A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eterno

Capítulo 12 - Ponto sem retorno (Mikaela)

Mikaela acordou sobressaltada e quase pulou para fora da cama. Ela não se lembrava de ter pego no sono, tinha deitado na cama apenas para recuperar um pouco de suas forças, mas não pretendia dormir. Devia estar mais cansada do que imaginara à princípio.

— Calma, estamos seguros. — Thomas disse com seu tom calmo e confiante.

O garoto estava sentado na cama ao lado dela, com cara de quem também acabou de acordar. Em outra cama do quarto Daniel ainda roncava. O roqueiro soava pior do que uma equipe de pedreiros em ação às três da manhã de um sábado.

Deixando Daniel de lado, Mikaela voltou sua atenção para Thomas. Ela o encarou por alguns segundos enquanto tentava se recompor. Como ele consegue ficar tão à vontade, considerando tudo o que passamos?

— Por quanto tempo eu dormi?

— Não faço ideia, também peguei no sono e acordei pouco antes de você, mas ainda está escuro lá fora. — Ele apontou para uma das janelas do quarto. Então, parecendo pensar no assunto, adicionou. — Mas se realmente estamos no polo norte acho que isso não quer dizer nada. Uma vez li que as noites ficam mais longas por aqui durante o inverno.

Mikaela não disse nada, se limitando a concordar com um aceno leve da cabeça. Thomas ficou de pé e caminhou até uma das janelas. Sentou no peitoril e gesticulou com a mão para que ela se unisse a ele.

— Você precisa ver isso aqui.

— Ver o que? — Ela perguntou, sentando no outro extremo do peitoril. Quando olhou para fora, ficou sem palavras.

O céu noturno estava repleto de estrelas. Ela nem ao menos conseguia contá-las, devia ter milhares delas lá fora. Uma em particular chamou sua atenção porque brilhava mais do que todas suas irmãs.

— Acho que aquela ali é a estrela polar. — Thomas disse, apontando para a mesma estrela que ela olhava.

— É a coisa mais linda que vi na vida. — Ela conseguiu dizer.

Então, sem aviso, todas as estrelas desapareceram do céu.

— O que... ? — Mikaela começou a perguntar.

— Já aconteceu antes. — Thomas disse. — Lembra que quando olhamos para fora ao chegar aqui estava tudo escuro? Quando acordei e vi as estrelas, levei um susto. Depois levei outro maior quando elas sumiram, mas voltaram depois de um tempo. É muito, muito esquisito.

— Mais esquisito do que tudo o que nos aconteceu até agora? — Ela riu.

O loiro riu também.

— É, acho que as estrelas ninjas devem estar no quinto lugar do top 10 coisas bizarras que vi desde que encontramos Noel na floresta.

— Estrelas ninjas? Esse foi o melhor nome que você conseguiu dar a esse fenômeno?

— Espera o Daniel acordar, ele vai pensar em algo mais legal.

Quando percebeu que sorria, Mikaela mordeu o lábio. Precisou se lembrar dos motivos pelos quais não gostava do jogador de basquete. Mas a pessoa sentada na janela com ela não parecia nem um pouco com o tipo de imbecil que explode uma bomba de bosta na porta da casa de uma pessoa.

— Qual é a sua? — Perguntou antes de conseguir se controlar.

Ele deixou de olhar para as estrelas para lhe dar atenção.

— Acho que não entendi.

Ótimo, já abri a boca, agora acho melhor ir até o final.

— Você me ajudou a salvar minha mãe, se arriscou por mim e pelo Daniel, fica aí com essa sua calma esquisita como se o mundo não tivesse surtado...