Princesa Elsa em apuros

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Eu aguardava impaciente ao lado de Plagg. Fazia-se em torno de meia hora que Adrien havia retornado para casa e ele ainda não havia se dado conta de meu plano cruel. E eu simplesmente não sabia se ele era uma pessoa “lerda” ou costumava demorar no banho. 
Hoje é terça-feira, dia de academia para Adrien – portanto ele voltava suado e fedido depois do treino e assim que chegava em casa ele banhava-se. Havia sido cautelosa o suficiente para pegar os mínimos detalhes da vida dele com Alya e com Nino, que a propósito, realmente não sabia ficar de bico fechado, bastava apenas ter sutileza e saber enrolá-lo que ele confessaria o maior de seus segredos. 
Havia sido com o Lahiffe que tinha descoberto a maior fraqueza do Agreste, a principal razão da existência do loiro, o ar que ele usava para respirar. E no momento, eu a tinha bem ao meu lado, em toda sua glória, garras afiadas e pelos. Adrien poderia ser um idiota, mas amava seu gato de estimação como se fosse um parente. E Plagg, bem eu realmente não tinha certeza quem havia sequestrado quem, ele parecia ser esperto demais para ser um simples gato, e fofo demais para qualquer humano resistir. 
É, eu poderia ser muito desleixada. Mas sei ser calculista na hora certa muito bem!
Fiz um leve carinho na cabeça de Plagg e sorri torto para ele. – Ele está demorando, acha que ele descobriu nosso plano cruel?
Plagg miou.
– É tem razão, ele é burro demais para isso. – Dei uma risada e encostei as costas no banco. A espera acaba comigo. 
Entretanto fui salva por um milagre que quase resultou num tombo meu ao chão devido ao susto. Em minhas mãos meu celular vibrava e tocava com um número desconhecido no visor, o qual eu sabia a quem pertencia. Sorri e sem pressa atendo a ligação. 
– Olá Adrien! Como vai?
– Marinette, sua maluca, o que você fez?! – Do outro lado da linha telefônica, Adrien berrou.
– Não ganho nem ao menos um “Oi, tudo bem sim, Marinette! E com você?”
– Você sequestrou meu gato!
– Sequestrar é uma palavra muito forte, prefiro: Pegar emprestado sem o dono saber.
– Marinette, onde está o Plagg!
– Está aqui comigo. Passamos a tarde juntos, seu gato é muito legal!
– Que bom, estou feliz por vocês dois! – Adrien falou zangado. – Agora me devolve ele!
– Acho que não vai rolar. – Disse num dar de ombro. E de soslaio, vi o felino me fitar entediado. – Eu me apeguei muito a ele, então vou ficar mais um pouquinho com ele. Ao menos que queira vir buscá-lo.
– Eu até faria isso, mas sabe, uma louca invadiu minha casa e roubou todas as minhas roupas!
– Nem todas, te deixei um presente, não viu?
– Pode esquecer, não vou usar isso nem que a vaca tussa!
– Que pena. – Murmurei em um falso tom de compaixão. – O pelo de Plagg é tão lindo… Seria uma pena se alguém o cortasse!
– Você não ousaria…
– Pode apostar que ousaria sim. Vai pagar quanto para ver?
– Beleza, você venceu! – Adrien graniu feroz e desesperado. – Mas não toque no meu filho!
– Como quiser, mas é melhor se apressar. Já estou com a tesoura e a máquina em mãos.
Com um suspiro desliguei a ligação, é aquilo tinha sido divertido. Olhei para o lado e vi o bichano me analisar desconfiado. Revirei os olhos com divertimento e abri a câmera do meu celular. 
– Relaxa é brincadeira. Nunca faria mal a você! Mas Adrien não sabe disso.
Plagg se afastou minimamente de mim, presumi que aquela era sua forma de dizer que eu era maluca, todavia não deixei seu ato me abalar. Estava feliz demais para isso. 
Sentia-me muito bem, a sensação de quebrar as regras era revigorante. O que me fazia questionar o porquê de nunca ter tentado. Era como se andasse em uma corda bamba, alta e insegura – mas que me levava ao outro lado, onde tudo era perfeito. O medo de cair apenas apimentava a situação, dá o  sentimento de liberdade e de poder. O risco era alto mas valia a pena. 
Assim só posso chegar a conclusão de acatar meus impulsos mais vezes, viver mais riscos e aventuras. 
Apertei ansiosa o celular em minhas mãos, ao longe podia-se notar o pequeno ponto azul deslocando-se com rapidez. Prendi meu riso na garganta, e passei a gravar a corrida. 
Podia ouvir o burburinho e a risada das pessoas, o que apenas me incentivou a, assim como elas, soltar minha risada. Ri igual uma lunática, pouco me importava a cena que pagava ou o olhar feroz do Agreste que me liquidava ainda viva.
