Fadinha dançante

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Hoje realmente, não é meu dia de sorte, mas sinceramente até que estou gostando disso. Minha parte racional me insisti em falar que tudo isso é uma péssima ideia! Mas a outra, a qual está levemente atordoada, está olhando para as luzes piscando e falando: Nossa que lindo, cara!
Como isso aconteceu? Simples: Eu fui conversar a respeito da brincadeirinha de Adrien com o próprio, esperando que sua alma caridosa se manifestasse e devolve-se minhas roupas normais. Entretanto tudo o que recebi foi:
– Mas por que? Está radiante assim! 
– Adrien!
– Você leu o bilhete, só depois da festa acabar! Eu até vestiria minha fantasia de Elsa para te acompanhar, mas ela ainda está rasgada depois do acidente. Mas… – Ele pegou uma tiara de orelhas de gato e colocou em sua cabeça. – Eu tenho isso, o que achou?
– Achei bonitinho. – Murmurei sem ânimo. 
– Não fique assim, é proibido ficar triste nas minhas festas! –  Ele disse e me deu mais daquela bebida azul que peguei sem reclamar.
– Ei, Alya e Nino não vem?
– Ah… – Adrien ficou desconfortável e sorriu amarelo. – Acredita que eles estão ocupados?!
– Sério? Eu posso ajudar eles se precisarem de algo. Por que não ligamos para eles?
– Não! – Adrien gritou e eu dei um pulinho de susto. 
O loiro sorriu nervoso e se desculpou. – É que eles não querem ajuda, eu já tentei…
– Ah… Ok, então. – Murmurei desconfiada, era impressão minha ou ele estava sendo sorrateiro?
Decidi ignorar e focar na bebida e na festa. É sempre complicado tentar entender o comportamento do Agreste.
Mais uma vez, olhei ao meu redor, sentindo um grande nervoso por estar presente numa festa e fantasiada de fada. Sendo assim, decidi beber mais, para tentar relaxar e descontrair. E assim, tomei um, dois, três copos… Até perder totalmente as contas.
E bem dessa maneira, descobri que não sou muito resistente com bebidas. Ainda mais as doces, elas são tão boas! Parecem uma bala!
Talvez eu tenha exagerado demais, afinal não costumo beber muito. Mas quem pode me culpar por não saber? Eu sorrio abertamente vendo as pessoas se acumularem perto de mim, elas estão tão animadas que eu tenho uma ideia grandiosa! Subir em cima da bancada da cozinha de Adrien, ele, com certeza, vai me apoiar nisso! Ele adora me ver feliz!
Dou um gritinho de empolgação e escalo a bancada com dificuldade, mas finalmente consegui parar em cima dela. As pessoas me olham apavoradas, incluindo Adrien, que arregalou os olhos assim que me viu. Eu sorri e talvez seja apenas a bebida falando, mas até que não é tão ruim assim ser o centro das atenções de vez em quando.
– Oi! – Digo para o cara que estava distribuindo as bebidas, ele acena estático e eu pego uma garrafa do que julgo ser um mix de coisas que não estou sóbria o bastante para identificar, entretanto, posso afirmar que o cheiro é extremamente forte. Viro a garrafa e o líquido desce queimando em minha garganta. Eu observo as pessoas envolta de mim e dou uma gargalhada contente.
– Que foi? A gente não tá aqui para se divertir?! Aumenta essa música!
Alguém que não conhecia obedeceu-me, a música ficou três vezes mais alta, e eu logo reconheci a música tão famosa da cantora Rihanna. 
– Please don't stop the music! – Ela era animada e de bom ritmo. E não me contive ao cantá-la, logo que a música começou. – Please don't stop the music! It's getting late. I'm making my way over to my favorite place. I gotta get my body moving, shake the stress away|! I wasn't looking for nobody when you looked my way.
– Possible candidate, yeah! – Todos gritaram e começaram a cantar comigo. Passei a dançar, mexendo os braços e a cintura, minhas asas de brinquedo moviam-se junto de meu corpo. Estava dançando como se nada mais importasse em toda Terra, e era tão bom se sentir assim. – My Little Pony! My Little Pony! – Gritaram por meu apelido, que certamente em outras condições teria me deixado irada. Mas não hoje. Não agora. A dança me trazia uma sensação de poder e de liberdade, a música acompanhava a agitação do meu coração, que acelerou quando encontrei aquele par de olhos verdes. Ele se aproximou até mim de queixo caído, Adrien estava me fitando de forma perplexa, eu só não sabia se isso era bom ou ruim.
