O cheiro do corredor foi o que fez Mikaela acordar. Um cheiro de produto de limpeza misturado a álcool e éter ao qual ela já estava acostumada. Desde que o câncer no pulmão de seu pai atingiu proporções alarmantes ela e sua mãe passavam mais tempo em um hospital do que na própria casa.
— Onde estamos? — Thomas perguntou. O garoto ficou se pé ao seu lado e a ajudou a se levantar.
— Não sei, algum tipo de hospital? Onde está o Daniel? — Olhando ao seu redor só o que Mikaela conseguiu foi constatar que ela e Thomas pareciam ser as únicas pessoas no longo corredor cheio de portas.
Aqui e ali leitos podiam ser vistos sem nenhum paciente neles. Tudo parecia muito limpo e o ambiente era bem iluminado por uma série de lâmpadas de tubulares.
— Espero que ele não esteja com problemas. O que será que precisamos fazer agora? Entrar em algum desses quartos?
Thomas se aproximou de uma porta aleatória e leu o que estava escrito na placa. Foi só nesse momento que a ficha de Mikaela caiu. Aquele não era um hospital qualquer era o lugar onde seu pai estava internado. O hospital memorial Sloan Kettering um dos lugares mais conceituados do país para o tratamento de câncer.
— Mika, acho que o nome escrito nesta placa é o do seu...
Ela simplesmente não conseguiu mais processar o que Thomas lhe dizia e antes de se dar conta estava correndo para bem longe dele. Mikaela correu e correu, mas de alguma forma esquisita o corredor não chegava ao fim e nem mostrava qualquer curva, elevador, porta de escadas de emergência, nada!
Nada além de quartos de pacientes onde em todas as placas ela conseguia ler a mesma informação : Jacob Dawson.
Que piada de mal gosto é esta?
Passos apressados atrás dela lhe diziam que Thomas estava por perto. De vez em quando ele gritava seu nome, mas ela o ignorou e continuou a procurar por um modo de sair daquele corredor maldito. Precisava ir para longe.
Então, se materializando a partir do nada, a silhueta de um homem surgiu na frente dela. Era uma figura feita completamente de sombras que tinha os contornos de uma forma masculina, seus olhos eram completamente vermelhos e sua boca sorriu de uma maneira tão estranha e ameaçadora que a fez parar de correr imediatamente.
Duas coisas aconteceram na sequência. Primeiro, a figura de sombras materializou uma pequena bola em sua mão direita, do tamanho de uma bola de basebol e a arremessou contra ela. Segundo, Mikaela se deu conta de que estava sem o seu taco e que não conseguia se mover.
— Cuidado! — Thomas a puxou pelo ombro e se colocou à frente com seu escudo dourado pronto para protegê-los.
O som que a bola emitiu ao acertar o metal dourado fez Mikaela imaginar que aquele devia ser o mesmo som que uma bola de demolição faria ao acertar uma parede. O impacto arremessou Thomas para cima dela e os dois foram empurrados pelo corredor até um cair por cima do outro.
— Você está bem? — O loiro perguntou com uma expressão de dor no rosto.
Mikaela percebeu que estava deitada em cima dele e ficou de pé, ajudando-o a se levantar também. Juntos, olharam na direção do homem de sombras que ria feito um alucinado, arremessando uma nova bola para o alto e recuperando-a com a habilidade de um jogador profissional de basebol.
— O que é que eu sempre te digo, Mika? Olho na bola!
Pai???
Desta vez seus músculos obedeceram e Mikaela abaixou, puxando Thomas bem a tempo de evitar que a bola acertasse a cabeça de um deles. Algo no corredor explodiu e ela não teve tempo de olhar para trás porque o arremessador já se preparava para um novo ataque.
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A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eterno
ParanormalNo Polo sul, três criaturas mitológicas antigas tomam uma decisão vital para o mundo: Os humanos devem ser extintos! Assim começa a aventura! Agora, três adolescentes com poderes mágicos recém descobertos são nossa última linha de defesa contra um...