Nada, absolutamente nada, poderia tirar a graça do que via. 
– Marinette! – Adrien gritou em desespero, seus olhos brilhavam em um mar de fúria, os olhos eram tão selvagens que normalmente, me dariam medo. Mas não hoje, pois a visão de Adrien Agreste correndo feito um maluco no meio de uma rodovia, fantasiado de Elsa era impagável.
E tinha que admitir, o vestido azul lhe caia bem, ele espalhava glamour por onde passava – arrastando a cauda do vestido no chão. A purpurina quase ofusca minha visão de tão cintilante. Era tudo tão hilário que uma menininha chegou a perguntar para a mãe se ela poderia tirar uma foto com a princesa. 
E eu apenas ria. Ria ao ponto da barriga doer. Meus pulmões até buscavam desesperadamente por ar, morreria, mas morreria feliz. 
Algumas pessoas se aglomeraram no meio da rua, e outros pararam do meu lado – também gravando tudo. Tudo estava engraçado, bem até o pior acontecer.
Bastou eu olhar para o lado para ver o sol reluzindo contra o vidro de um carro em alta velocidade, enquanto Adrien mantinha-se parado no meio da rua. E foi em questão de segundos que tudo se tornou um pesadelo vivido na Terra, era o inferno condenando-me por meus pecados, tinha certeza. 
É, hoje é um péssimo dia, tudo o que deveria ser simples havia se complicado.
E meu maior desejo é invadir a Área 51 e roubar sua máquina no tempo para poder voltar atrás, e sinceramente, nunca senti tanta necessidade em realizar algo. Afinal não era para ter acontecido.
Sinto todo o meu corpo fraquejar perante o que via, arrepios de remorso passam por cada centímetro do meu corpo e gelam minha pele. Meus sentidos aparentavam ter se ampliado apenas para testemunhar o terror contido naquela cena. Escutava cada barulho, via cada movimento. Ainda que meus olhos apavorados se mantivessem pregados em minha frente.
Engulo em seco. Meu Deus, o que foi que eu fiz? Subitamente vejo todo meu dia reprisando diante dos meus olhos tensos, cada ação minha que me levaram aquele exato instante.
Me levando a concluir que sou uma total estúpida. 
Fecho os olhos com força, e quando os abro novamente eu grito. Grito com todo o meu fôlego, ao ponto de minha garganta arder. Seu nome saiu de meus lábios em um eco poderoso, mas algo me dizia que ele já não me ouvia mais. E isso me dava medo.
O ar alegre que antes pairava no local, agora era substituído por um pesado, difícil de se respirar, tão denso quanto chumbo. Meus pés parecem ganhar vida própria, tanto que não ao menos consigo me lembrar como fui parar onde estava, somente tinha chegado até ele. 
Me ajoelho ao lado de Adrien, cada célula do meu corpo parecia ter entrado em colapso, me deixando incapacitada de saber o que fazer. 
– Adrien. – Murmuro. E é tudo o que consigo dizer, o bolo formado em minha garganta me impedia de proferir algo a mais que seu nome.
O loiro abre os olhos preguiçosamente e com custo me encara, e com isso sei que ele está confuso demais para entender o que ocorria. Vejo sangue escorrendo de sua cabeça e dos membros do corpo, o que apenas me desespera ainda mais.
– Você está bem? – Sussurro preocupada. Mas sua testa enrugada de dor e os olhos céticos me respondem um óbvio: “É claro que não!”. O que me fez assentir desconcertada, é claro que ele não estaria bem. Ninguém é atropelado por um carro e simplesmente fica bem!
Olho para os lados inquieta, e vejo que o motorista que havia o atropelado simplesmente tinha sumido com o carro. Na multidão vejo pessoas com os celulares na orelha, provavelmente ligando para o socorro. Procuro por Plagg, mas não o encontro. Ótimo além de quase matar meu vizinho, também perco o gato dele que peguei emprestado! Tem como esse dia piorar?
Olho para Adrien de novo, pronta para o pedir para aguardar onde estava sem se mexer, contudo vejo suas pálpebras pesando – querendo desesperadamente se fechar, enquanto ele lutava contra isso. 
– Ei! Não desmaie! – Falo mandona e o vejo tentado a me obedecer. 
Porém como sempre, Adrien Agreste fez exatamente o oposto que eu pedi. Ele fechou os olhos e permitiu-se desmaiar. 
É claro que tinha como tudo piorar!


Notas finais:

E aprendemos uma lição valiosa hoje, olhe para os dois lados antes de atravessar a rua!

Vou deixá-lps com essa bomba agora, até logo. E não esqueçam de votar pessoinhas!

O cara do apartamento 27Onde histórias criam vida. Descubra agora