Fuga do hospício

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Hello, e aí?
Adivinhem quem não atualizou a história porque pensou ter postado esse capítulo dias atrás? Isso mesmo eu!
Uma seguidora do instagram me informou isso agora há pouco, (a propósito, muito obridaga ❤)  e eu estou me sentido muito lerda e burra nesse momento. 🤡

É isso, fiquem com o capítulo! ❤

♡♡♡

Ficar perto de Adrien por tanto tempo estava sendo um dos maiores desafios de minha vida. Sabe aquela criança hiperativa, que você fica de babá e basta você se distrair por poucos segundos que ela já terá destruído metade de sua casa? Pois é. Lidar com Adrien era tipo isso. A diferença é que ele já era um adulto e cinco vezes pior. 
Nossa tentativa de voltar para casa estava sendo torturante. Não sei como o deixei me convencer a levá-lo embora do hospital. Esse era um desafio e tanto.
Como ele não conseguia tocar o pé esquerdo no chão, ele necessitou usar muletas, as quais ele insistiu em usar. Mesmo com todos dizendo que era melhor ele usar uma cadeira de rodas, que seria mais prático e rápido. 
– Não preciso de uma cadeira de rodas… – Adrien murmurou birrento. – Posso chegar até o estacionamento por conta própria.
– Está agindo feito uma criança. Mas se esse é o desejo da Princesa, que assim seja.
Sinceramente, eu não achava uma boa ideia deixar Adrien zanzar por aí com uma muleta, ainda mais sabendo que ele não estava totalmente apto para isso. Mas eu é que não iria impedir, ele já era grandinho o suficiente para fazer suas próprias escolhas. 
– Por favor, para de me chamar assim.
– Só paro quando deixar de me chamar de My Little Pony ou qualquer outro apelido.
– Não vai rolar. 
– Então vou continuar te chamando assim.
Fitei-o de soslaio e notei que o loiro andava com dificuldade, se apoiando ao máximo em seu amparo mesmo seus braços estando tremendo de dor. Ele realmente, não parecia estar se importando com a lógica dor que sentia, ou pelo menos, fingia não se importar.
Entrei em um debate mental sobre ajudá-lo ou não. E observei todos os prós e contras de tal decisão, no fim, meu lado gentil acabou tragicamente vencendo. E me obriguei a ajudá-lo.
Levei minha mão ao seu braço direito, o qual na minha opinião era o que estava pior. E fiz menção de o segurar para diminuir o peso. 
Adrien afastou-se com uma careta ranzinza, me forçando a soltar seu braço. E posso não ser a pessoa mais inteligente do mundo, mas com certeza posso deduzir que ele não tinha visto minha ação como um ato de gentileza. 
– Eu só estou tentando ajudar.
– Não preciso de sua ajuda. – Ele declarou e virou a cabeça para me encarar enquanto ainda andávamos. – Já disse que posso fazer isso sozinho.
Neguei com a cabeça e o encarei à nossa frente, mais precisamente em um ponto fixo e o observando fiz uma careta. – Tem certeza que não quer ajuda? Nenhuma ajudinha sequer?
– Sim, eu tenho total AI! – Adrien chiou de dor antes mesmo de terminar seu monólogo. E passou a pular em um pé só, também, acho que seria bem complicado ele não o fazer tendo batido seu pé torcido em uma cadeira de rodas largada no meio do caminho.
E eu, mesmo tentando segurar, desatei a rir.
Adrien me encarou irritado, seu rosto estava vermelho e ele se apoiava com dificuldade.
– Você tinha visto esse treco, não tinha? 
Eu me limitei a assentir com a cabeça, e secar uma lágrima que caia de meus olhos com toda aquela risada.
O Agreste, por outro lado, não parecia tão contente. – E por que não me avisou?!
– Você disse que não queria ajuda. – Dei de ombros. – Então não ajudei.
O loiro me olhou descrente, com certeza pensava que eu era doida. Mas eu não ligava, a cara que ele fazia era deveras engraçada e além do mais ele estava bem. 
– Sabe que eu poderia ter me machucado feio com isso, né?
– Sei. Mas não se machucou. – Disse simples e parando com a crise de risos. – Agora para de bancar o imbecil, e sente teu traseiro nessa cadeira antes que eu te obrigue.
Adrien bufou e revirou os olhos. – Já que pediu com tanto jeitinho. – Murmurou. 
Suavemente o ajudei a sentar-se na cadeira, amparando seus braços. Ao se confortar na cadeira, eu o soltei. Entreguei suas muletas para ele e me posicionei para de trás da cadeira de rodas.
– Obrigado. – Adrien sussurrou baixo, tanto que se não dispusesse de uma boa audição não teria ouvido. 
Eu sorri tímida e anuiu a cabeça levemente. – De nada. – Falei num murmúrio. 
O Agreste virou sua cabeça levemente e me encarou nos olhos. E por segundos, me perdi no verde intenso de suas íris que transmitem tranquilidade. Ficamos em silêncio apenas nos fitando, um silêncio desconfortável que torci para ser quebrado. Mesmo sem saber o que deveríamos dizer.
– Marinette…
– Uh? 
Adrien mordeu o lábio inferior, aparentava estar indeciso com algo. 
– Obrigado. Mesmo. 
Me surpreendi com sua declaração. Uma sensação de bem estar se apoderou de meu corpo, subitamente, eu não via mais o vizinho irritante que detestava, e sim, um cara legal e gentil que ele fazia questão de esconder essas qualidades.
– Não precisa agradecer, Agreste. 
Mais uma vez mergulhamos no silêncio, mas desta vez, ele não durou tanto quanto esperava. Pois Adrien decidiu falar.
– Só para esclarecer, eu ainda não gosto de você.
– Eu sei. – Falei num dar de ombros. – Eu também não gosto de você. 
Nós dois nos entreolhamos, e sorrimos um para o outro. E com aquele olhar, percebi que assim como eu. Ele não estava sendo sincero com a declaração.
O loiro se virou para a frente e eu comecei a empurrar a cadeira de rodas sem pressa alguma para aproveitar melhor o clima de paz entre a gente, o qual seria provavelmente o último.
– Uh, Marinette? – Ele se mexeu desconfortável na cadeira.
– O que? 
– Não acha que alguém estava usando essa cadeira antes? Quer dizer… Ela estava largada no meio do caminho.
Franzi o cenho, ele tinha um ponto. – Talvez.
E assim que fechei a boca, escutei passos e um grito atrás de nós.
Arregalei os olhos e notei a figura de um homem velho que apoiava-se nos joelhos. Ele tinha uma cara de poucos amigos, em termos normais ele parecia ser um velhinho irritado prestes a dar uma bronca.
– Voltem aqui, suas crianças levadas! – Ele gritou e aumentou seus passos na nossa direção.
Eu engoli em seco e fitei Adrien discretamente. – Essa é a parte que nós nos mandamos? 
– Pode ter certeza que é. – Adrien falou e me analisou com os olhos arregalados à medida que o idoso acelerava seu passos e um enfermeiro alto se juntou a ele em sua corrida atrás da gente. 
 – CORRE, MARINETTE! CORRE!
Adrien gritou e eu não esperei mais nem um segundo. Aquele enfermeiro grandalhão havia sido o suficiente para me tirar de meu transe. E então, heroicamente, eu corri o mais rápido que pude por nossas vidas.

