Casal de Apaixonados

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Após três dias hospedados na casa de Tikki e Plagg, eu e Adrien decidimos que era hora de irmos embora. Entramos no carro do Agreste, que pingava água da chuva que recém havia parado de cair e consequentemente tinha limpado um pouco o carro imundo de barro devido as nossas viagens frequentes.
Jogamos nossas mochilas dentro do automóvel, cujo as quais Plagg - o gato - , usou como cama mesmo tendo o espaço enorme dos bancos para deitar, certamente, elas estariam cheias de pêlo mais tarde. 
Pietro tinha águas nos olhos enquanto abraçava Adrien e mandava permanecer seguro, caso contrário ele o agrediria pessoalmente.
– Veja só quem está chorando! – Provocou, Tikki.
Plagg fungou e limpou as lágrimas. – Não estou chorando! – O moreno retrucou – Foi apenas um cisco que caiu em meu olho!
– Sei! – Tikki disse maliciosa.
Eu e Adrien soltamos uma pequena risada, aqueles dois eram um poço de provocações, era impossível estar perto deles sem dar risada.
Stefanie abraçou o loiro apertado com um sorriso enorme e murmurava coisas desconexas como se cuidar, fazer a barba e não morrer. 
Em seguida ela me abraçou carinhosamente, me senti segura como nos braços de minha mãe. Me sinto nostálgica e com o coração apertado em saudades de casa. 
– Cuide bem desse cabeça oca, – A ruiva falou – nem ao menos sei como ele se manteve vivo por tanto tempo sem você por perto!
– Pode deixar. Irei cuidar muito bem dele!
Nós quatro trocamos sorrisos, mais algumas despedidas. E enfim, Adrien e eu adentramos no carro e fechamos as portas.
– Para onde agora? – Murmurei enquanto ajeitava uma madeixa teimosa de meus cabelos que insistia em cair em meu rosto.
– Não sei, – O loiro deu de ombros – em qual lugar você sempre quis ir, mas não teve a chance?
Eu ponderei por alguns instantes, a ideia de simplesmente escolher um destino qualquer e ir até lá era tentadora. 
Soltei um sorriso de lado e o olhei intensamente. – Me surpreenda. Não é você o cara imprevisível?
Adrien soltou uma gargalhada sonora, e deu a partida no carro. 
Dessa forma nós passamos por diversas cidades francesas, desde pequenas a famosas. Conheci lugares fantásticos que jamais imaginei presenciar antes.
Estava gostando e me viciando cada vez mais nessa vida de viajante. Duas semanas depois, chegamos onde nos encontramos atualmente. A maravilhosa cidade de Hossegor.
Encaro admirada a beleza da cidade, ao horizonte vejo o sol das quatro da tarde que suavemente encontra sua luz com o mar. 
Algumas pessoas audaciosas praticam o surf - um esporte muito praticado aqui. Crianças divertiam-se jogando água umas nas outras enquanto seus pais lhes repreendiam pela bagunça. Sorri triste, sinto uma falta imensa de casa. E imagino como meus pais estão agora, certamente já notaram que eu não estou com nenhuma amiga. Felizmente, às vezes consigo telefonar para casa e os falar que estou muito bem.
Afundo meus pés descalços na areia branca e quentinha. Deito minha cabeça e me ajeito na cadeira de praia, deixando o sol bronzear levemente minha pele branquinha.
Fecho os olhos e relaxo todo meu corpo, amando todas as sensações que aquela praia majestosa me causava.
Mas os abro novamente ao notar que meu sol subitamente desapareceu, encaro Adrien que me fitava com um sorriso malandro nos lábios. Seus cabelos assim como todo o seu corpo estão molhados pelo seu mergulho no oceano.
– Vai realmente ficar sentada aí? A água está maravilhosa!
Faço uma careta desgostosa. – Se estou aqui, logicamente é porque quero ficar aqui.
– Tão delicada como um cavalo. – Adrien pontua.
Bufo e começo a deitar-me novamente, mas antes de concluir a ação encaro um grupo de garotas que analisavam Adrien de uma forma animalesca enquanto cochichavam coisas inaudíveis para mim umas com as outras. As fito irritada, mesmo sabendo que eu não poderia fazer nada contra aquilo.
