O cheiro de suor invadiu o elevador quando as portas se abriram e Thomas torceu o nariz. Abriu a boca para reclamar, mas ao perceber que não estavam sós ali preferiu ficar quieto.
— Eu sei que estão nervosos, garotos. Mas quero que se lembrem que estou orgulhosos de cada um de vocês por terem conquistado sua vaga nesta final! — Um homem branco, com uma barba e bigode preto, vestido com calça e casaco esporte laranja e um boné da mesma cor falava com um grupo de garotos de pé à sua frente.
Eles estavam dentro de um vestiário masculino. Pelo jeito, o vestiário de uma equipe juvenil de basquete a julgar pelas bolas jogadas no chão e pelo uniforme que os garotos usavam. Como todos, menos o treinador, estavam de costas eles conseguiram dar uma boa olhada no logo das regatas do time. Aqueles eram as águias douradas de Cleston.
Thomas engoliu em seco. Reconhecia cada um dos integrantes daquela equipe e sabia que, apesar de não serem do time principal da escola, eles eram muito melhores. Aqueles garotos costumavam ser a sua equipe, mas isso foi antes do treinador o convidar para se unir ao time principal. Foi antes de sua vida ter entrado na espiral de erros que o envergonhavam.
— Treinador Jones? — Ele chamou, mas nem o homem e nem os garotos lhe deram atenção.
— Acha que eles sabem que estamos aqui? — Mikaela parecia receosa de sair de dentro do elevador e olhava com curiosidade para a cena toda.
Thomas não conseguiu responder porque seus olhos grudaram nas costas do garoto que vestia a regata de número oito. Era um loiro alto, o maior do time e que parecia um tanto distraído. Ao invés de prestar atenção ao discurso do treinador ele não parava de olhar na direção de um dos armários do vestiário. Thomas olhava para si mesmo, para a sua versão de alguns meses atrás. Ele sabia porque sua versão do passado não prestava atenção ao treinador e porque queria tanto ignorar o discurso e ir até o seu armário. Se lembrava muito bem daquela noite e isso o encheu de pavor.
Tinha que ser esta noite? Meu desafio tinha mesmo que ser esta noite?
Mikaela segurou sua mão e isso o afastou de seu momento de desespero.
— Você está bem? — Ela perguntou e lhe ofereceu um sorriso.
O treinador Jones encerrou o momento das palavras bonitas e, batendo palmas, gritou.
— Vão lá acabar com eles, águias!
Todos os garotos levantaram e começaram a gritar como se fossem um bando de guerreiros rumo à guerra e, um depois do outro, deixaram o vestiário para trás. Todos, menos um.
Por favor, isso não.
Mikaela finalmente saiu do elevador e se aproximou para observar o retardatário. O garoto, ao invés de seguir o seu time, caminhou até seu armário e tirou dali um celular com o qual começou a ligar para alguém.
— É você... — Ela disse quando finalmente conseguiu ver o rosto dele. Seu tom de voz não soou como uma pergunta e sim como uma declaração do óbvio. Parecendo um pouco desconcertada com o que assistia a jogadora de basebol ficou olhando de um Thomas para o outro.
Sem nem olhar de volta para a amiga, Thomas apertou os botões do painel do elevador. Para cima ou para baixo, não se importava com o destino. Se pudesse ir para qualquer lugar que não aquele para ele isso já bastava. Então uma força invisível o empurrou e ele caiu de joelhos no chão. Acabou soltando seu escudo durante a queda e quando tentou recuperá-lo, a arma desapareceu bem diante de seus olhos.
— Vai embora na melhor parte? — Sua versão mais nova o encarou, deu alguns passos na sua direção e lhe ofereceu o celular. — Ele vai atender logo, não quer dizer algo ao nosso pai?
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A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eterno
ParanormalQuando tudo parece perdido e o desespero toma conta... A magia da esperança se torna a sua arma mais poderosa! ############################## No Polo sul, três criaturas mitológicas antigas tomam uma decisão vital para o mundo: Os humanos devem ser...