(...)

Minutos depois, havíamos finalmente chegado no prédio onde morávamos. 
E embora Adrien fizesse piadinhas vez ou outra, sua companhia tornara-se suportável. Até mesmo podia afirmar que uma viagem de carro nunca havia sido tão divertida na minha vida. Eu tinha que admitir que, embora irritante, o senso de humor de Adrien ainda era engraçado quando eu não era o alvo de suas piadas.
– Você viu a cara dele! – O Agreste disse entre gargalhadas. – Ela estava hilária.
Eu assenti risonha. – Oh Deus, sim! Aquele velhinho estava realmente furioso. 
Minhas mãos destrancam vagarosamente a fechadura do apartamento de Adrien, já que minhas risadas me impediam de fazer praticamente qualquer coisa. 
São momentos raros em que sinto tanta adrenalina e depois tenho uma boa história para contar. Minha vida podia ser meio entediante às vezes. E somente de lembrar a bagunça que fizemos no hospital, enquanto fugiamos levando uma cadeira de rodas, com o senhor e o enfermeiro atrás da gente… Eu me matava de tanto dar risada. 
– Muito furioso. – Adrien reforçou divertido. – Foi impressionante a velocidade que você correu, mesmo com o enfermeiro bombado na nossa cola!
– Uau, Adrien Agreste acaba de me elogiar de uma forma boa… Devo ficar grata ou me preparar para um apocalipse?
O Agreste revirou os olhos com minha provocação e sorriu malandro. – Talvez ambos.
Terminei de abrir a porta de seu apartamento e virei-me para sua direção. – É bom saber, vou começar a estocar comida. – Disse numa leve risada e dei um soquinho amigável em seu braço. Contudo, a reação dele não foi a que esperava. Meu vizinho literalmente encarava a entrada de seu apartamento com uma cara de espanto. 
Com dúvida decidi seguir seu olhar e ver com o que ele encontrava-se tão apavorado. 
Engoli em seco assim que entendi, pois sentados no sofá estavam Alya e Nino nos observando como dois maníacos que fugiram do hospício, o que na verdade não era algo tão longe da verdade… 
– Beleza… – Adrien murmurou. – O que estão fazendo aqui e como entraram?
– Viemos fazer uma visita surpresa, sabe para comemorar que você recebeu alta.
– E entramos com a chave da sua casa que você esconde no vaso de plantas. – Nino respondeu, e eu fitei Adrien com um olhar de: “Eu avisei!” o qual ele apenas se limitou a revirar os olhos.
E logo as feições do Lahiffe se tornaram céticas.  – Vocês realmente estavam conversando normalmente sem tentar ou querer matar um ao outro? 
Adrien se apoiou desconfortável em suas muletas. – Hum… Não?
– Mesmo? Porque não foi bem isso que pareceu. – Alya declarou sorrindo de lado, um sorriso que notei ser lançado diretamente a mim.
Eu mexi minhas mãos nervosas e abri minha boca para responder. Entretanto, um vulto negro passou praticamente voando pela gente me surpreendendo e me fazendo dar um gritinho de pavor. 
– Plagg! – Adrien falou alegre. E abraçou o felino, que literalmente, tinha saltado em cima dele em uma velocidade impressionante. E agora, dava pequenas cabeçadas de afeto no loiro.
Eu relaxei meus ombros. Havia sido salva pelo gongo. 
Bem mais ou menos. Pois no momento, Alya sorria feito uma lunática para mim e lançava-me um olhar de arrepiar. Ela abriu os lábios e pronunciou sem som algum, algo que só eu entendi. 
“ – Os opostos se atraem.”


O cara do apartamento 27Onde histórias criam vida. Descubra agora