Capítulo 21 - Lian

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 Entrei no castelo esfregando os olhos, ainda sofrendo por ter acordado tão cedo. Parei e soltei um longo bocejo.

- O que foi ? - perguntei me virando para Lili, que me encarava em silêncio.

- Nada senhor - disse - gostaria de voltar para a cama ?

Refleti um pouco se valia a pena faze-lo.

- Não, acho que não conseguiria dormir novamente.

- Como quiser.

Ficamos quietos, então fui para a sala comum onde me sentei numa cadeira com um acolchoado vermelho. Apoiei o cotovelo no descanso dessa ultima e a cabeça na mão.

Olhei em volta entediado, analisando a sala de verdade pela primeira vez. Nela tinha outras três cadeiras iguais a que eu estava, também havia um banco de madeira grande o suficiente para duas pessoas se sentarem juntas. Nas paredes tinham algumas tapeçarias, que visivelmente, eram nacionais, não tinham a qualidade de Myr, também tinha algumas peças decorativas tais como lanças e escudos rebuscados, atrás de mim tinham alguns vitrais simples por onde a luz entrava, mas não era possível ver o lado de fora e vice versa. Algo que me chamou a atenção foi uma lareira que ficava próxima as cadeiras e que me fez questionar sua existência, já que estamos em um castelo de veraneio, bem a cima dela via-se um escudo com o brasão dos Targaryen, revirei os olhos para ele e depois foquei o espaço vazio entre eles. Arrisquei que Lili ainda estivesse perto e perguntei.

- Por que ali está vazio ?

- lá costumava ficar um quadro do antigo dono do castelo e sua família, ele foi levado embora assim que o castelo foi vendido para vocês.

- E vai ficar esse espaço todo sobrando ?

- Bom... Sim, ao menos que o senhor queira colocar alguma pintura sua e do senhor seu esposo. - sugeriu erguendo a vista para o local.

- Uma pintura minha ? - perguntei a encarando.

- Sim, senhor - o olhou - mas o senhor pode colocar o que quiser, obviamente.

- Lili, primeiro, você falou "senhor" tantas vezes que até fiquei tonto, já lhe disse para me chamar só de Lian - reclamei.

- Desculpe Lian - disse sem mostrar muita diferença

- Tudo bem, e segundo... - olhei de volta para a parede - uma pintura minha ?

Me levantei e me aproximei da lareira

- Eu nunca fui pintado antes - comentei - você já foi ?

- Sim, uma vez - respondeu também se aproximando

- E como foi ? - perguntei com curiosidade

- Não me lembro bem, eu ainda era criança na época - disse - mas recordo que foi cansativo ficar tanto tempo parada em uma só posição.

- Quanto tempo levou para ficar pronto ? - perguntei

- Alguns dias, mas só pousei por um, o resto o pintor fez sozinho.

- E ficou igual ?

- Muito parecido.

- Interessante... - falei - Acho que vou considerar isso...

Voltei a me sentar e convidei Lili a fazer o mesmo, acho que acabei me acostumando com ela por aqui, afinal, sempre está por perto, vive grudada comigo. Estaria mentindo se dissesse que isso me incomoda, pois além da minha dama de companhia não ser barulhenta e nem começar conversas fúteis, ela é muito útil e rápida em tudo, fora as coisas que já aprendi com ela. Não sei se foi por seu jeito frio, cordialidade ou só por não ligar mesmo mas ela foi uma das únicas duas pessoas que não me lançaram algum olhar de julgamento para com meu corpo, tamanho e jeito, a outra era... Amenom.

O Dragão e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora