Uma bela noite para se morrer

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Eu amo muito esse capítulo! Um dos meus favoritos.

Bem... o que posso dizer? Eu avisei vocês.

×××

No horizonte, o sol estava se pondo. O astro rei sumia aos poucos, deixando a lua e as estrelas dominarem o céu aos poucos. Uma leve brisa gélida causava-me pequenos arrepios na pele. E tudo cheirava a flores frescas e croissant. 
Em suma, era uma linda noite. Tudo parecia extremamente calmo e belo. Ao ponto de me deixar admirada. Felizmente, passava por este cenário para voltar a minha casa. Estava louca para tomar uma xícara chocolate quente e apreciar o rosto da noite.
A tarde que passei com Alya havia sido libertadora e alegre. Estar perto de minha amiga era como estar ao lado de um palhaço. Ou você morre de tanto dar risada ou você corre de tanto medo.
Além disso, tinha me divertido muito com meus pais. Que me entupiram de bolos e guloseimas. E com direito a conversas constrangedoras de família e jogar vídeo game o resto do dia.
Suspirei alegre quando vi a entrada do meu prédio, havia sido uma longa caminhada e um longo dia, seria bom descansar. Contudo, quando decidi voltar a andar, um calafrio subiu pela minha espinha, e uma sensação de ser observada consumiu-me.
Fiquei estagnada no mesmo lugar, tanto por medo, como para tentar ouvir alguma coisa, porém tudo o que escutei foi silêncio. Ainda um pouco assustada, decidi observar a minha volta, mas não havia ninguém suspeito por perto. Somente crianças brincando na rua, e carros passando vez ou outra ou estacionados sem ninguém dentro.
Decidi respirar fundo e tentar acalmar meu coração, não estava havendo nada de errado. Era apenas minha imaginação fértil pregando-me peças.
Fui calmamente até a portaria, acenei para o porteiro que me desejou uma boa noite e decidi subir pelo elevador.
Ouvi o tilintar anunciando que eu havia chegado ao meu andar. E assim que as portas se abriram eu sai do pequeno cubículo. 
Teria seguido em frente, se antes, não houvesse visto aquele felino familiar sentado no meio do corredor. O observei por instantes e Plagg, encarava-me de volta com seus olhos verdes intensos. O bichano encontrava-se alarmado, pude notar isso através dos pelos negros arrepiados e o rabo que movia-se inquieto.
– Olá amiguinho. – Eu murmurei sorrindo. 
Aproximei-me do gato que mantinha-se arisco, o bichano miou frenético e ergueu sua pata dianteira em minha direção. Eu recuei de imediato. Sabia que ele não iria me arranhar, ele apenas estava assustado.
– O que houve, Plagg? – O questiono, e o mesmo decidiu se aproximar de mim e tentar escalar minhas pernas. Eu sorri diante disso, esse era o gato que conhecia. Entretanto, antes que eu o pegasse no colo, Plagg se afasta e começa a andar. O felino para no meio do caminho e mia em minha direção, e após, saí correndo em direção ao seu apartamento.
– Te seguir, tá bom, entendi. – Murmuro e vou atrás do felino que já havia adentrado de volta para sua casa. Gatos... Sempre tão misteriosos!
Ando até o apartamento de Adrien, mas antes que possa bater na porta reparo que ela está entreaberta, deve ter sido assim que Plagg conseguiu sair!
Sem cerimônias adentro o local, e olho em volta a procura de meu vizinho. – Adrien! – O chamo em voz alta, porém não recebo resposta alguma. 
– Adrien? 
E de novo não recebo resposta, estranho o fato logo de cara e sinto um arrepio na espinha. E uma sensação ruim apossar-se de mim.
Engoli em seco e decidi procurar pela casa. Vejo Plagg novamente, que miou e saiu correndo em direção ao banheiro. O gato arranhou a porta que estava fechada, arranhou tanto ao ponto de tirar parte da pintura branca dela.
Fiquei tensa e insegura ao ver a cena, não queria entrar no banheiro de Adrien e me traumatizar pelo resto da vida ao ver algo, que eu realmente não quero ver. Mas o modo tão incomum de agir de Plagg me fez bater na porta do banheiro.
– Adrien? Você está aí dentro? 

Silêncio.

Respiro fundo e fecho os olhos com força. – Eu vou entrar, tudo bem? – E com coragem abro a porta do banheiro, a qual não esquisitamente não estava trancada.
Ao adentrar o cômodo levanto minha cabeça e abro meus olhos azuis, que visualizaram apavorados a minha frente. 
Meu coração bate rápido, todo meu corpo trava no mesmo lugar, minhas pernas tremem e fico tonta imediatamente. Minha cabeça lateja e sinto o oxigênio acabar aos poucos. Eu estou em um pesadelo, certo? Porque isso não é possível. 
Respiro pesado para acalmar-me. Demoro segundos para enfim sair de meu torpor. A realidade atingiu-me como um baque, e dessa maneira, me apresso para correr até ele. 
– Adrien! – Grito seu nome, mesmo sabendo que o mesmo não me ouve.
Me ajoelho de presa ao lado da banheira e sinto o peso de ter sua vida em minhas mãos.
A água que o cobria até a cabeça era cristalina. Adrien estava lá, totalmente submerso embaixo da água. Mas a quanto tempo ele estava lá? As gotas espalhadas pelo chão, me fazem acreditar que não há muito tempo.
Forço meus braços e me obrigo a o retirar de lá de dentro. Cada músculo meu reclama pelo peso e esforço, minhas lágrimas descem descontroladas por todo meu rosto e embaçam minha visão.
Não, não o deixaria morrer.
Grito o mais alto que posso clamando pela ajuda de alguém, talvez meus vizinhos me escutem e venham a socorro.
Quando finalmente consigo o tirar dali, me esforço para lembrar-me das minhas aulas de primeiros socorros que tive ainda na escola.
Olho para seu rosto, totalmente desesperada e torço para seus olhos verdes se abrirem a qualquer instante. Eu não queria perdê-lo. Não podia. Era muito para mim aguentar.
Desvio meu olhar para o lado, sem parar de fazer os movimentos com as mãos, encontro um tanto quanto molhado, um pedaço de papel pequeno. E mesmo com dificuldade e desespero presentes, consigo o ler:

"Sinto muito… Mas não aguentei mais."



Notas finais:

Surpresos? Eu disse para prestarem atenção nos detalhes. E acreditem, isso recém começou. Vocês sabem que os amo, não é? :3

Curiosidade interessante: vocês sabiam que gatos pretos, ao contrário da crença popular, simbolizam proteção? Eles são conhecidos por proteger seus donos e seu lar. Me inspirei nisso para escrever a cena do Plagg.

O cara do apartamento 27Onde histórias criam vida. Descubra agora