Capítulo 34 - Lian

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Não percebi exatamente quando a história acabou e nem sei se sou capaz de repeti-la. Estava tão chocado com tremenda reviravolta que mau podia falar.

Meus olhos lacrimejavam e os esfreguei para não chorar ali mesmo. Pelos sete, quando me tornei tão sentimental ?

- Eu não tinha ideia... - consegui comentar depois de um tempo.

- É realmente uma história... - buscou a palavra - complicada.

Sei que essa pergunta foi a mais idiota e evidente o possível, mas mesmo assim a fiz:

- Você está bem ?

Ele me olhou e tentou sorrir.

- Com o tempo me esqueci da dor... a ferida se fechou e agora só sobrou a cicatriz... - juntou as mãos - ontem, quando o vi, parecia que tinha enfiado uma faca na marca para garantir que não havia infeccionado e ela se abriu novamente.

Passou a mão nos olhos como maneira de conter qualquer lágrima.

- Mas tudo bem, uma hora vai passar.

Não tinha ideia do que falar. Pensei se tinha algo que podia fazer mas como praticamente todo contato físico estava fora de minha jurisdição optei apenas por colocar minha mão em seu ombro.

Depois de um bom tempo parado olhei em volta analisando o quarto. Ele era simples: uma cama grande com uma arca ao seu pé, um tapete mostarda, uma mesa, uma cadeira e uma calota de ferro que fazia as vezes de uma lareira nos dias de inverno.

Olhei para janela e assustei-me com o breu que estava lá fora, quanto tempo tinha ficado ali ?

Levantei-me fui olhar a rua. Dama da noite ainda estava amarada em frente a taberna e só podia a ver por causa das luzes dos postes.

- Will - virei chamando-o - eu sinto muito mas seria melhor eu ir embora, já fiquei fora tempo demais.

- imagina - ficou de pé - por que não fica para o jantar ? Já deve estar pronto.

- Obrigado, mas não quero perturba-los.

- Venha logo - se aproximou e me segurou pelo braço - trate de comer aqui... Não, melhor, passe a noite aqui!

- Ah não - me soltei - seria abusar de sua hospitalidade, além do que nos mal nos conhecemos...

- Acho que depois de hoje já temos uma certa intimidade, não ? - sorriu.

Fiquei impressionado de como mudou rapidamente sua fisionomia. Acredito que tenha superado toda história, mas ainda assim sinto como se não fosse totalmente verdade.

- Não sei... estão me esperando no castelo...

- Ora, vai dizer que nunca saiu de casa escondido ? que nunca pulou um muro ?

- Não.

- É sério ?

Concordei com a cabeça.

- Nossa, o que você tanto fazia quando era mais novo ?

- Eu lia...

- Só ?

- Basicamente - dei de ombros

- Que chatice - abriu a porta e saímos - como o castelo dos Tyrell se chama mesmo ?

- Jardim de Cima.

- E como é lá ? - ele parecia bem mais animado que antes. Isso, de certa forma, era muito bom de se ver.

Os questionamentos continuaram até chegarmos a cozinha. Samantha terminava de tirar um frango com molho de laranjas do forno, ele cheirava incrivelmente bem.

O Dragão e a RosaOnde histórias criam vida. Descubra agora