O Dragão e a Rosa

Capítulo 35 - Amenom

Estava olhando, pela janela do meu quarto, o sol se por, ia fazer algum tempo que Lian tinha saído e ainda não voltou. Assumi que a conversa estava boa e por isso ele atrasou.

Ele saiu tão apressado, nem disse por que iria até a taberna novamente... Bom, pelo menos está socializando.

Em meus devaneios, devido ao tédio, percebi que Lian havia feito poucas amizades em quase um ano que estamos aqui, se fossemos contar seria Lili... Talvez Will, a que tudo indica, e... Eu ? Acho que podemos considerar amizade... É, acho que sim.

O desafio de desbravar Lian estava em partes cumprido, mas sabia tão pouco dele que mau saberia dizer seus gostos. Ele costuma falar bem pouco, expressa mais suas opiniões que características pessoais.

Talvez eu fale demais, devia dar mais pausas. Escuta-lo mais, eu até gosto disso, é uma sensação... Boa.

O que é muito engraçado, com Josh nunca tive isso. Se bem que Josh é o tipo de pessoa que me incentiva em algo até o ultimo instante, só me parando quando corro o risco de morrer. Já Lian diria logo de uma vez que eu morreria.

Uma conversa mais direta e calma as vezes é melhor do que com alguém que te desafie a tomar um barril de vinho.

Eu quase consegui.

Esfreguei os olhos, estava pensando demais. Deitei-me na cama e fechei os olhos, imaginando se deveria descer ou esperar pelo jantar. Não deu muito e me levantei, decidido a esticar as pernas pelo castelo.

Assim que me virei para a porta dei de cara com Lili, bem ao lado da cama. Tomei um susto tão grande que automaticamente levei a mão ao peito, checando se o coração ainda batia.

- Senhor ? - perguntou simplesmente, enquanto me observava tentando recuperar o fôlego.

- Quando... você entrou ? - perguntei.

- Alguns instantes, vim perguntar sobre o jantar.

- Ah... - que mulher assustadora! - vamos esperar por Lian, logo ele deve voltar.

- Como quiser - olhou em volta - aproveitando a oportunidade, há algo que precise ?

- Ah, sim, tem algumas roupas e lençóis sujos aqui. - apontei para um baú e Lili foi esvazia-lo.

Voltei para a janela, o sol já tinha ido totalmente embora, deixando para trás alguns poucos raios de luz, que apenas serviam para deixar o céu menos escuro.

As tochas do castelo começaram a ser acessas, uma por uma pelos guardas. Não faziam uma diferença gritante, mas já ajudavam.

- Ei, Lili, Lian disse o que foi fazer na taberna ?

- Não, senhor, antes de sair não falou nada, só pegou a torta e se foi.

- Entendi...

Ficamos em silêncio. Pensei em descontrair o clima com um comentário, talvez até conseguiria faze-la rir.

- Ele pode ter caido em um buraco no caminho - sorri - que me diz ?

- Pode acontecer, uma parte da estrada estava mesmo arenosa - disse sem mudar a expressão, levando a pilha de panos para a cama.

Mudei a feição.

- É serio ?

- Sim, perto daquele salgueiro torto - completou - se você andar muito na beirada, principalmente à cavalo, pode escorregar e cair numa área um tanto... pantanosa.

- Acho difícil de acontecer.

- Realmente, mas há muito mais o que pode ter acontecido.

- Muito mais ?