Capítulo 36 - Adeus, Bifrost! (Mikaela)

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A caverna toda começou a tremer pouco tempo depois de Daniel ter surtado para cima de Noel, mas Mikaela não se importou. Ela ainda não conseguia acreditar que Thomas havia sido tomado deles daquela forma.

Olho na bola...

Pela primeira vez na sua vida as palavras de seu pai não lhe trouxeram conforto algum. Onde estava sua super velocidade quando ele precisou de sua ajuda? Como ela podia ter falhado daquela forma?

— Liherienothan! — Noel disse a palavra mágica que acionava sua ligação mágica com as renas e chamou a atenção de todos.

Um clarão dourado se manifestou à frente deles e as renas surgiram de dentro dele, prontas para atender seu mestre. Nesse momento uma ideia ganhou forma em sua mente.

— As renas! — Ela encarou o velho, ansiosa por uma resposta. — Thomas não pode usar a ligação com elas para sair de onde seja que foi parar e voltar para cá?

O guerreiro deixou os ombros caírem.

— A magia delas é poderosa porque nasceu dos regentes do mundo das fadas, mas até o poder de Titânia e Oberon encontra limites. Os espíritos das estações estão aprisionados em seu lar por barreiras criadas por deuses. Por mais que isso não anule a ligação de Thomas com as renas, elas jamais seriam capazes de passar por um obstáculo desses, entende o que digo?

Ela não entendia.

Não queria entender.

Não podia aceitar aquilo.

Pedaços do teto começaram a cair ao redor deles e Ylerio pulou assustado para um lado, evitando ser esmagado por muito pouco.

— Precisamos patinar daqui o quanto depois!

Mikaela não queria sair da caverna, não sem Thomas. Mas aceitou ir com os demais quando Noelle lhe garantiu que ela iria ajudá-los a resgatá-lo. Algo no tom de voz da guerreira e em seu semblante a fez acreditar piamente na mulher.

A palavra de uma valquíria dever ser algum tipo de lei fundamental do universo.

Além do mais, se fosse esmagada por uma pedra isso não iria ajudar Thomas. Com todos à bordo do trenó, Noel puxou as rédeas de suas renas e gritou.

— Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago, nos tirem daqui garotas!

Em um piscar de olhos tudo ao redor de Mikaela se transformou em um borrão. Vagamente seus olhos captaram o lado de fora do castelo de Lauriel, que estava caindo aos pedaços. Nenhum gigante restava de pé e o exército de duendes comemorou ao ver o trenó cruzar o céu em direção ao polo norte.

— Cadê o Rudolph??? — Daniel berrou enquanto seguiam viagem a uma velocidade assustadora.

Noel riu alto.

— Isso é apenas uma lenda, garoto. Trenós são puxados por oito renas e não por nove!

— Ah, claro! Por que eu teria acreditado em algo tão absurdo quanto uma rena de nariz vermelho? Ouvindo essa explicação do papai Noel em pessoa as coisas ficaram muito mais claras!

Em outra situação Mikaela teria rido do absurdo daquela discussão, mas seu senso de humor havia sido sequestrado junto do jogador de basquete. Alguém pousou a mão em seu ombro e ela nem precisou olhar para trás para saber que aquela era a mão da valquíria.

Eu vou te trazer de volta, Thomas. Pode acreditar que vou!

Logo, o palácio da estrela do norte surgiu diante de seus olhos e quando pousaram Noelle pulou para fora e seguiu na direção da porta principal a passos largos.

A lista das crianças más e a feiticeira do inverno eternoOnde histórias criam vida. Descubra agora