Capítulo 34 - A magia do fogo (Daniel)

55 16 10
                                    

Daniel gostava de dragões, eram suas criaturas fantásticas favoritas. Ele só nunca imaginou que um dia seria o idiota que decide lutar contra um. Aquilo não costumava terminar bem nos filmes e ele definitivamente não se via como um matador de dragões.

Lauriel fixou seus olhos cor de sangue neles e rugiu. O som fez a caverna toda tremer, ele levou as mãos aos ouvidos e fechou bem a boca para tentar evitar que a reverberação destruísse seus dentes.

Ok, agora é oficial, estamos mortos!

— Fiquem atrás de mim! — Noel ergueu os braços e invocou uma redoma dourada semitransparente ao redor deles.

Daniel nem precisou de um segundo convite e se agachou atrás do guerreiro. Thomas se agachou perto dele, arrastou Mikaela consigo e colocou seu escudo à frente deles, como se estivesse tentando garantir uma proteção extra no caso da magia de Noel não ser o suficiente.

É sempre bom ter um plano B no caso do resto do abecedário falhar.

— Vocês destruíram minha união com o coração de Gaia. — O dragão gritou e deu alguns passos na direção deles. — Mas se eu não posso tê-lo, vou congelá-lo junto de seus corpos!

Lauriel abriu a enorme boca cheia de dentes afiados e disparou um raio de gelo. Ylerio bateu com seu bastão no chão e fez uma parede dourada se manifestar bem a tempo de interceptar o ataque, mas a barreira mágica foi estilhaçada e o duende acabou congelado instantaneamente. A feiticeira pareceu muito satisfeita de ver Ylerio se tornar um enfeite de gelo e abaixou a enorme cabeça draconiana para estudar melhor a sua obra de arte. Noelle aproveitou o momento de distração do monstro e se aproximou, ela deixou um grito de batalha escapar de sua boca e com um único pulo alcançou o longo pescoço escamoso da oponente.

— Mande meus cumprimentos a Hel! — A valquíria cravou seu machado em Lauriel.

Daniel torceu para que a cabeça dela rola-se pelo chão, mas ao invés disso ele e a valquíria aposentada viram, com espanto, a lâmina do machado partir ao meio. O golpe nem ao menos pareceu causar cócegas em Lauriel. Ela acertou Noelle com suas garras antes dela conseguir tocar o chão e a força do ataque a arremessou para algum lugar bem ao fundo da caverna.

— Vocês precisam sair daqui o quanto antes! — Noel ordenou.

E é claro que eles fizeram justamente o contrário. Daniel não ia correr quando Ylerio e Noelle haviam sacrificado tudo por eles até aquele momento. E ele nem precisou falar com seus amigos para saber que não estava sozinho.

Mikaela gritou e correu ao socorro de Noelle, ao passo que Noel usava sua magia para descongelar Ylerio. Thomas arremessou seu escudo e conseguiu acertar um dos olhos do dragão, finalmente arrancando da fera um grito de dor. Daniel sentiu a fúria o consumir e voou até ficar acima de Lauriel e fez fogo chover sobre ela.

Então a feiticeira bateu suas asas e um tornado ganhou forma ao seu redor, espalhando as chamas e jogando ele e Thomas para longe. Daniel viu um novo raio de gelo ganhar forma na enorme boca monstruosa e tentou invocar o máximo de seu poder.

Não vou virar picolé tão fácil!

— ESTRELA DO NORTE! — Sem que ninguém o notasse, o velho Noel se aproximou e, com os dois punhos carregados de magia, acertou a cabeça do dragão com seu raio dourado.

Toda a caverna voltou a tremer quando Lauriel caiu. Daniel viu pedaços do teto ruir e se perguntou quanto mais a estrutura daquele lugar poderia aguentar antes de desabar sobre suas cabeças.

Mikaela retornou para perto deles carregando Noelle. A valquíria mal conseguia ficar de pé sem ajuda, mas quando Daniel viu a fúria em seus olhos soube que ela não pretendia desistir da luta. Ylerio, livre de sua prisão de gelo, também se arrastou até eles tremendo como um personagem de desenho animado. Seu bengala não estava mais em suas mãos, mas aquilo não roubou a determinação e coragem do duende do natal.

A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eternoOnde histórias criam vida. Descubra agora