CAPÍTULO 32

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Anna Klara

Acordo com o Lorenzo me chamando, levanto me sentindo cansada e vou até o banheiro, escovo meus dentes, tiro as minhas roupas e entro em baixo do chuveiro.

A água quente cai em meu corpo e alivia um pouco a dor em meus músculos, pego o sabão e começo a passar em meu corpo, sinto uma ardência em meu bumbum e coro envergonhada ao lembrar da noite de ontem.

Acabo o banho, me seco, visto um roupão e vou para o closet. Ao chegar vejo que o Lorenzo já escolheu uma roupa para mim, passo alguns cosméticos, me visto, calço uma sandália de salto médio, pego a minha bolsa e saímos do quarto.

Ao chegar a sala me separo dele para ir até a cozinha mas ele segura meu braço e me guia até o escritório, ele pega uma pasta com documentos e depois saímos de casa.

Chegamos em um lugar que parece um clube, entramos e o Lorenzo me guia até um salão repleto de cadeiras, no centro tem uma estrutura parecida com um palco. Percebo que tem inúmera pessoas sentadas em suas cadeiras.

Vamos até onde estão a minha tia e os membros da família do Lorenzo, e nos sentamos. Alguns senhores vieram até nós  acompanhados de suas famílias,  nos cumprimentaram, parabenizaram pelos nossos filhos e voltaram para seus lugares.

Alguns minutos depois vejo o senhor Guilhermo, o Fernando e o Vicenzo entrarem e se posicionarem no centro do salão. Em seguida a senhora Lucrécia e um homem são trazidos até eles.

Um senhor pergunta o porque de ela está naquela situação, mas eles o ignoram. O senhor Guilhermo começa a falar e percebo se tratar do julgamento deles.

Meu corpo se arrepiar de medo pelo que está por vir, sinto que não irei gostar nada disso.

A senhora Lucrécia é condenada a morte pelos crimes horríveis que cometeu contra pessoas inocentes, e mesmo sabendo que não será perdoada ela pede pó clemência.

O senhor Guilhermo bate nos rosto dela, e logo em seguida eles começam a executar a sentença. Vejo o Fernando esticar a mão dela e o pai dele corta o dedo que fica a aliança de casamento fora.

Sinto meu estômago revirar, e viro meu rosto tentando fugir de ver as coisas horríveis que eles irão fazer. Mas o Lorenzo não permite e me obriga a olhar para o centro do salão.

Ele me explica que é uma regra da Famiglia e que eu posso ser punida por desrespeito, mas mesmo assim não consigo aceitar que ele me obrigue a ver algo tão bárbaro, apesar de pertencer a máfia desde que nasci eu nunca presenciei algo parecido.

Vejo horrorizada ela sendo violada por dois soldados ao mesmo tempo, o homem também está sendo violado. Me compadeço deles, mesmo sabendo que cometeram crimes tão horríveis quanto o que está acontecendo com eles.

Ver toda essa violência me fez lembrar das vezes que o Jon me torturou e tentou me violar, e isso me faz chorar.

Quando o julgamento finalmente acabou eu não conseguia nem me mover tamanho era meu horror. Sinto alguém tocar em meu rosto e tremo de medo, olho e vejo que é o Lorenzo e que não estamos mais no salão de tortura.

Revivo todas as cenas do julgamento e sinto repulsa, corro para o banheiro e vômito até o que não tenho em meu estômago.  O Lorenzo vem até mim e segura meus cabelos para que não sujem.

Quando o enjoo passa ele ajuda a me levantar do chão, me entrega uma escova de dentes e sai em seguida do banheiro.

Escovo meus dentes, lavo meu rosto, me sinto muito tonta e enjoada, meu estômago queima e dói mas ignoro esse incômodo, tudo que quero é ir para casa e esquecer que esse dia aconteceu.

Saio do banheiro e  vou até o Lorenzo, o olho magoada por ele ter me obrigado a participar do julgamento, mas não comento nada sei que não adiantará. 

Ele se explica sobre o motivo de ter me obrigado a vir e a assistir o julgamento, mas o ignoro no momento não estou em condições de falar sobre isso.

Peço para ir para casa, ele diz que irá me levar e saímos do lugar que acredito ser um escritório. Já do lado de fora nós encontramos com os primos dele e eu nem consigo olhar para eles.

Sei que é a realidade de quem vive na máfia, mas não consigo aceitar e achar normal tudo que presenciei. Eu estou com medo, muito medo.

Eles conversam sobre algo que não presto muito atenção, depois se despedem e continuamos nosso caminho.

Saímos do lugar que estávamos e fomos até o estacionamento, entramos no carro e fomos para casa. 

Ao chegar saio do carro rapidamente e entro em casa, vou diretamente para ao quarto, tomo um banho rápido, visto uma roupa confortável, pego um dos calmantes que a senhora marta me receitou e o engulo.

Me deito em minha cama e minutos depois meus olhos começam a pesar, um sinal de que o remédio começou a fazer efeito.

Acordo horas mais tarde com a Maria me chamando, me sento na cama e ela coloca uma bandeja com um lanche em minha frente. Tento comer mas as lembranças de tudo que presenciei, me faz enjoar e corro para o banheiro outra vez.

A Maria me ajuda a levantar do chão , me segura enquanto escovo meus dentes e ajuda a voltar para a cama. Ela me entrega um comprimido e aceito pois estou com uma dor de cabeça horrível.

Fecho meus olhos e fico pensando o quanto a vida na máfia pode ser cruel, penso na mãe da Katherine que teve a inocência roubada por causa de uma vigança estúpida.

Penso também na mãe e noiva do Vicenzo que foram mortas por inveja, ganância e preconceito.

Mas sobretudo penso em minha vida, eu nasci na máfia, fui prometida em casamento a um chefe de outra máfia sem ter escolhas de qual caminho seguir.

Nunca saberei o que é ser livre, ou o que é sair por aí sem medo de ser sequestrada e sofrer coisas horríveis.

Meus filhos não terão uma infância normal, estarão sempre na mira de algum inimigo do Lorenzo. Meu menininho será obrigado a fazer coisas piores do que as que presenciei hoje, minha menininha será obrigada a casar assim como minha mãe, eu e as outras mulheres na máfia são.

Ela será usada como uma moeda de troca, não terá o direito de se escolher alguém e se apaixonar como pessoas normais fazem.

Sei que sou uma sortuda por ter me casado com um dos poucos homens descentes e justos em nosso meio, mas mesmo tendo me apaixonado e amando o Lorenzo não consigo deixar de imaginar uma vida longe de tudo isso.

A máfia consome as pessoas, acaba com famílias e destrói inúmeras vidas. Nascer nela é uma sentença de morte, você vive sabendo que a qualquer momento um inimigo irá aparecer e executa-la.

O preço de um segredoOnde histórias criam vida. Descubra agora