O Quinto Elemento || Kakashi Hatake

Capítulo 1

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Chapter 1
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-Levante-se||Exigiu Genbu, com a espada atrás do corpo ereto, me olhando por cima como se eu não passasse de uma coitadinha, uma mendiga, sobras de comida, um saco de pancadas. Era a quinta vez que eu caía, desde que iniciamos o treinamento há 1 hora. 

Meu corpo inteiro doía, não pela queda, a queda era a de menos, Genbu não media esforços para evitar que a lâmina rasgasse a minha pele e, por ser um Deus que estava me ferindo, os cortes não cicatrizavam com tanta facilidade e eu não estava me curando. O sangue já havia tomado conta da minha roupa, suspeitava que até o final do treinamento eu estaria morta por hemorragia. Rangi os dentes, não passava nem da terceira semana ainda e eu já estava por um fio para pedir desistência e deixar que Hera me matasse. Mas aquilo não era mais por mim, era pelos Deuses, minha família, Kakashi, Harumi, meus amigos, todos depositavam tanta fé em mim que, se ao menos eu não tentasse iria decepcioná-los, se era pra morrer, que fosse durante a Guerra.

Levantei, o sangue esguichando pelo corte da minha coxa, ergui a espada e apontei na direção da sua barriga, avancei, tentando perfurar-lhe, ele rapidamente deu uma pancada na minha pela direita. Eu afastei um pouco, virei a espada e avancei de novo, ele rebateu com a sua, virada na diagonal e, assim começamos novamente a luta, espadas se cruzando em "X", depois soltando faíscas em "T", depois tudo de novo, até ele me golpear forçando a ponta da minha arma raspar a grama em nossos pés. O encarei, nós dois trocando de posição sem retirar nossos olhos um do outro. Quando finalmente me ponho em uma nova posição, boa para avançar, miro mentalmente a espada em sua cabeça e a movimento, ele defende com a espada virada na horizontal e ataca com ela apontada para o meu rosto, repito a sua defesa recuando alguns passos também. Novamente começam os ataques sincronizados, "X" e "T". 

Na primeira semana desde que cheguei, os Deuses me enfiaram em uma sala cheia de livros, uma biblioteca dentro do palácio, muito agradável por sinal, e me forçaram a ler livros e documentários sobre técnicas de combate com espadas, arco e flecha, katanas, facas e outras dezenas de armas. Todos os dias pela manhã eu lia algum, depois almoçava, voltava para a biblioteca, lia mais alguns, jantava e ia para o treinamento espiritual que, foi uma loucura completa na primeira vez, basicamente eu tinha que resistir a dor, eles derramavam um bule cheio de água fervente na minha mão e eu não poderia retirar, nem gritar, nem reagir. "A dor é inevitável, o sofrimento é opcional", disse Suzaku, lembro-me de tê-lo xingado de todas as formas que eu sabia, esgotando meu vasto vocabulário de expressões nada educadas e gentis de dizer para alguém. Na 2° semana eu ainda reagia, ainda queria gritar, mas não retirava mais a mão nos primeiros segundos em que a água caía nas minhas mãos, na 3° eu já comecei a aceitar a dor e todo aquele conceito de sofrimento, eu ainda reagia, mas mantinha minha mão até a água acabar. Também foi na 3° semana que eu comecei vários treinamentos de uma vez só, pela manhã com Genbu, à tarde com Byakko e à noite com Seiryuu, às vezes pela madrugada era chamada por Suzaku para caçarmos e treinar o equilíbrio emocional( Que eu não estava conseguindo gerir desde quando começamos). Nas próximas semanas eu iria treinar com Héstia arco e flecha, habilidades e poderes místicos, e o conjuramento de obras divinas que, segundo ela, seria o mais longo e difícil de aprender. Muito em breve treinaria com Euro também, mas o quê especificamente eu não fazia ideia.

Curvei o corpo para baixo, desviando de um ataque de Genbu, ao mesmo tempo deslizando a espada pela sua panturrilha. Senti o cabo pesar, eu o havia acertado? Achei que sim, porque ele se desequilibrou e eu consegui atacar mais vezes, quebrando a sua linha de golpes consecutivos, ele mal conseguia se defender. Me senti vitoriosa, ele estava ficando com cortes em toda a sua armadura, lhe dei um golpe que o fez cair virado totalmente para o chão.

-K...Kyara||Gaguejou, mas não era mais a voz de Genbu, na verdade era uma que há semanas eu não escutava.

Meu coração disparou, errando uma batida de imediato. Me aproximei, correndo. 

-Kakashi?!||Gritei, quando o platinado se virou para mim, a mão ensanguentada na panturrilha e o rosto coberto por sangue e cortes. Meu corpo inteiro gelou, os olhos marejaram e eu entrei em desespero||Pelos Deuses, e...e...eu não, eu não...não queria acertá-lo, e...eu.

Então senti uma dor insuportável na barriga. Pisquei e quando me dei conta, vi o rapaz enfiando uma espada na direção de onde vinha a dor. Minha garganta se inundou de sangue e eu precisei vomitar para poder respirar. O rosto de Kakashi desapareceu e deu forma a do Deus, Genbu. Caí no chão, com a espada cravada na minha barriga, tentando respirar de todas as formas possíveis, enquanto lutava contra aquela dor que me deixava com a visão escurecida.

-V...você vai me matar||Acusei, olhando para o homem de cabelos escuros.

-Não, você mesma vai||Ele rebateu, o tom frio e seco||Se continuar tendo como ponto fraco esse rapaz. Você vai lutar contra uma Deusa, Kyara, uma Deusa esperta o suficiente para acabar com você sem nem mesmo precisar levantar um dedo. Precisa esquecê-lo, precisa esquecer todo mundo ou irá morrer antes de encontrá-los novamente.

Continuei a tossir. Peguei a espada com uma das mãos e a tirei da minha barriga, depois a apertei forte, tentando estancar o sangue com meu ninjutsu médico. Eu estava com raiva e angustiada, ele tinha razão, por mais que eu odiasse concordar, ele tinha razão, eu precisava esquecer Kakashi, precisava esquecer todo mundo, isolar meus sentimentos e emoções, se eu quisesse ganhar para finalmente ter uma vida normal, essa era a única maneira.

Depois que estanquei o sangue e agilizei o processo de cicatrização, me levantei, tonta.

-Vamos almoçar, Byakko cuidará de você pela tarde||Convidou o Deus, me dando o ombro para me apoiar.

Eu sabia que o que Genbu disse não era ao pé da letra, porque o outro Deus era ainda pior do que ele nos treinamentos, cheguei a desmaiar de dor umas 6 vezes semana passada e, fui parar na ala hospitalar umas 13, Suzaku sempre me aconselhava e dava sermão do tipo, "Você precisa ser forte, todos nós já passamos por isso, você precisa aguentar também", claro que, com palavras tão motivadoras assim minha vontade de desistir só aumentou, mas eu segui em frente quando descobri que eles estavam organizando um baile para apresentar a nova "Deusa" deste mundo para o povo, e meus pais e familiares já falecidos estavam inclusos entre os convidados. O Baile só aconteceria daqui a 2 semanas, mas eu já estava empolgada com a ideia.

Continua...