Agilmente abraço Adrien, e escondo todo o seu tronco nú da melhor forma possível que meu pequeno corpo permite. Quem elas pensam que são? Ele é meu!
– Pensando melhor, eu vou com você.
– Veja só, parece que alguém ficou com ciúmes.
– Eu não estou com ciúmes! Apenas mudei de idéia, ok?
– Se você diz… Então não vai se importar de eu ir até lá conversar com elas, certo?
– Vá até lá e você será um homem morto, Agreste.
Ele ri graciosamente, se divertindo com minha careta zangada. – Relaxa, você sabe que é a única baixinha irritada que eu quero na minha vida.
Ele beija suavemente minha testa. Eu reviro os olhos, incapaz de o contradizer, não iríamos reaver uma briga antiga sobre nossas alturas.
Andamos de mãos dadas até a beirada da água. Molhei meu pé e sinto o arrepio no meu corpo que a água gelada me causa. Os sacrifícios que não fazemos pelo amor!
Mergulhamos até minha cintura, até Adrien decidir me pegar no colo estilo noiva. Soltou um gritinho de surpresa e o abracei para não cair.
O vejo sorrir, e percebo o que ele planeja fazer.
– Nem pense nisso!
Assim que fecho minha boca, Adrien mergulha na água comigo ainda em seu colo.
Respiro fundo e sinto o gelado da água em todo o meu corpo. Voltamos para cima e posso enfim respirar. Ele me solta de seu colo e ficamos em pé.
Adrien sacode seus cabelos molhados e consequentemente joga água em meu rosto. 
Eu o olho irritada. – Idiota! – Bato em seu ombro.
– Ai!  Você é fortinha, My Lady. – Ele resmunga.
Eu faço uma careta zangada e ele forma um pequeno biquinho manhoso em seus lábios. – Me perdoa, Bugaboo. 
– Não!
– Vai, desculpa meu amor. Eu só queria te fazer rir.
Reviro os olhos pela nítida chantagem emocional que ele fazia, à medida que minhas bochechas coram por ele ter me chamado de "meu amor", podemos estar namorando há um tempo, mas esse tipo de coisa ainda é novidade para mim.
– Você é um gato bobo e birrento!
– Eu sei! – Ele sorri maroto – Algum defeito eu precisava ter, afinal eu sou o máximo de perfeição que um ser humano pode chegar!
– Também vamos adicionar narcisista e exibido nessa lista!
– E na sua podemos destacar mau humorada, além de você tira a graça de tudo na vida!
– Ora, retire imediatamente suas palavras Agreste!
– Está vendo! Está fazendo isso agora mesmo!
Dou um gemido de insatisfação – Se eu realmente faço isso, nesse caso, você pode se divertir sozinho, seu arrogante! 
Esse idiota! Como posso namorar com esse imbecil de quinta categoria!
Me viro para ir embora, mas sofro com a densidade da água que me impede de dar passos firmes. 
Atrás de mim, acompanhando meus passos Adrien murmura alguma coisa sobre como mulheres são complicadas. E em seguida segura meu pulso me incapacitando de prosseguir. Me viro bruscamente para ele, e o loiro suspira. 
– Amor… – Ele me olha com uma expressão de cachorro sem dono. – Me perdoa, eu não quero brigar com você. 
Eu suspiro fundo, de qualquer forma, eu teria que fazer isso mais cedo ou mais tarde. A quantidade de pessoas que tenho para conversar desde aquele incêndio diminuiu bastante.
Eu engoli todo meu orgulho e assinto vagarosamente, eu também não quero brigar. 
– Tudo bem exageramos um pouquinho mesmo. Me perdoa também? – O observo com os olhos esperançosos.
– Sempre. 
Passei os meus braços ao redor de seu pescoço e nos beijamos carinhosamente.
Me afastei dele sorrindo e segurei sua destra o levando para brincar na água comigo. Demos bastante risadas, jogamos água um no outro e caminhamos de mãos dadas à beira do mar ao entardecer como mandava os filmes de romance clichê.
Ao chegar o começo da noite, eu e Adrien juntamos nossas coisas na mochila e jogamos para dentro do carro.
