Após pensar muito, tomei uma decisão incrivelmente importante e que pode decidir o resto da minha vida.
Ah, tá! Quem eu quero enganar? Essa foi apenas uma daquelas atitudes impensáveis que tomamos na hora da imprudência que é acompanhada pela leve descarga de adrenalina nas veias. Mas de qualquer forma estou orgulhosa dessa minha atitude, e não é algo que eu queira voltar atrás. Eu já escolhi. É isso que eu quero e vou fazer. E não aceito um não como resposta.
Caminho decidida pelos corredores da delegacia, meus passos são pesados e precisos. Sinto meu corpo mais pesado, devido ao peso incomum do colete a prova de balas que utilizo, os fios da escuta em meu peito incomodam igualmente. Mas esse é um pequeno sacrifício em relação à loucura que estou prestes a fazer.
Saio pela grande porta da delegacia de Itália, e respiro o ar fundo, é bom sentir o ar fresco e apenas analisar o mundo ao seu redor. Parece que quando você está preste a cometer um ato estúpido que possui um potencial absurdo de causar sua morte, as coisas simples da vida se tornam as mais importantes.
De longe vejo Adrien encostado no carro de Kyoko e conversando com Tikki e Plagg. Ando até eles com pressa, e quando me aproximo o suficiente do loiro, me jogo em seus braços.
O Agreste afunda seu nariz em meus cabelos e inala o cheiro de meu shampoo, eu não fico pra trás, e respiro seu perfume macuslino que me deixa inebriada toda vez.
- Ei... - Adrien murmurou - Estava te esperando para nos despedirmos.
Eu me afastei minimamente de seu corpo e encarei-o com minha melhor expressão de inocência.
- Nos despedirmos? Mas por que se vamos juntos?
Adrien permaneceu em silêncio como se processasse a informação aos poucos. Piscou várias vezes e por fim me encarou de forma ranzinza.
- Não - A resposta soou direta e simples - Você não vai.
O fitei estagnada e como a criança birrenta que sou, bati o pé no chão irritada.
- Por que não?
- Porque não Marinette!
- Escuta aqui seu loiro metido. - Sibilei e cutuquei seu peito com meu indicador - Não é você quem decide isso. Eu já tomei minha decisão, Plagg e Tikki já concordaram em me deixar ir. Eu vou com você querendo ou não!
- Vocês concordaram com essa idiotice? - Adrien olhou irritado para Tikki e Plagg que fingiram uma tosse e falaram como a tarde estava bonita hoje.
- Eu não acredito nisso! - Adrien revirou os olhos - Marinette isso não é uma das nossas discussões bobas, isso é perigoso, você não pode ir!
- Eu sei todos os riscos Adrien e eu estou disposta a correr todos eles. Eu vou com você, não vou deixar você ir sozinho!
Adrien suspirou derrotada e bagunçou seus cabelos loiros.
- Não há nada que eu te diga para te convencer a não ir, não é mesmo?
- Nadinha. - Sorri vitoriosa.
- Você é uma mimada.
- Eu também te amo. - Falei ironicamente e o puxei pela gola da camisa e o beijei com volúpia.
Enfim adentramos o carro e fomos direto para que seria nosso fim ou nossa salvação.O carro adentrou os portões de uma grande mansão, que mais parecia um palácio enorme. Alguns curiosos começaram a se acumular na calçada, gravando e tentando descobrir o que acontecia. Sussurros e gritos foram ouvidos ao sairmos de dentro do carro, porcamente haviam reconhecido Adrien.
Caminhos tentos até a casa, nossas mãos unidas se apertavam de uma forma extraordinária.
Nosso receio era nítido em nossas expressões, mas não é hora para se acovardar.
Paramos em frente a velha e grande mansão, me senti uma formiguinha comparada a ela.
Estávamos bem em frente a mansão Agreste, o lar havia sido fechado após todo o horror que ocorreu dentro da casa, entretanto, uma vez ao mês alguém ia lá para limpar a casa.
Adrien tira do bolso as chaves que lhes foram devolvidas, noto que sua mão treme levemente e por isso o fito com minha visão periférica.
Adrien tem uma expressão indecifrável no rosto, era difícil dizer se ele estava com medo, triste ou zangado. Quem sabe não fosse até mesmo uma mistura dos três.
Mas seus olhos... Ah os seus olhos verdes e normalmente tão alegres, agora estão escuros. Totalmente opacos, como se a vida houvesse sido toda sugada dele - deixando para trás - apenas um resquício do que ele um dia fora.
Meu coração se parte em mil pedaços, eu odeio vê-lo assim, queria arrancar todo o sofrimento dele para mim. Mas eu simplesmente não posso fazer isso.
- Ei... - O chamo suavemente - Está tudo bem?
O Agreste respira fundo e ergueu seus olhos até me encarar diretamente. Ele sorriu forçadamente e assentiu com a cabeça.
- Sim. Só vamos fazer isso logo.
Eu engulo em seco e maneio a cabeça.
Adrien, num ímpeto de coragem, destrancou as grandes portas da mansão. As portas se abriram rangendo e sem cerimônias adentramos o lugar.
Um pouco de poeira se levantou e me fez tossir. A entrada se estende num amplo salão - cheguei a ficar com medo de andar pelos corredores e acabar perdida nesse labirinto de luxo. Os móveis estão todos tapados com lençóis brancos, provavelmente para não serem danificados com o tempo.
Adrien olhou ao seu redor, e andou hesitante até um ponto específico da casa. Chamei pelo seu nome, mas ele não pareceu me escutar.
Com as mãos trêmulas, o loiro retirou o pano branco de cima de um quadro pendurado na parede.
Era de uma mulher loira que logo reconheci como a mesma pessoa que Adrien tinha um retrato em sua casa, concluí que aquela fosse sua mãe. Mas de perto notei ser uma pintura feita a óleo, a loira era retratada como uma deusa.
- Ela era linda. - Sussurrei.
- Sim, ela era.
Me virei para meu namorado, e notei algumas lágrimas escorrerem pelos seus olhos. Constrangido, ele as secou rapidamente.
Eu sorri ternamente e retirei as mãos deles e as substituí pelas minhas. Sequei seu rosto com cuidado e ternura, o Agreste fundou e aproveitou-se de meu carinho.
Eu o abracei em seguida e acariciei seus cabelos loiros, ficamos longos minutos abraçados um no outro - enquanto Adrien chorava e soluçava baixinho.
Quando sua crise finalmente acabou ele sorriu sincero.
- Obrigado. Não sei o que faria sem você, My Lady.
- Não me agradeça, eu te amo, faria e faço qualquer coisa por você.
- Eu também te amo.
Ficamos em silêncio por instante, desfrutando do clima apaixonado que se instalou pelo ar. Quando percebi que já havia se passado tempo demais, limpei a garganta e desviou o olhar constrangida.
- Então, o que fazemos agora?
- Esperamos. Quer dizer, não vão demorar tanto pra virem aqui, certo? Nós somos sinônimos de problema para eles.
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O cara do apartamento 27
FanfictionMarinette é uma estudante dedicada da faculdade, uma amiga leal e em suma uma boa pessoa. Contudo, ao conhecer seu novo vizinho - Adrien - que se mudou para ao lado de seu apartamento há pouco tempo. Ela experimenta o inferno na Terra. Tanto pela pe...