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Florence Francis

A porta da igreja estava entreaberta e eu e Mary entramos. Estavam todos cantando e era lindo de ouvir, as pessoas dançavam e batiam palmas.

-Nossa isso aqui é lindo! - comentei pra Mary.

-É sim, tem alguns anos que não vou a uma igreja. - começou outra música. - Eu amo essa!

-Então canta! - falei sorrindo.

Mary começou a cantar e algumas pessoas a olharam e tipo ela tava cantando de olhos fechados e as pessoas foram virando pra nós e murmurando e eu me liguei que não olhavam pra Mary, olhavam pra mim, comecei a ficar corada porque as pessoas pararam de cantar, Mary parou também e segurou minha mão. Eu sou o único ser branco no meio deles e eu não me dei conta de que eu possa ter invadido um espaço sagrado. O pastor falou no microfone pra mim.

-Está perdida moça?

-Ah, não, eu... Me desculpem ter invadido seu local sagrado eu... Achei que as igrejas fossem aberta pra todos e... Me perdoe.

-Tem toda a razão menina, a casa de Deus é aberta para todos.

Vovó Nancy apareceu saindo do meio do coro e falou algo pro pastor. Jace veio sorrindo e pegou minha mão e me levou pra frente eu arrastei Mary comigo.

-Seja bem vinda minha filha! - disse a vovó me beijando as bochechas coradas. Me colocou ao lado de Nael e eu desviei o olhar. Eu tremia muito, de vergonha e nervosismo.

-Então vamos dar as boas vindas a nossa irmã Florence e a?

-Mary!

-Irmã Mary, está casa está aberta a vocês. Sabem cantar alguma de nossas músicas, Florence?

-Eu... Só sei cantar uma. - confessei.

-Venha, junte-se a nós! - o pastor pegou minha mão e me levou pro altar, colocou o microfone na minha mão.

Eu olhava pra baixo, para meus pés. Morrendo de vergonha, fechei os olhos e comecei a cantar.

♥️♥️♥️♥️

Nathanael Grigory

Deus o que ela tá fazendo aqui?  Ela não olhava pra mim. E tudo o que eu queria era que ela me olhasse. Me olhe Florence. A voz dela começou trêmula e quando o coral começou a ajudar ela se soltou.

-Pai, eu quero te amar. Tocar seu coração, e me derramar aos teus pés - A voz dela era tão linda quanto a própria. Eu teria caído de joelhos e implorado para que ela me perdoasse por eu ter sido tão estúpido ontem. -... E te rende glória aleluia. - Ela abriu os olhos e estavam direcionados aos meus, não controlei uma lágrima traiçoeira que me escapou e ela desviou o olhar voltando a fechar os olhos. Me limpei rapidamente e saí dali, atordoado entrei no carro pra esperar. Pelo retrovisor vejo a ambulância uma quadra a baixo. Lá se vai mais um, sai do carro e caminhei até lá pra ver quem era. A ambulância saiu e perguntei pra um cara que tinha ali.

-Sabe quem é que morreu?

-Ah era só dois mãos leves, mas não morreram, só levaram uma surra.

-Viram quem foi?

-Parece que foi uma tal branquela ae, não entendi direito. Ouvi os irmãos Castely que comentaram entre eles e eu ouvi, quando perguntei eles desconversaram.

-Valeu.

Mãos leves eram ladrões sem nome, aqueles caras que já devem pra Deus e o mundo é saem assaltando qualquer a um. Branquela? Não pode ser Florence ela é tão magra e delicada. Voltei pro carro e já estavam todos saindo da igreja vovó já me esperava na porta conversando com suas amigas. Olhei para os lados a procura de Florence e Jace os encontrei conversando com uma garota. Me aproximei.

-Vamos pra casa?

-Nael está é Mary nossa nova amiga! - disse Jace enquanto Florence se retirou e foi falar com o pastor.

-Oi Mary! - falei estendendo a mão e a garota hesitou antes de aceitar, eu não tirava os olhos de Florence.

-Oi. - disse ela bem tímida.

-Chame a Florence levo vocês pra casa, parece que teve uns carinha ae que apanharam uma quadra a baixo. Não quero que aconteça nada com vocês.

Enquanto eu falava Mary se encolheu e olhou para Florence.

-Tá bem, Mary vai ir com a gente!

-Ok, espero vocês no carro.

Fui até lá e fiquei de braços cruzados os esperando, vovó veio com uma vizinha amiga dela.

-Filho vamos dar uma carona pra Gertrudes.

-Ah, então eu levo vocês e venho buscar Jace e as amigas.

-Não precisa Florence pode ir no meu colo! - disse Jace estendendo os braços e Flor pulou nos braços dele.

Confesso que fiquei com inveja do meu irmão por poder tocá-la com tanta naturalidade.

-Se eu não te amasse como um irmão te pediria em casamento só pra você andar comigo assim. - riu ela lhe dando um beijo estalado na bochecha.

Abri a porta pra vovó e para a senhora Gertrudes, Mary sentou no meio e atrás de mim sentou meu irmão com Florence que colocou as pernas no colo de Mary.

-Você foi bem corajosa em entrar na igreja hoje. - comentou a senhora Gertrudes.

-Que nada, eu quase me borrei todinha quando percebi que todos olhavam pra mim e não pra Mary.

-Você é corajosa pra... Algumas coisas. - Comentou Mary se interrompendo pra pensar.

Arrumei o retrovisor pra espiar Florence.

-Vi uma ambulância uma quadra a baixo da igreja.

-Céus quem morreu? - perguntou vovó.

-Alguém morreu?! - saltou Florence olhando para Mary.

-Não, mas parece que foram espancados.

-Quem era?

-Dois mãos leves.

-Ah, esses já estão perdidos mesmo, mais sedo ou mais tarde vão ser mortos, tenho pena das famílias. - comentou a senhora Gertrudes.

Florence relaxou escondendo o rosto no ombro do meu irmão. Mary passou a mão no tornozelo dela. Eu não acredito que foi Florence. Essa garota tem muitos segredos e não está nos contando a verdade sobre ela.

Em casa Jace subiu com as duas pro quarto dele.

-Acho que tem alguém apaixonado! - comentou vovó atrás de mim.

-Acha que Jace...

-Não, estou falando de você. - ela foi pra cozinha e eu a segui.

-Não sei do que está falando.

-O jeito como você. ..

-Florence tem a idade do meu irmão e...

-Eu não tinha dito o nome dela.

-Está vendo coisas que não existem vó.

-Desde que aquele dente de leão entrou em nossa casa você a cobiçou.

-Nã-Não, eu...

-Filho, conheço você como a palma da minha mão, você anda incomodado, olha pra ela como se ela fosse a flor mais linda do jardim.

-E ela é... Digo, digo, ela é linda, mas não é pro meu bico.

-Por quê?

-Sou... Sou mais velho e isso pode dar um processo dos grandes.

-Ela está noiva então isso não é problema, ou é porque você é negro?

-Não posso dar o futuro que ela merece.

-Isso ainda não é desculpa, vou aquecer a comida em meia hora vamos almoçar.

-Está bem.

Subi as escadas e os ouço rindo. Bati no quarto e entrei com o coração a mil.

Me Olhe. Me Toque. Me Ame Pra Sempre.Onde histórias criam vida. Descubra agora