Feitiço de revelação. Bem, isso não explicava nada. Meu primeiro instinto foi sair do círculo e correr. Ou simplesmente dizer não e cruzar os braços. E eu estava prestes a...
— Certo, sente-se de frente para mim.
Não sei como, mas obedeci. Nos sentamos de pernas cruzadas, nossos joelhos quase encostando uns nos outros. River esticou as mãos, e peguei-as com hesitação. O que revelaríamos? Um tesouro enterrado? Um assassino? O local onde Solis tinha enfiado a pulseira de cobre que ele não conseguia achar? Qualquer coisa, desde que não tivesse nada a ver comigo ou com meu passado. Eu já estava com medo da inevitável náusea, independentemente do que River tinha dito.
— Não vai haver náusea — garantiu-me River. Levei um susto e fiquei olhando para ela.
— Você lê mentes? Ela riu.
— Não. Mas consigo ler as expressões das pessoas muito bem. Para esse feitiço, vou impor limitações ao seu poder, canalizando-o e controlando o que ele faz. Suspeito que normalmente ele foge ao controle e seu sistema não consegue lidar com isso. Todas as forças lutando juntas deixam você enjoada. Essa é minha teoria, pelo menos.
— Hã.
— Agora nós duas olhamos para a vela acesa — instruiu ela, indicando a pequena vela que queimava entre nós.
— O que preciso fazer?
— Só siga minhas instruções — disse River com uma voz calma e determinada.
— O que vamos revelar?
— Você.
O tom dela estava sonhador agora, distante. Os olhos castanhos e límpidos ficaram pesados enquanto ela observava a chama tremer e dançar. Ela a tinha prendido a um pequeno espelho com a própria cera; agora, cera branca escorria pela lateral e fluía para o vidro prateado.
— Não.
— Vai dar tudo certo, Nastasya — disse River calmamente. — Você só precisa... confiar em mim.
Oh, Deus, vou morrer, pensei com tristeza. Não consigo fazer isso.
— Você consegue fazer isso.
Uma força silenciosa se irradiava dela como calor. Engolindo em seco, apesar do medo, tentei me concentrar na chama, tentei acalmar minha respiração e libertar todos os pensamentos, como estava aprendendo nas aulas. Eu podia sentir meu coração batendo com força e rápido.
Percebi a voz de River cantando com suavidade. Ela cantava palavras de verdade, nenhuma das quais eu reconhecia, e me resignei a cantar junto em idioma de baleia-jubarte quando pareceu certo. Ela soltou minhas mãos e os dedos delgados traçaram símbolos no ar. Reconheci todos: runas — eu conhecia as runas muito bem. As pessoas aqui usavam Elder Futhark, e vi Eolh, para proteção, e Beorc, para novos começos. Aquele me fez sorrir — parecia brega. Eoh me confundiu por um segundo. Cavalo? Depois me lembrei que o significado tinha relação com algum tipo de mudança. As mãos de River se moviam com tanta rapidez que não peguei parte do que ela fez, mas então ela traçou a runa Peorth na minha testa. Peorth para coisas escondidas serem reveladas.
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Amada Imortal
Teen FictionQuando se vive por mais de quatrocentos anos , não é fácil se emocionar. Tudo é embotado, visto através de uma lente suja pelo tempo. Pelos erros. Pelas perdas... Nastasya passou as últimas décadas vivendo no limite. A próxima festa, o próximo gole...