– Quer ir para o hotel? – Ele perguntou distraído.
– Sim. Mas talvez possamos aproveitar o resto da noite. – Murmurei e enrolei uma madeixa de cabelo no dedo. 
Adrien sorriu de lado e segurou minha cintura. 
– Vai usar uma roupa de unicórnio especial para mim, My Little Pony. 
– Primeiro, o meu pijama é da Twilight Sparkle! E ela não é só uma unicórnio, é uma pônei unicórnio que se torna uma alicórnio! Segundo, eu quis dizer que quero ir em algum lugar essa noite, idiota!
– Eu realmente não entendi uma palavra do que você disse. – Adrien franziu a cara – Mas podemos ir em algum lugar hoje. Você escolhe.
– Perfeito!
Em questão de poucos minutos, retornamos ao hotel onde estávamos hospedados. Ele não é cinco estrelas como o de Chantilly, mas dava para o gasto. As vezes me pergunto seriamente se a convivência com Adrien não estava me tornando uma burguesa safada.
Adentramos nosso quarto e eu imediatamente me atiro na cama e começo a vasculhar minha mochila de roupas, Chloé havia me doado muitas de suas peças, uma mais chamativa que a outra, enquanto algumas eu havia comprado em um brechó qualquer de alguma cidade que visitamos.
Peguei um vestido preto justo que combina com tudo, roupas íntimas e fui direto para o banheiro tomar banho. Não demorei muito, apenas tempo o suficiente para retirar toda a área do meu corpo.
Após me vesti e voltei para o quarto para terminar de me arrumar, enquanto o loiro foi se banhar.
Fiz uma maquiagem digna de uma noitada, calcei meu par de salto alto e deixei meus cabelos soltos.
Em menos de meia hora, eu e Adrien saímos juntos de mãos dadas e fomos curtir o resto da nossa noite que mal estava começando.
Adrien havia me deixado escolher a onde ir. O que foi ótimo, pois eu adoro dirigir o carro dele! 
Nos levei até uma boate que fiquei sabendo através de cartazes na rua, ao chegarmos nossas visões foram ofuscadas pelas enormes luzes que piscavam em diversas cores. 
Adrien estava nitidamente mais a vontade naquele meio do que eu, sinceramente, ainda não me habituei nesse tipo de coisa, para mim a definição de noite ideal é comer besteira até tarde e maratona séries na netflix, mas Adrien não é esse tipo de cara. Ele é energético, gosta de coisas agitadas e barulhentas.
O que nos faz nos desentender bastante, mas concordamos que essa era minha semana de ceder a esse tipo de vida, e a seguinte seria de Adrien. Apenas um acordo para conseguirmos equilibrar nossas vidas tão diferentes.
– Admito que não esperava que fosse me trazer logo aqui.
– É o nosso acordo, certo? Precisamos mergulhar de cabeça nisso se quisermos que isso dê certo!
Adrien abriu um sorriso radiante e concordou com a cabeça. Me inclinei em sua direção e depositei um beijo suave em seus lábios. Adrien ficou surpreso de primeira, mas não tardou a retribuir.
Ao nos separarmos olhei em volta tentando entender a dinâmica de tudo aquilo, e tudo o que via eram pessoas bebendo e dançando.
Nervosa, segurei o braço de Adrien como uma espécie de consolo. Me senti ameaçada, são pessoas demais para meu gosto. Adrien notou que eu estava desconfortável e segurou minha mão com ternura.
– Vem! Vamos encontrar um lugar para ficarmos. 
E dessa forma, passamos o resto da nossa noite dançando – ele com as mãos na minha cintura e eu agarrada em seu pescoço apenas sentido o seu cheiro característico. Nos beijamos, e como beijamos e  demos muitas risadas.
Eu não bebi quase nada, para poder ir para o hotel dirigindo e pelo fato de ser extremamente fraca a respeito de bebidas alcoólicas. Diferente de Adrien que bebia muito e a bebida tinha muito pouco efeito nele. 
Conforme o tempo foi passando, decidimos ir embora. A noite foi divertida, saímos de dentro da boate barulhenta, e meus pés deram graças a Deus por finalmente poder tirar esses saltos que os torturavam, fui correndo em direção ao carro com Adrien em meu encalço.
Abri a porta mas parei assim que ouvi barulhos atrás de mim vindos de um beco escuro. Meu coração acelerou imediatamente, talvez seja porque quando você tem um assassino profissional em sua cola qualquer coisa estranha seja motivo para paranoia e desespero.
Fitei Adrien e percebi que ele estava tão tenso quanto eu. Assentimos silenciosamente um para o outro e num ímpeto de coragem caminhamos devagar para dentro do beco.
O lugar era pouco iluminado, nos deixando ver apenas uma sombra que crescia conforme se aproximava de nós dois. 
O medo arrepia minha pele, mas finalmente podemos respirar aliviados ao ver do que se travava o barulho misterioso. Era apenas uma gata. Que nos encarava com seus olhos azuis celestes e miava em nossa direção.
– Que fofinha. – Murmurei.
Adrien abaixou-se até a gata, e suavemente vez um carinho em sua cabeça. A felina estava desconfiada, mas aceitou a carícia de bom grado. Adrien a pegou no colo, e a gata enroscou nele manhosa. Dessa forma, nos deixando visualizá-la melhor. Ela é branca, mas seus pelos estavam sujos por ser uma gata de rua. Em sua testa, um maço de pelos pretos formavam um pequeno círculo. 
– Ela é linda! Podemos ficar com ela?! – Adrien ergueu a gata até mim, me mostrando-a como se ele fosse uma criancinha implorando a sua mãe para deixá-la ter um bichinho de estimação.
– Adrien, você já tem um gato e eu, bem, eu cuido de você! Isso já é um grande trabalho!
– Por favor, Mari… 
Os olhos verdes dele me fitaram intensamente, assim como os da gata que estavam pedintes da maneira que só animais conseguem fazer.
Respirei fundo e deixei os ombros caírem, estou totalmente  derrotada. – Tudo bem, Plagg vai gostar de ter uma nova amiga! 
Adrien sorriu animado e me deu um beijo na bochecha. Nós dois não precisamos verbalizar o novo nome da gata, apenas com um olhar já sabíamos que nome dar a ela.

Voltamos para o hotel, e eu fui correndo para o banheiro. Ficar horas fora de casa se divertindo tinham suas desvantagens.
Ao sair do banheiro, encontrei com Adrien que estava desprovido de sua camiseta e com o celular barato que havíamos comprado apenas para emergências na orelha. Isso me preocupou de imediato, tanto que nem ao menos me abalei pelo fato dele estar sem camisa. Ou quase. Mas que seja, o importante é que algo grande estava prestes a acontecer, eu apenas não sabia se era bom ou ruim.
Sinalizei com a cabeça para Adrien que me analisou e moveu os lábios silenciosamente para me contar que era Plagg do outro lado da linha.
O loiro estava concentrado em seja lá o que Pietro falava, ao ponto se suas sobrancelhas quase se juntarem em uma careta.
– Você tem certeza disso? – O Agreste disse estupefato.
Não soube o que Plagg havia dito, mas com certeza era algo bombástico pela expressão que Adrien fazia.
E depois disso tudo o que o loiro fez foi concordar com coisas que eu não entendia e então desligar a ligação.
– O que houve? – Falei ansiosa. 
– Plagg e Tikki conseguiram. – Ele falou estático. – Eles acessaram o pendrive. 
– Mas isso é uma ótima notícia! Por que está fazendo essa cara?
Adrien permaneceu em silêncio, um silêncio tão absorto e fúnebre que arrepiou cada pelo da minha pele. O analisei de cima para baixo, tentando encontrar as respostas que ele não queria me dar tão facilmente.
Respirei fundo e senti o mundo tremer sobre meus pés. Era como se tudo estivesse prestes a ruir bem em minha frente, e tudo dependeria daquela maldita informação!
– Adrien… – Ditei com a garganta seca – O que está acontecendo?
– Essa é a parte ruim. – Ele sorriu amargurado. – Eu vou ter que fazer mais uma das minhas idiotices históricas se quiser acabar com tudo isso de uma vez por todas.



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O cara do apartamento 27Onde histórias criam vida. Descubra agora