Capítulo 37 - Lian

38 4 0
                                    


Galopamos rapidamente para chegar a taberna antes de Samantha sair. Ela havia me dito que costuma fazer a feira a cada três dias. Se tudo for nos conformes e ela não levar Will, teremos tempo mais do que suficiente para que o casal converse sem o risco da dona entregar a Bart o que restou do porco.

Paramos do outro lado da rua, escondemos os três cavalos atrás das árvores próximas e nos agachamos atrás de uns arbustos que cresceram pela visível falta de poda.

Olhei para Bart, que estava vidrado ao Soluço da Meia Noite, sem sequer piscar, enquanto segurava o buque. Achei curioso nossa situação, já que foi aqui que tudo começou.

A determinação do capitão era tão evidente que chegava a ser contagiante, e não minto, fui infectado por ela.

Virei-me para Amenom, que estranhamente me encarava. Senti uma ligeira vergonha passando por todo meu corpo. A possibilidade de parecer esquisito pelo ângulo que ele olhava afligiu-me.

- Que foi ? - perguntei.

- Nada - respondeu e sorriu misteriosamente, olhando para o lado como se observasse a movimentação, a qual, felizmente, se limitava a um mendigo bêbado.

- Diga! - falei irritado.

- Nada, já disse! - respondeu, dessa vez rindo.

Passei a mão em meu rosto e a olhei. Sujo eu não estava. Toquei o cabelo. Parecia-me no lugar.

Amenom me encarou novamente.

- Não tem nada de errado com você - falou - estou te olhando pois acho engraçado como esta sorrindo.

- Sorrindo ?

- Não me diga que não percebeu.

Neguei com a cabeça.

- Ora, você está ai parecendo um bobo - disse - alegre com toda situação.

- Esta vendo coisas - rebati.

- Não estou - aproximou-se - o antigo Lian jamais riria a toa... na verdade ele nem estaria aqui, não se prezaria a tal.

Fiquei aliviado por saber que minha cara continuava a mesma.

- Culpa sua - disse empinando o nariz enquanto olhava para o lado - faz piadas o tempo todo, falta só pedir que te joguem tomates.

- Ah, então a culpa é minha ? - disse fingindo ultraje.

- Aham.

Riu e me deu mais uma olhada.

- Que foi agora, em ? - perguntei já querendo soca-lo.

- Nada, só que gosto mais de você assim.

O soco que queria dar voltou-se contra mim, batendo bem no peito e me desestabilizando. Deuses, essa sensação estranha de novo não. Preciso ir até Lanom imediatamente, isso, não posso demorar nem mais um dia!

Enquanto surtava, uma joaninha passou voando a nossa frente e pousou bem na minha coxa. Amenom a acompanhou com os olhos até o fim e ficou ali a encarando.

- Olhe, uma joaninha - comentou.

- Eu vi - disse ameaçando tira-la com um peteleco.

- Ei! - segurou minha mão - o que você ia fazer ?

- tira-la - disse.

- Assim não, Lian - respondeu - vai machucar a coitada.

No final nem foi preciso que eu a tirasse, a própria se foi.

O Dragão e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora