Capítulo 11 - Polo Norte (Daniel)

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A primeira coisa que Daniel pensou ao despertar foi "fiquei rico!". Ele estava deitado em uma cama muito confortável em um quarto feito de ouro. Ou pelo menos essa era sua impressão já que o chão, teto e paredes do lugar pareciam ser feitas de ouro maciço. Ele conseguia até mesmo ver seu reflexo nelas. E eu estou com uma cara horrível.

Seus cabelos estavam bagunçados, mais do que o normal, sua bochecha direita tinha um inchaço feio e dolorido. Ele se levantou e caminhou até a parede mais próxima à fim de examinar seu rosto. Não lembrava de ter levado um soco na cara, como aquilo havia acontecido?

— Isso aí foi culpa da Mika. — Thomas disse, ficando de pé ao seu lado. — Quando passamos pelo portal mágico do duende ela acertou sua cara com o pé dela.

— Não tive a intenção! — A garota resmungou, ela estava sentada em outra cama no quarto.

Só então Daniel percebeu que o lugar tinha pelo menos vinte camas, organizadas dez de cada lado, deixando um corredor no meio do quarto. Era como um alojamento de férias de verão ou algo do tipo.

— Não teve a intenção? — Ele perguntou, olhando para Mikaela com sua melhor face de cachorro ferido. — Bom, minha bochecha não tem a intenção de te perdoar tão cedo.

— Deixa de drama, você vai superar. — Ela rebateu e sorriu.

Deixando o assunto de lado, o roqueiro olhou à sua volta e perguntou.

— Afinal de contas, onde estamos? Como chegamos aqui?

Thomas sentou em uma cama ao lado da de Mikaela.

— Não nos contaram muita coisa desde que chegamos, os duendes nos trouxeram até aqui e disseram para esperarmos por Noelle.

— Dei uma olhada pela janela, mas está muito escuro e frio do lado de fora. Se eu tivesse que chutar, diria que estamos no polo norte. — Mikaela disse.

Daniel quase abriu a boca para perguntar de onde a garota tinha tirado aquela ideia, mas pensou melhor. Papai Noel, um duende esquisito na van, as renas voadoras, somando tudo isso ele conseguiu acompanhar o raciocínio dela. Se papai Noel realmente morava no polo norte, fazia sentido que o duende os tivesse levado até lá.

Daniel lembrou da loira super poderosa que os salvara do lobo mau. Como ela o havia chamado naquela hora? Lobo caçador. Que nome esquisito, todo lobo é um caçador. Acho que lobo mau é uma alcunha muito melhor.

— Você disse duendes? Tipo, no plural? — Perguntou ao jogador de basquete.

— Pois é, tem vários deles por aqui. — Ele explicou.

— Contei pelo menos vinte. — Mikaela disse, seu taco de basebol repousava no colo e ela parecia pronta para usá-lo ao menor sinal de perigo. — E este lugar aqui deve ser enorme. Desde que saímos do salão onde o portal se abriu vi dezenas de corredores que parecem levar a outras salas. Também vi dez portas nesta ala, se todos forem quartos como este...

Daniel assobiou e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta. Conseguia ter uma vaga ideia do tamanho daquele lugar pela descrição dada pela jogadora de basebol. Duas batidas na porta do quarto chamou a atenção deles.

— Posso entrar? — Uma voz de mulher perguntou.

Era Noelle, Daniel percebeu e então olhou para seus amigos. Não sabia o que fazer, se dissesse à loira que não podia entrar, o que iria acontecer? Quem em sã consciência diz a uma mulher que deu um soco na cara de um lobo gigante que ela não podia fazer qualquer coisa que tivesse vontade?

— Pode, por favor! — Thomas respondeu e ficou de pé. Ele tomou a dianteira e se posicionou entre eles e a porta.

Daniel não deixou de notar que o loiro tinha a mania de se comportar como se fosse sua obrigação defende-los. Será por isso que o bracelete dele virou um escudo?

A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eternoOnde histórias criam vida. Descubra agora