O Quinto Elemento || Kakashi Hatake

Capítulo 21

━━━━━━✧♛✧━━━━━━

Chapter 21♤

-Kyara, você tem certeza?||Luna questionou, apreensiva.

-Vai dar com o pé pra trás? Você que deu a ideia, primeiramente||Respondi, enquanto montava nas suas costas para irmos até o abismo.

-Eu dei essa ideia meses atrás, antes de você quase morrer para o Maximus Empire||Ela rebateu, encolhendo as asas.

-Eu não quase morri, foi apenas um desmaio||Me defendi||E outra, agora eu sei como conjurar luz, posso lidar com o que seja lá embaixo.

Ela resfolegou, meio trêmula.

-Certo, mas se qualquer coisa acontecer, voltaremos rápido para a superfície.

-Por mim está fechado!

Ela ficou parada por mais alguns minutos, respirando para restaurar sua coragem. Quando finalmente conseguiu, abriu as asas, parecendo mais forte, mais determinada, mais Luna.

-Vamos||Falou, decolando ligeiro.

Decidimos ir à noite, em um dos únicos poucos horários que eu tenho disponível e que ninguém nos veria. Era uma viagem longa, pois precisávamos ir até o mundo dos Celestiais primeiro, para depois seguirmos para o intermédio e enfim descer até as ruínas...A nossa sorte era que Luna é uma alicórnio, por natureza é veloz, levaríamos algumas poucas horas para chegarmos.

Ficamos em silêncio por boa parte do caminho, até que ela se inquietou e perguntou

-Quem você pretende salvar?

-Meu avô...e meus senseis. 

-Você sabe que lá é vasto...não sabe?

Eu estremeci.

-Sei.

-E sabe que os dementadores são rápidos...né?

-Não...mas tudo bem, você é mais rápida do que eles...certo?

Ela não respondeu.

-Certo?||Insisti, agora com medo.

-Eu não sei Kyara, nunca precisei correr de um deles||Ela respondeu, nervosa pelo tom de voz.

-Você é um dos seres mais rápidos desse universo, uma benção de Lilith, com certeza deve ser mais rápida.

-Eu não sou uma benção de Lilith, ela sequer previa que um dia existiria alicornios.

-Mas Luna, veja pelo lado bom, você é a junção de dois seres abençoados, você é duplamente abençoada!||Brinquei, lhe dando uns tapinhas na crina.

Ela riu baixo.

-Obrigada por sempre ver as coisas pelo lado positivo, Ky, você é incrível, minha mãe teria orgulho da mulher que você está se tornando.

-Sinto falta dela||Observei, olhando para as constelações ao nosso redor.

-Eu também.

Passamos mais um tempo em silêncio depois disso, até que finalmente chegamos no Mundo dos Celestiais, tentamos não ultrapassar a barreira da megacidade, caso contrário seria registrado que passamos por lá em um horário diferente dos que normalmente passávamos em visitas formais. Não demorou muito para encontrarmos o intermédio. Eu respirei fundo, uma pontada de ansiedade e nervosismo subiu pelo meu ventre e se espalhou pelo meu corpo, principalmente coração. Aquilo era tão arriscado e...há tanto tempo eu não me colocava em uma situação tão...intensa e alta de perigo. Céus, eu poderia morrer, aquela experiência era pior do que treinar com meus irmãos. 

A ponte brilhava e logo abaixo, no mais profundo abismo dessa galáxia, era impossível não temer o breu que parecia tanto querer subir e tomar o resto do planeta. Eu não enxergava mais nada além da escuridão, eu não fazia ideia do que havia lá embaixo, com exceção dos dementadores e das almas aprisionadas, aquilo que eu estava prestes a enfrentar era um mistério assombroso e macabro.

-Vamos?

-Vamos...

Luna planou cautelosamente até o breu, eu podia sentir meu coração palpitar e descompensar, era a primeira vez em tanto tempo que eu sentia tanto medo de algo. Eu olhei para cima e a ponte já estava distante, nossos corpos pareciam emanar um tipo de luz natural, como um círculo protetor que iluminava parte daquela escuridão. Demoramos alguns minutos até ultrapassarmos a espessa névoa preta, em seguida nossa visão ficou um pouco mais limpa, era como se estivéssemos vendo o deserto à noite, só que com um detalhe importante a menos...sem as estrelas e a lua que iluminavam a areia.

Assim que ela pousou, eu retirei uma poção que escondia a nossa luz, atrativa para os dementadores e outras bestas, nós duas tomamos e o efeito começou no mesmo instante. 

-Certo...agora precisamos correr contra o tempo, precisamos achar meu avô, Minato, Kushina e Sakumo||Orientei, transformando-a em humana||Quanto menos atenção chamarmos, em menos encrencas nos meteremos.

-Certo.  

Eu só não pensei que seria tão difícil, nós mal começamos a procurar e eu já queria desistir. Por qual motivo? Era quase impossível de enxergar, era assustador, meu coração estava quase me abandonando naquele lugar. O som que se podia ouvir era do vento que assobiava em alguma rachadura ou...vale, arrepiava todos os pelos do meu corpo, me sugava as energias e eu podia jurar que a cada passo que nós dávamos eu me sentia mais fraca e zonza. Como aquele lugar podia aguentar a demanda de todas as almas com compromissos inacabados? todas que já pisaram na terra? Pior do que isso, não era para estarmos nos esbarrando nessas pessoas a cada segundo? Por que esse lugar parecia tão vazio?

-Onde estão as pessoas?||Perguntei, cerrando os olhos para procurar qualquer vulto ou figura.

-Eu sei tanto quanto você...

Aquilo só podia significar 2 coisas, ou nós estávamos ainda na superfície do submundo ou o submundo é muito maior do que nós imaginávamos. 

-Nós estamos perdendo tempo, precisamos agilizar||Falei, impaciente e nervosa. Me aproximei da alicórnio e montei em suas costas||Vamos voando.

Ela assentiu e levantou um voo baixo, nós voamos por longos minutos sem encontrar ninguém até avistarmos um semblante de uma garotinha, ela não deveria ter mais do que 3 anos. Seus olhos estavam perdidos, sem vida, fixos na areia embaixo de seus pés. Seu cabelo era loiro morango, a pele mega branca e...provavelmente seus olhos deveriam ser azuis, ficava difícil confirmar na escuridão. Mas o que mais me chocou não foi sua idade, não. Ela estava nua, sem roupas. Eu e Luna decidimos pousar para vê-la, não me impressionou que tomou um susto quando viu a celestial.

-Calma, calma||Sussurrei, segurando em seus braços, gelados||Somos do bem, eu prometo.

Ela não falou nada.

-Por que você está aqui?

Novamente ficou em silêncio.

-Cadê os seus pais?

Ela negou com a cabeça.

-Você não tem?

Ela negou.

-Eu nasci aqui||Ela murmurou.

Como?

-Você nasceu aqui?

Como ela poderia ter nascido ali? Ela...

Meu sangue gelou ainda mais, eu tremia apavorada. Olhei para Luna, tão assustada e triste quanto eu.

Ela nasceu morta? 

Continua...