Fiquei um bom tempo no lugar "secreto" de Amenom pensando sobre uma infinidade de coisas, sendo a principal delas meus sentimentos conturbados. Eu já tinha certeza deles, sabia sobre as possibilidades de dar errado e quanto isso seria horrível, mas, as vezes, esse dragãozinho me fazia sentir uma pontinha de esperança, como se um grande romance "proibido" fosse possível.
Demorei-me nesse transe, sem prestar atenção na passagem do tempo, tanto que, quando me dei conta, já devia estar próximo da hora do almoço. Chacoalhei a cabeça para livrar-me desses empecilhos e fui para meu quarto, onde, certamente, Lili já estaria comendo.
Os corredores da fortaleza vermelha são como labirintos para quem não os conhece, ainda mais saindo desse lugarzinho afastado que estava. Em um momento, me deparei com uma diversidade de opções para onde ir, então, por eliminação, acabei descobrindo o caminho certo após andar em círculos e me deparar com muitos becos. Felizmente, não encontrei com ninguém. Não estava disposto a encarar qualquer um que fosse nesse meu humor "médio".
Basicamente, quando me encontrava nesse estado de espirito, eu estava em... digamos, plena indiferença emocional: nem bravo e nem calmo, nem feliz nem triste, nem animado nem desanimado... enfim, era como um momento de reflexão extremamente racional. Não minto que amo conseguir fazer isso.
Porém, dessa vez, estava apenas avoado mesmo.
Finalmente após caminhar meio castelo, cheguei ao quarto, onde, como adivinhei, a mesa já estava posta, cheia de pães, queijos, legumes e um ensopado de cenoura e batata. Porém, Lili não comia, estava olhando para fora com um olhar bem distante.
- Está me esperando ? - perguntei fechando a porta.
Ela olhou-me rapidamente.
- Sim - levantou-se - quer que eu te sirva ?
- não, não precisa - neguei e sentei, mandando que ela fizesse o mesmo.
Começamos a comer, a princípio em silêncio, mas depois algum assunto foi brotando e comecei a comentar da justa.
- Encontrou-se com algum conhecido ? - perguntou
- Não... bom, na verdade sim, encontrei Amenom no pátio mais cedo - rasguei o pão - fora isso, não vi ninguém.
- Deve ser bem difícil de achar alguma pessoa nessa muvuca - comentou.
- Não é tanto quanto parece, basta mandar alguém procurar por elas que logo logo a acham.
- Realmente... - ficou em silêncio
Nesse momento, lembrei-me de algo que estava muito curioso para perguntar, mas não estava com muita coragem de jogar isso na roda sem mais nem menos.
Tomei fôlego, mas Lili interrompeu-me introduzindo outro assunto:
- Sua irmã não apareceu mesmo ?
- Não... disse que vir me visitar já foi uma grande batalha e que seu marido só permitiu porque fazia muito tempo que não nos víamos - olhei-a - Amélia também disse que isso é porque ele estava muito preocupado com o bebê e ela, além de que queria ter certeza que seu filho fosse nascer em seu lar, e não no meio de uma festa.
- Evitar viajar no final da gravidez é importante - disse - é menos arriscado.
Concordei e voltei a comer.
Lili vem ficando cada vez mais comunicativa, começando assuntos e fazendo mais perguntas, mas, ainda assim, continua a mulher quieta e sem reação de sempre. Eu, de certa forma, me habituei a esse seu jeito, entendo que, as vezes, mais do que algumas frases já quase uma conversa completa para ela.
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O Dragão e a Rosa
FanfictionNesse Spin-off baseado no universo de Game Of Thrones, Lian Tyrell e Amenom Targaryen são obrigados a se casar para evitar uma possivel futura guerra entre suas casas e, consequentemente, entre todos os sete reinos de Westeros. Entre todas confusões...