O Dragão e a Rosa

Capitulo 2 - Lian

Quando acordei pela manhã o castelo ja estava cheio de pessoas andando por todos os lados, estavam levando baús de viagem e roupas para lavar, além dos empregados normais cuidando da limpeza, não sabia o que estava acontecendo, mas mais cedo ou mais tarde eu descobriria.

Uma criada veio ao meu quarto para fazer a limpeza, mas a dispensei. Assim que ela saiu fui para minha estante cheia de livros, eu amo ler, principalmente livros com historias lúdicas, que, infelizmente, são raros.
Eu não queria ter de passar por todas essas pessoas e enfrentar essa multidão, então sai do meu quarto e parei a primeira pessoa que vi, mandei que trouxessem o café no meu quarto. Entrei novamente, peguei o livro que estava lendo e continuei de onde tinha parado. Eu estava gostando muito desse livro, esse era um exemplar novo e raro recém chegado de Vilavelha, ele veio acompanhado de outros 4 livros que também parecem ter historias muito interessantes, o que estava lendo tinha uma capa vermelha e com detalhes escarlate, o segundo era de um tom creme e tons dourados, o terceiro era verde e com vermelho e o terceiro simplesmente azul, esse deve ter sido caro só pela capa.
Estava entretido lendo quando alguém bateu na porta.
- Entre. - disse
A servente entrou e fechou a porta.
- Pode deixar a comida em cima da mesa e sair - disse sem me virar para ela.
- É uma pena você não querer minha companhia.
Me virei quando ouvi uma voz familiar, não era uma servente qualquer, era Amélia, minha irmã mais velha.
- Amélia!! - me levantei e fui abraça-la, quando a abracei percebi que não cresci nada desde a ultima vez que nos vimos - que surpresa você por aqui - sorri - por que veio ?
Amélia usava um vestido que imagino que seja da cor grená, mas um colar de esmeraldas se destacava, ele representava as cores da casa tyrell, da nossa casa.
- Bom... nosso pai convidou meu marido para ir na justa que vai ter em porto real - disse se sentando - você não sabia que a justa e daqui a quatro dias ?
- Ah... a justa - meu sorriso mudou para uma cara de desinteresse - não me interesso em ver um monte de pessoas se derrubando de cavalos e gritando.
- Então você continua amargurado ? - perguntou desafiadora
- Não estou sendo amargo - voltei para perto da estante de livros - só realista
- Ou uma rosa cheia de espinhos.
- E você queria que eu fosse uma rosa doce e delicada ? - disse com deboche colocando os livros novos na estante
- Eu gostaria de um Lian mais alegre, mas parece que isso não esta ao meu alcance... - ela começou a mexer na comida que trouxe, na bandeja havia vários tipos de fruta: maçãs, lichias, morangos (que estavam ótimos devido o verão)e uma pequena manga, também havia leite, queijos e pães- que fruta é essa ? É comestível ?
- Com certeza colocariam frutas não comestíveis em meu café - coloco o livro que estava lendo na estante - é uma lichia.
- Agora entendo seu apelido - disse dando um sorrisinho
- que apelido ? - perguntei me virando.
- Rosa espinhenta
- Quem disse isso ? - não suporto apelidos, nem mesmo os que minha família dá.
- todo jardim de cima... e talvez esse apelido ja tenha chegado àos vinhedos da Árvore, quem sabe tenha até saído da campina - disse com simplicidade, enquanto olhava as unhas
- Pelos sete deuses - disse irritado, mas me acalmei, não havia nada que pudesse fazer agora - mudando de assunto... quantos odres de vinho trouxeram ?
- muitos, talvez de para sustentar jardim de cima por um ano... ou papai e nossos irmãos por uma noite - dei um pequeno sorriso.
Quando completou 16 anos Amélia foi casada com o filho mais velho dos Redwyne, que são os maiores produtores de vinho de todos os sete reinos. Consequentemente ela acabou mudando para a Árvore, que é a sede deles, desde que ela se mudou tem sido um pouco solitário para mim
Amélia é dois anos mais velha, se casou a um ano atrás alguns dias depois de me tornar homem feito, ela tem olhos azuis e cabelos castanhos, e é dois palmos mais alta que eu. Amélia e eu sempre fomos muito próximos desde pequenos, eu tenho outros irmãos, mais quatro ao todo, mas nunca fui realmente próximo a eles, eles sempre ficavam treinando ou exibindo as armaduras, algo que nunca pude fazer, assim Amélia se tornou a única pessoa com quem me abro.
- então Lian, como esta o treino com o arco ?
- esta normal, sem grandes novidades.
- Errou alguma ?
- Jamais - desde a primeira vez que peguei em um arco nunca errei uma flecha - e você ? tem alguma novidade ?
- Quase - disse sorridente
- O que quer dizer ?
- Logo você saberá - riu
- ah não Amélia, agora estou curioso !
- Acalme-se Lian, preciso ter certeza antes
- Tudo bem então - Emburrei e Amélia riu
Teve um momento de silencio, e então Amélia falou:
- você não voltou a usar uma espada de duas mãos ? - tinha um pouco de receio em sua voz
- Não - fiquei quieto por um instante - nunca realmente cheguei a usar.
O silencio voltou, e então Amélia falou novamente:
- Não tem realmente nada que os meistres possam fazer ?
Suspiro, paro um pouco e digo:
- Não... Não quero mais falar nisso.
Depois disso Amélia mudou de assunto e continuamos conversando por um tempo.
- Você não vai querer ir na justa, imagino.
- Não vejo nada de interessante em pessoas brigando, além de que vou ter de aguentar nossos irmãos brigando com os Targaryen. Da ultima vez arremessaram um copo mirando Eric e me acertaram na testa.
- Sério ? Não sabia disso - Amélia segurava a risada
- Não sabe porque não falei para ninguém, fiquei tão aborrecido que sai de perto deles na mesma hora.
Amélia gargalhou
- É uma pena que você não vai- diz se levantando - ah, papai quer falar com você, vou esperar você se trocar fora do quarto.
Não sabia o que meu pai queria comigo, mas não era bom deixar ele esperando, então peguei uma roupa verde escuro com detalhes dourados, me vesti e sai.