– Você está rebolando e bebendo em cima da minha ilha. – Adrien murmurou.
– Estou mesmo, não quer se juntar a mim?
– De jeito nenhum! Na verdade, talvez seja melhor você descer daí…
– Mas é claro que não! Isso é muito divertido! – Gargalhei e comecei a saltitar na bancada, as bebidas começaram a tremer, e tragicamente, a Marinette desastrada que vive em mim decidiu dar as caras, fazendo-me tropeçar nos meus próprios pés. Dei um grito de susto e fechei os olhos, me preparando para a queda iminente. Que apesar do frio na barriga, não veio dolorosa como pensei. Abri os olhos e encontrei Adrien me segurando em seus braços robustos, olhei diretamente no fundo de seus olhos que cintilavam. – Não sabia que sua queda por mim era tão grande assim! – Adrien brincou, e senti borboletas no meu estômago e minhas bochechas atingiram o último tom do escarlate.  
– Só nos seus sonhos, Gatinho. – Toquei na pontinha de seu nariz e forcei uma risada doce. Talvez eu não esteja sendo tão sincera assim em relação ao que sinto sobre ele. – Vamos dançar! – Digo manhosa com a fala já arrastada pelo efeito da bebida. 
Puxo a destra de Adrien que nem sequer tem a chance de concordar ou discordar. Guio as mãos dele para minha cintura e deixo as minhas repousarem em seus ombros. O cheiro característico dele invade minhas narinas, sem dúvida menta era um dos meus novos cheiros favoritos!
Eu encaro os olhos dele, que encontram-se com os meus, a mistura de verde e azul nunca pareceu ser antes tão perfeita. E agradeço aos céus pela música tocar exatamente na parte perfeita: Baby, are you ready? 'Cause it's getting close. Don't you feel the passion ready to explode? “Querido, você está pronto? Porque está se aproximando. Você não sente a paixão prestes a explodir?”. E como se fossemos dominados pela letra da música, nossos rostos se aproximaram, ficamos a centímetros de distância um do outro, de forma que sentia a respiração lenta e pesada dele, assim como seu coração tão acelerado como o meu. Fico nas pontas dos pé, e me aproximo ainda mais. E dessa vez, não tenho a menor intenção de me afastar. 
E por fim, terminamos com a distância que nos envolvia, no início foi apenas um selinho, um leve roçar de lábios demorado, e após, não resistimos mais, começamos um beijo de verdade. Nossas línguas dançavam e lutavam por espaço, era um beijo calmo e apaixonante. A sensação que nos envolve é mágica e eu sinto que flutuo, quem diria que a fantasia que visto foi certeira! Sorrio entre o beijo com esse fato.
Contudo, tudo o que é bom dura pouco, Adrien afastou-se de mim subitamente e me encarou seriamente. – Mari… – Adrien sussurrou e fez um delicado carinho em minha bochecha. Um frio percorreu toda minha espinha, por que ele encara-me dessa forma?
– Sinto muito, mas eu não posso… 
– Por que? Eu beijo mal? Ainda tô fedendo a vômito? – Murmuro abalado e sinto meus olhos lacrimejarem.
– Não, não é por nada disso. – Ele segura meus pulsos que moviam-se frenéticos e suspira fundo. –  Você nem sequer sabe o que está fazendo, Mari! Amanhã vai acordar arrependida. E eu não posso fazer isso com você, não assim… Além de que, eu realmente não te mereço.
– Mas eu… – Sussurrei abalada, e lágrimas desceram de meus olhos. Era tão errado assim eu o beijar? Por que ele tinha que ser tão complicado?!   Me sentia como uma criança magoada e prestes a fazer birra. Apenas não sei se é efeito da bebida, ou quem sabe, por eu realmente estar acabada com a decisão tomada pelo loiro…
E embora quisesse me afastar e gritar. Eu não consegui, o loiro me abraçou e beijou o topo dos meus cabelos, toda alegria e entusiasmo de minutos atrás sumiram de dentro de mim. E mesmo perto de Adrien, eu afogava-me na solidão sem conseguir respirar.
– Tudo bem… – Ele sussurrou carinhoso. – Vai ficar tudo bem. Você nem vai se lembrar disso amanhã… 

O cara do apartamento 27Onde histórias criam vida. Descubra agora