Capítulo 23 - Resgates e grandes surpresas desagradáveis (Thomas)

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Thomas engolia a segunda panqueca e Daniel a terceira quando Mikaela e Noelle os buscaram no refeitório do palácio do norte. Os olhos da jogadora de basebol pareciam injetados de preocupação.

— Aconteceu alguma coisa? — Ele levantou o mais rápido que conseguiu e se aproximou dela.

— Ylerio precisa da gente. — Mikaela disse sem demora.

Ao lado dela a guerreira assentiu e explicou.

— Eles foram avistados pelos monstros de neve da feiticeira, usaram o expresso meia para fugir, mas o portal aberto foi destruído antes de Ylerio conseguir usá-lo. Agora ele está no polo sul, sozinho contra uma centena de inimigos.

Ele se lembrou do expresso meia, era esse o nome que o duende havia dado à magia de teleporte que invocou dentro da van quando os salvou em Clarence.

— Então Ylerio está no polo sul, é isso? Como é que nós vamos chegar até ele em tão pouco tempo? Digo, estamos do outro lado do mundo! Literalmente! — Daniel quis saber.

— Tem que ter um jeito! — Mikaela disse determinada.

Thomas ficou admirado com a atitude dos dois. Para ele não existia uma alternativa onde deixaria Ylerio abandonado à sua sorte e era bom saber que Daniel e Mikaela também se sentiam da mesma forma.

Eles despejavam suas perguntas enquanto seguiam Noelle pelos corredores do palácio da estrela do norte. A valquíria os levou até uma enorme sala oval de teto aberto para o céu escuro do polo norte. O lugar revelou ser um tipo de estufa de plantas onde cresciam as mais variadas tipos de flores. Thomas nem teve tempo de registrar cada uma das espécies que via porque bem no meio do salão uma ponte feita de cristal roubou a cena.

Era uma ponte pequena, mas bonita. Como aquelas que se constroem em praças e onde crianças brincam de dar comida aos peixes nos lagos artificiais. Ele quase conseguia imaginar aquela ponte na praça de Cleston, não fosse o pequeno detalhe de que ela era feito de cristal e de que tinha algo muito estranho dentro dela.

Dava para ver um tipo estranho de energia contida dentro da ponte na forma de raios multicoloridos. Para Thomas aquilo passava a impressão de que olhava para um arco-íris na forma de ponte. Por mais estranho que soasse, essa era a única descrição na qual ele conseguiu pensar de imediato. Sem perceber ele tocou a ponte com a palma de sua mão e pulou de susto ao sentir a energia que emanava dela. A sensação lembrava demais a circulação de sangue no pulso de uma pessoa.

É como se essa ela estivesse viva!

— O que é essa coisa? — Perguntou.

Noelle sorriu e tocou a ponte com sua mão direita.

— Esta aqui é uma das últimas conexões de seu mundo com o meu. Uma representação física da Bifrost, a ponte arco-íris.

Daniel olhou para a valquíria com cara de quem saiu de uma aula de física sem entender nada da matéria.

— Eu não me inscrevi no curso de paradas mágicas e bizarras, será que rola uma explicação básica?

A valquíria respirou fundo e Thomas temeu que ela fosse chutar Daniel para longe. Felizmente, se a ideia passou por sua cabeça, ela reconsiderou.

— No passado o seu mundo e vários outros estiveram conectados por Bifrost, a ponte dos mundos. — Noelle explicou com calma. — Os humanos acreditavam que apenas o mundo dos deuses era interligado ao deles por ela, mas haviam inúmeras conexões que levavam para inúmeros mundos. O poder necessário para criar e ativar uma das extensões da ponte dos mundos sempre esteve além da compreensão humana, mas em Asgard nós aprendemos a usar Bifrost como um modo de viajar para onde nossa presença era requisitada. Esta ponte foi forjada na era dos deuses, a mais tempo do que sua espécie é capaz de lembrar e eu a trouxe comigo quando deixei Asgard para trás e fixei residência em Midgard.

A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eternoOnde histórias criam vida. Descubra agora