capítulo 7

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Sabrina

O tempo passa, e minha vontade de sair dessa casa só aumenta, já tinha tirado meu irmão daqui.

Consegui fazer com que o pai dele o levasse pra morar com ele, cada dia que passava Liliane maltratava ele mais e mais, não entendia o porque de tudo aquilo.

Era cada coisa que ele passava que eu ficava com uma vontade imensa de matar ela, porra!

Ela literalmente parecia uma criança, não deixava ele fazer nada, porque dizia ela que tinha ciúmes das coisas dela.

As vezes era coisas simples, tipo assistir uma televisão, e ela não deixava ele nem tocar no controle pra mudar de canal.

Aí consegui falar com o pai dele e ele nem hesitou em levar ele embora daqui, não fui junto, porque não dava né? Venhamos e conhevanhamos que não rola!

Liliane: Ué? Tá em casa? Não vai ver seu macho?- falou no puro deboche.

Sabrina: Vai encher o saco de outro!

Liliane: Nossa! Que grosseria, eu só te fiz uma simples pergunta!

Sabrina: E eu não quero responder, eu hein!- falei e sai da cozinha.

Estava evitando o mínimo contato com ela, ela me enche o saco mané! Não aguento mais.

Entrei no meu quarto e deitei na cama, fiquei mexendo no meu celular por um tempo, até ela vir me perturbar

Liliane: Vamo sair pro samba, se troca!

Sabrina: Não tem como, amanhã tenho coisas da faculdade pra fazer.

Liliane: Hoje é véspera de feriado, amanhã é sexta e feriado, você vai sair, se arruma.

Sabrina: Liliane, eu disse não!

Liliane: Daqui uma hora o meu marido vai passar aqui, então se adianta!

Sabrina: Eu te odeio!

Liliane: Faço isso pro seu bem lindinha.

Falou e saiu do quarto.

Levantei e fui começar a me arrumar, não ia ficar ouvindo ela falar merda no meu ouvido ou até mesmo me fazer sair desarrumada.

.....

Liliane: Olha quem tá aqui - falou se referindo ao Negrito.

Ele tava gato como sempre, todo postura do, cara fechada, fuzil atravessado nas costas, camisa do Flamengo com o vulgo dele atrás, o tal do número dois não pode faltar também né?

Bermuda jeans, tênis Nike branco, cheio de cordão de ouro, dedeiras, bonezin jogado pra traz.

Enfim, a cara do pecado.

Sabrina: Quem?

Me fingi de sonsa, quem precisa saber que eu reparei até no que tinha no bolso dele gente?

Liliane: O negrito, nossa e olha que o macho é seu hein, imagina se não fosse.

Sabrina: Nunca foi e nem vai ser, não viaja

Careca: Qual foi? Vai ficar de papo? Bora logo pô!

Liliane: É Sabrina, fica enrolando!

Falou e eu revirei os olhos, andei com eles até a mesa dos envolvidos e o povo tudo ficou olhando pra minha cara.

Não falei com ninguém, tudo com cara de cu, eu que não ia pagar de simpatia, me virei e fiquei vendo a roda de samba, só tocava as antigas.

Liliane: Vai ficar aí mofando sozinha? Bebê isso aqui.

Perguntou e eu olhei pra ela.

Sabrina: Não quero beber hoje.

Liliane: Não te perguntei, bebe!

Sabrina: Não, eu não quero!

Liliane: Bebe logo, larga de ser insuportável uma vez na vida.

Sabrina: Eu vou no banheiro.

Falei e sai andando, fui no banheiro e como todo lugar lotado, a fila estava enorme, sai de lá e fui pra um beco.

Sentei na ponta e fiquei mexendo no meu celular quanto escutava a música que o grupo de samba tocava.

As horas foram passando e eu não estava me importando de ficar ali, pelo menos não passava ninguém e dava pra escutar o samba de boa.

Negrito: Não tá em casa?

Sabrina: Tô sem a chave.

Negrito: Entra aí, vamo da um rolê comigo.

Sabrina: Hoje eu tenho que dormir cedo.

Negrito: Amanhã é feriado pô, da pra tu curtir um pouco pelo menos essa noite né?

Sabrina: Acho melhor não, quem sabe outro dia.

Negrito: Cê quem sabe, tua irmã vai acabar com seu final de semana antes mesmo dele começar.

Falou e entrou no carro dele, fiquei pensando por um tempo e oque eu tenho a perder? Nada.

Me levantei, dei a volta no carro e entrei, ele estava mexendo no celular.

Negrito: Nunca sabe oque quer?

Sabrina: Eu sempre sei oque eu quero.

Negrito: As vezes não parece.

Sabrina: Eu tô com fome, sabia?

Negrito: Abusada!

Sabrina: Por causa de que?- falei rindo

Negrito: Nada não pô, vamo come mané - ele ligou o carro e foi dirigindo pela favela..

Pouco tempos depois chegamos em uma hamburgueria artesanal, descemos do carro e entramos juntos.

Estava pouco movimentado, mas o pouco de gente que estava ali não tirou os olhos da gente um segundo.

 

Sabrina (M) Onde histórias criam vida. Descubra agora