Chegamos juntos ao salão, só havia meu pai lá, ele ficou esperando para ver se eu iria aparecer para o café, assim que me viu ele levantou.
- Como vai Lian ?
- Bem, e o senhor ?
- estou bem
Ficou um pequeno silencio constrangedor, então indaguei
- Amélia disse que você queria me ver.
- deseja que eu me retire ? - perguntou Amélia.
- não será necessário - se voltou pra mim - só queria lhe avisar que esse ano você vai a justa.
- Mas pai eu...
- Sem mas Lian, você agora é um homem feito, então você tem de ir.
Abaixei a cabeça e disse:
- Sim pai.
- ah, e também, vou ver se arranjo seu casamento em Porto real com alguma donzela
- Pai eu não...
- não quer se casar ? Quer ficar a vida toda em jardim de cima vivendo em seu quarto ?
- Não pai - falei completamente submisso
- Sabia que você não me desapontaria.
Ele me deu um tapinha no ombro antes de sair.
- Papai esta certo Lian, você vai completar 16 anos em breve - disse Amélia que estava logo atrás de mim se aproximando.
- Eu sei... mas não sei se conseguiria agradar uma mulher... ou até proteger uma - me sentei em uma cadeira - olhe pra mim Amélia, eu sou fraco, não consigo brandir uma espada de duas mãos... nem ao menos sou um cavaleiro.
- Você sabe atirar com o arco como ninguém.
- Do que adianta um arco contra uma espada ?
- Você também é esperto, e como dizem: conhecimento é poder - ela se sentou ao meu lado e segurou minha mão.
- Argumentos não param uma lâmina... no final, poder é poder - minha voz estava angustiada e triste - acho que meus espinhos não são tão úteis assim.
Amélia exibia um semblante triste e preocupado, ela sabia melhor do que ninguém como foi aquele dia para mim.
Depois de um momento de silêncio nos levantamos e fomos para o local de treinamento.

Meus irmãos já estavam treinando, estavam tão entretidos que nem nos notaram entrar.
Fui até onde meu arco ficava, o peguei e comecei a ajeitar a corda.
- O que você vai fazer com isso ? - perguntou Amélia.
- vou ao pomar colher mangas - respondi com sarcasmo - lógico que vou treinar.
Me levantei e me preparei para atirar uma flecha, atirei e a flecha acertou a cabeça de um manequim de treino, assim fazendo meus irmãos olharem pra mim.
- Vou treinar para caso nosso pai queira que eu faça algo a mais - peguei outra flecha e mirei - eu realmente odeio essa justa.
Soltei a corda, a flecha voou e parou ao lado da primeira.