Anna KlaraEscuto o meu pai me chamar, largo rapidamente o que eu estava fazendo e me apreço em ir até ele.
Ando devagar até ela, pois meu corpo está muito dolorido e machucado. Hoje é meu aniversário de desesete anos mas como todas as outras vezes ganhei uma surra de presente do meu pai.
Ele me odeia e me culpa pela morte da minha mãe Helisa, que foi o grande amor da vida dele.
Não sei quase nada sobre a minha mãe, somente que ela tem uma irmã gêmea idêntica mas nunca a vi e que morreu quando eu nasci.
Chego a sala de estar e vejo meu pai, a minha madrasta e a filha dela sentados conversando e tomando café.
A Mary percebe a minha presença e me olha com nojo, ela me odeia por eu ser o fruto do amor da vida do meu pai.
E tanto ela quanto a filha dela Sofhy, o meu meio irmão e meu pai fazem da minha vida um inferno.
Morar com eles é um pesadelo a única coisa boa na minha vida è minha amada babá Helena, que cuida de mim desde que nasci como se fosse sua filha.
Aqui não sou tratada como alguém da família, eu sou mais um dos empregados, se eu quero comer tenho que trabalhar.
Só tenho direito a três refeições ao dia e minhas roupas e calçados são os que a Sofhy já não quer mais, moro no porão da mansão do meu pai e todos os dias apanho deles.
Todos os anos no dia no meu aniversário eu peço que seja o ultimo, que eu não tenha que passar por isso tudo outra vez, mas meu pedido nunca é atendido.
― O que deseja senhor? ― Lhe pergunto.
Não posso chamar meu pai e sua esposa pelos nomes e só de senhor e senhora.
― Hoje a noite terá um jantar de negócios muito importante, um associado vem jantar aqui conosco e você deverá participar. ― Ele me responde.
Não o questiono mesmo achando estranho, pois sempre faço minhas refeições com os outros empregados da casa.
Após comunicar sobre o jantar, ele chamou a minha babá pediu para ela me levar para comprar um vestido e ir no salão.
Voltei até meu quarto, tomei um banho, me arrumei e fui me encontrar com a minha babá Helena que já estava me esperando na cozinha.
Saímos de casa, entramos em um dos carros cheios de seguranças que nos levou até o centro comercial. Ao chegarmos eu e Helena saímos e entramos no Shopping, é a primeira vez que saio de casa para comprar algo para mim, tudo que tenho é doação da Sofhy.
Eu estava me arrastando atrás da minha babá, não consegui dormir a noite por conta do medo e pesadelos e a dor nas feridas feitas pelo meu pai.
Não consigo sentir vontade ou alegria de viver, só não dei um fim a isso tudo por que tenho a Helena se não fosse por ela eu já teria desistido
Entramos em várias lojas e foi muito difícil achar um vestido que não mostrasse meus machucados, e que não me causasse incômodo nas minhas feridas.
Depois de acharmos um a minha babá pagou e fomos em um salão de beleza que ficava dentro do shopping, e após ter feito as unhas, sombrancelha, penteado em meus cabelos e maquiagem, finalmente pudemos ir para casa.
No caminho de volta eu fico olhando as pessoas andarem livres e despreocupadas, vejo crianças correrem felizes e protegidas pelos pais sem ter que conviver com monstros dentro da própria casa, e sinto muita inveja.
Eu não tive uma infância comum, estudei em casa, após as aulas tinha que trabalhar para ganhar o que comer e tudo que faço é motivo para punições.
Mas de todos eles o que mais me bota medo é meu meio irmão, ele me toca onde não deveria e fala coisas que me deixa com muito medo. Quando ele me leva para o "quarto da dor " desejo que seja meu último dia de vida
Há cerca de um mês contei para minha babá o que ele fazia comigo, e dias depois ele quase conseguiu o que sempre quis, se não fosse pela Helena eu nem sei o que teria me acontecido.
Quando ela contou para o meu pai ele não acreditou e jogou a culpa de tudo em cima de mim, mas mesmo assim mandou ele em missão e o proibiu de chegar perto de mim.
Tive que passar por um exame ginecológico para comprovar que nada aconteceu e eu ainda sou pura, caso eu não fosse mais virgem séria mandada para uma das boates da organização do meu pai e viraria uma prostituta.
Passar por tudo isso foi extremamente humilhante, com certeza foi um dos piores dias da minha vida.
No dia que o Jon foi embora, ele jurou que quando voltasse tudo ia ser pior. A minha madrasta e a Sofhy me espancaram por causa disso, elas sabiam o que ele fazia comigo já até assistiram várias sessões de tortura que ele me submetia, mas nunca me ajudaram.
O carro para na garagem, percebo que chegamos em casa e que já é início da noite, saio e vou com a Helena para o quarto dela.
Vou até o banheiro dela e tomo um banho quente, coisa que eu não tenho no porão o chuveiro do pequeno banheiro que tem lá só tem água fria.
Após o banho a Helena me ajuda com o vestir o vestido, passa um pouco do seu perfume em mim, retoca o Baton e me sento em uma poltrona para esperar a hora do jantar.
Alguns minutos depois um dos soldados bate na porta e me guia até onde está meu pai, minha madrasta a Sofhy , um casal e um homem muito lindo.
O meu pai segura a minha mão e me apresenta para eles o homem lindo se chama Lorenzo Martino Vittilo, o outro senhor é seu pai Gustavo Vittilo e a mulher è sua madrasta Helisa Savantti Vittilo a irmã gêmea da minha mãe que nunca quis me conhecer.
O Lorenzo pega a minha mão e a beija, sinto um choque passar por meu corpo. Sempre sinto medo de ficar perto dos homens, mas com ele eu não senti é como se o meu corpo e coração o reconhecesse.
Mas apesar disso a minha vontade era de estar longe dali, em um lugar onde não me trouxesse tanta tristeza.
Conhecer a minha tia trouxe uma dor ao meu coração que eu não estava preparada para sentir nesse momento.
E a dor só foi aumentando tanto emocional quanto física, meu corpo lateja e tudo que quero e me deitar e dormir.
O jantar foi servido meu pai, madrasta e a Sofhy conversavam alegremente com os convidados. Fingindo que éramos a família perfeita, quem vê nem acredita que eles me odeiam.
Após o fim do jantar voltamos para sala de estar a minha babá serviu café e whisky para todos.
― Estamos aqui hoje para celebrar a união de nossas famílias através do casamento de nossos filhos Lorenzo Vittilo e Anna Klara, proponho um brinde a esse momento. ― Meu pai fala revelando o motivo do jantar.
Por um momento pensei que fosse por mim, que minha tia estava ali para me conhecer. Que pela primeira vez estávamos comemorando o meu aniversário mas não, o meu pai estava comemorando uma venda e eu era mercadoria.
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O preço de um segredo
RomantizmUma garota doce e inocente, cheia de traumas causados por quem deveria protegê-la Um homem forte e destemido, herdeiro da organização criminosa mais poderosa e temida do mundo Um segredo capaz de destruí-los Um casal que terá altos e baixos, mas que...