agir fofo comigo os meus sentimentos por ele só crescem.

- Eu queria recusar, mas eu amo sorvete. É meu doce preferido...

- Jura? O meu também - disse sorrindo de canto

- Ta, eu topo. Nos encontramos na lanchonete depois então...

O sinal tocou e tivemos que voltar pra aula.

Mais tarde na lanchonete eu cheguei antes dele. Droga, eu odeio isso.

De repente vi ele chegando e tinha uma garota ao seu lado. Os dois conversavam animadamente e se despediram com um beijo no rosto. Será que ele tava beijando uma garota antes de vir me ver? Eu sei, sou só uma amiga. Mas que droga é passar por isso...

- Ei, gata... faz tempo que ta aqui? -  sentou na minha frente

- Nãoo, cheguei faz poucos minutos....

- Hum... vou pedir meu sorvete preferido pra você e depois me fala o que achou...

- Ta bom - sorri delicadamente

O sorvete preferido dele era de chiclete. Me senti uma criança de 5 anos.

Ficamos ali conversando e conhecendo melhor um ao outro. Nem vimos a hora passar. Estar com ele era como se o mundo lá fora estivesse parado, ele era incrível.

Descobrimos uma paixão em comum, filmes de guerra. E então ele me chamou pra ir na casa dele qualquer hora ver um filme, e eu topei.

Se ele pedisse pra eu ir no fim do mundo com ele, eu toparia.

- Acho melhor eu ir, ainda tenho tarefa - falei

- Tudo bem então...

- Até amanhã...

- Ei... você quer ver o filme lá em casa na sexta?
- perguntou

- Claro, pode ser...

- Então tá...

Ele veio se aproximando e me abraçou. Me aninhei em seus braços e novamente pensei em como seria incrível ser a garota dele.

Ele me deu um beijo no topo da cabeça e saiu.

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora