A vida é repleta de surpresas. Sejam elas boas ou ruins. Cabe a nós escolhermos como vamos lidar com cada uma delas, se vamos deixar tudo aquilo nos afetar intensamente, ou se vamos apenas dar de ombros e deixar de lado.
A vida é assim. São sensações. Eu aprendi isso ao lado de Adrien Agreste, a pessoa que me fez sentir as mais variadas emoções, desde raiva, mágoa e tristeza, até o mais puro amor e a paixão mais ardente.
Estar ao lado dele é como queimar. Queimar em meio ao caos, mas mesmo assim nunca sentir-se tão viva. É, eu escolhi sentir. Sentir tanto ao ponto de abrir mão de minha própria vida apenas para salvar a dele. E nunca vou me arrepender dessa decisão.
Sei que está se perguntando, mas o que aconteceu afinal?
Eu morri.
É não, desmanche essa cara, eu estou apenas brincando com você! É claro que estou viva, não me ouve falar? Desculpe, não resisti a isso. Talvez passar tanto tempo com Adrien esteja me influenciando um pouco. Foi mal.
Eu acordei cerca de 24 horas depois num hospital, todo meu corpo doía. Eu mal conseguia me mover ou falar. Havia ido para a sala de cirurgia assim que adentrei o hospital, a cirurgia não foi complicada. Em poucas horas eu fiquei estável. E apenas uma pequena cicatriz em formato circular reside no meu estômago como prova de toda a loucura que passei.
Eu estava olhando ao redor quando Adrien entrou distraído no quarto, sua expressão estava cansada e seus olhos repletos de olheiras.
– Oi… – Eu sorri doce.
– Você acordou. Estava tão preocupado.
O loiro aproximou-se de mim, e sentou-se ao meu lado. Seus dedos seguraram minha destra com delicadeza.
– Desculpa… – Sussurrei.
Foi quando uma ideia maligna sobrevoou minha mente. Escondi meu sorriso malvado.
Soltei a mão de Adrien e a afastei como se houvesse repelido. Adrien me olhou preocupado e desesperado. Eu quase me arrependi do que estava tramando.
– Ei… o que foi?
– Foi mal. – Disse constrangida. – Mas quem é você?
Adrien ficou em silêncio por segundos, como se estivesse processando o que eu falei. Em seguida ele me olhou com os olhos lacrimejados.
– C-Como assim, Mari? Sou eu, você não lembra?
Neguei suavemente com a cabeça. E Adrien sufocou um engasgo, e fez uma feição de desespero.
Não resisti mais, e deixei a risada tomar conta de mim. Gargalhei feito uma louca, ao ponto de ser forçada a parar pela dor que se expandiu do meu abdômen até meu peito. Tossi um pouco, enquanto Adrien ajeitava meu travesseiro dando murmúrios desconexos.
– "Não é tão engraçado quando a pegadinha desse nível é com você, não é mesmo?" – Sorri de lado ao pronunciar exatamente a mesma fala que ele me falou meses atrás quando nossas posições estavam invertidas.
A expressão de Adrien passou de confusa para indignada. Ele cruzou os braços e bufou.
– Não acredito que fez isso!
– Pode apostar que fiz. E sua cara fez valer muito a pena!
– Isso foi muito cruel. – Ele resmungou.
– O que posso dizer? – Dei de ombros. – Aprendi com o melhor!
Adrien suspirou e tocou a ponta do meu nariz.
– Você tem sorte de estar debilitada, caso contrário você estaria morrendo de tantas cócegas que faria em você.
– Isso é uma ameaça, Agreste? – Ergui a sobrancelha.
– Considere um aviso.
Nós sorrimos um para o outro e mergulhamos em um silêncio pesado. Adrien respirou fundo e observou o fundo dos meus olhos, acabei perdida no verde profundo de seus olhos.
– Eu pensei que fosse te perder… – Ele sussurrou.
– Por um momento eu imaginei o mesmo… – Fiquei em silêncio, podia sentir a dor de quase me perder que ele transmitia. Lembrei-me dele, naquela banheira. E senti todo o desespero que senti naquela noite, o desespero que ele também sentiu.
– Mas estamos aqui agora. – Murmurei e deixei minha mão erguer-se e acariciar sua bochecha.
– Eu te amo, My Little Pony.
Eu sorri ao ouvir a pronúncia do apelido que ele havia me dado. O nome nunca soou tão belo em sua voz como naquele momento.
– Eu também te amo, Gato idiota.
Dois dias depois, meus pais adentraram o mesmo hospital que eu me encontrava. Adrien havia pagado parte da passagem deles. Digamos que não foi o jeito que eu pretendia apresentar meu namorado aos meus pais, numa cama de hospital e me sentindo indisposta. Mas estava tudo bem, porque eu estava com eles.
Depois de um longo tempo, recebi alta do hospital.
Todos voamos para Paris de novo. Alya e Nino nos encontraram no aeroporto, e nos receberam entre abraços e broncas.
Após eu respirei fundo o aroma parisiense e me senti bem. Era muito bom estar em casa outra vez. Voltei para a casa dos meus pais, já que meu apartamento tinha sido destruído pelo fogo, e Adrien alterou entre ficar na casa de Nino e na minha.
Enquanto aos poucos tentamos dar um jeito em nossas vidas. Voltei para a faculdade, praticamente enlouqueci tentando estudar tanta matéria acumulada e de pedidos que faziam pelo meu site online.
Adrien finalmente pode se dedicar ao que gostava, atuar. Mesmo que com a vida bagunçada, nós dois sentíamos bem por estarmos livres e vivos para viver nosso amor.
Meses depois fomos chamados para uma audiência, precisamos depor a respeito do caso. Nathalie foi condenada culpada pelo homicídio do pai de Adrien e por organização criminosa, assim como muitas pessoas que trabalhavam na empresa Agreste.
Félix sobreviveu por um milagre ao tiro que passou a centímetros do seu coração. Entretanto ele não escapou das acusações, acabou sendo preso com a pena diminuída por ajudar a polícia em troca da segurança de Bridgett, Plagg e Tikki conseguiram resgatá-la em uma missão, ela estava doente e fraca, mas não o suficiente para não poder abraçar Felix apertado e prometer que jamais iria sair do lado dele, enquanto ambos faziam juras de amor.
– Sei que o que ele fez foi muito errado. Peço perdão a vocês por ele. Mas não posso abandoná-lo aqui, ele está tentando se redimir.
Foi o que ela disse a mim e a Adrien quando a convidamos para ir a Paris conosco. Ela sorria, e seus olhos brilhavam em pura simpatia. Não foi difícil me tornar uma grande amiga dela.Após meio ano de toda essa loucura, eu e Adrien finalmente conseguimos nos mudar para um apartamento novo.
Ele se localiza a 15 minutos de carro da minha faculdade, o que é muito bom. Além de estar perto do centro da cidade.
– Essa foi a última. – Anunciei para Adrien.
Larguei a caixa de papelão no chão, pelo peso pude supor que deveriam ser livros meus e do loiro.
Olhei ao redor e encontrei o apartamento numa bagunça de caixas espalhadas pelo lugar. Aquilo daria um trabalho imenso para desempacotar.
– Que bom! – Adrien sorriu e virou-se para me encarar.
Demos um pequeno selinho e eu sorri feito uma idiota ao encar seus cabelos bagunçados e a falta de camisa.
– Vamos demorar uma eternidade para ajeitar tudo.
– Nunca é tarde demais para voltar a casa de seus pais. – O louro pontuou. – Eles fazem ótimos doces!
– Você só pensa com a barriga mesmo. – Bati levemente no braço dele, e ele resmungou como sempre.
– E você continua me agredindo. E na frente dos nossos filhos!
O Agreste apontou para uma caixa onde os gatos – Plagg e Tikki – brincavam.
– Eles sabem que o pai dele às vezes merece.
Adrien revirou os olhos e em seguida soltou uma pequena risada. Ele me abraçou por trás e beijou minha bochecha.
– Você é tão malvada comigo.
– Eu não sou malvada, só você que me tira do sério. – Respondi com o nariz empinado e Adrien aproveitou-se da deixa para beijar meu pescoço e eu soltei pequenos suspirinhos.
– Não tenho culpa nenhuma se você tem pouco paciência, Princesa.
– Mas tem por ser idiota.
– Falando desse jeito parte meu coração. Você sabe que te amo muito. – Adrien murmurou manhoso. E seus beijos desceram para meus ombros, suspirei e o dei um pouco mais de espaço para ele brincar ali.
– Às vezes parece que não. – Digo brincando.
Adrien solta uma pequena risada abafada. Não posso vê-lo, mas tenho certeza que ele está dando um de seus sorrisos sarcásticos.
– E se eu te provar?
– E como faria isso?
– Assim!
Adrien declara e no mesmo instante me gira para ficar defronte para ele, eu colido contra o peitoral dele e ele eleva minha face para poder encará-lo.
Os olhos dele cintilam de tanto amor e paixão. O verde está mais escuro que o normal, e quase tive certeza de ter visto a pupila dele e dilatar como a de um gato ao me observar.
Sem demora, Adrien trouxe seus lábios até o meu e me beijou com voracidade. Não importa quanto tempo se passe, beijar Adrien nunca se torna algo banal. Todo beijo novo que trocamos é mais intenso que o anterior.
Nos separamos ofegantes e enquanto ainda tentava me recuperar, Adrien pegou-me no colo em estilo noiva.
A passos cegos ele levou-me até o quarto e soltou-me na cama. O loiro depositou um pequeno selinho nos meus lábios. Em seguida me analisou.
– Isso foi o suficiente? – Ele falou com a voz rouca.
– Isso depende. – Me distraia brincando com os cabelos da sua nuca. – Você tem algum outro segredo que eu deveria saber?
Adrien fez uma careta de arrependimento.
– Só mais um...
Eu o olhei indignada. Como assim ele tem um segredo?! Eu só estava tentando criar um clima!
– Qual? – Indago desconfiada.
– Você acha que nosso primeiro beijo de verdade foi no parque de Nancy, mas na verdade foi na festa que eu dei para você! Você ficou tão bêbada no dia seguinte que se esqueceu.
– Eu não acredito nisso! Por que não me contou?!
– Desculpa… – Ele choramingou. – Na época pareceu o certo a se fazer.
Suspirei e neguei com a cabeça. – Você não tem jeito mesmo… – Dei de ombros e sorri, com certeza esse está longe de ser o maior segredo dele que já enfrentamos. Adrien pareceu aliviado por perceber que eu não estava brava.
– Por que não me mostra como me beijou naquele dia?
– Como quiser, My Lady.
Adrien sorriu de lado e voltou a me beijar. Eu sorri entre o beijo e o devolvi na mesma intensidade.
Aquele estava longe de ser um felizes para sempre dos contos de fadas que imaginei para mim quando criança. Mas com certeza é o final perfeito. Porque estou ao lado dele.Notas finais:
Chegamos ao fim dessa história. Agradeço a todos que acompanharam e interagiram!
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O cara do apartamento 27
FanfictionMarinette é uma estudante dedicada da faculdade, uma amiga leal e em suma uma boa pessoa. Contudo, ao conhecer seu novo vizinho - Adrien - que se mudou para ao lado de seu apartamento há pouco tempo. Ela experimenta o inferno na Terra. Tanto pela pe...