Capítulo 26

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Uma tempestade irrompeu dentro de mim. Se não fosse tão ignorante em matéria de magick, eu o teria esfolado vivo com uma palavra, arrancaria sua pele para deixá-lo tão nu e exposto quanto minhas emoções. Considerando minha realidade, eu tinha que contar com pegá-lo de surpresa, me lançando contra ele. Meu corpo bateu no dele, com força, e nós dois caímos pela beirada do palheiro, por 3 metros e meio, aterrissando pesadamente em cima dos fardos de feno espalhados no chão.

Eu estava batendo nele, gritando e xingando em islandês antigo, tentando arranhá-lo, socá-lo, bater na cabeça dele. Depois de alguns momentos tentando recuperar o fôlego, Reyn facilmente prendeu meus punhos com as mãos como se fossem aros de ferro, depois ele nos virou, seu peso me prendendo ao chão.

Ele começou a murmurar coisas em islandês, e as palavras que chegavam aos meus ouvidos eram "Sefa, acalme-se, pare, não se machuque, shhh", palavras que se usa com um cavalo ou com uma criança. Eu estava chutando, tentando acertá-lo com o joelho, me contorcendo com todas as minhas forças, e é claro que ele parecia uma pedra, sem se mexer, me segurando como uma camisa de força.

— Reyn! — A voz de Solis estava alta e muito perto.

— Nastasya! — disse River, se inclinando para entrar no meu campo de visão.

Reyn e eu ficamos parados. Olhei no rosto dele e vi uma vida imortal inteira de dor e culpa e arrependimento e raiva. Imagino que ele tenha visto a mesma coisa no meu.

— Parem, vocês dois! — disse Solis. — Reyn, fique de pé. — Ele colocou uma das mãos no ombro de Reyn.

Reyn se levantou cautelosamente, soltando minhas mãos no último minuto e rapidamente saindo do alcance do meu pé.

River estava olhando para mim. Ocorreu-me que o mundo dela devia ser bem mais tranquilo antes de eu chegar lá.

Ela se ajoelhou quando me sentei e tirou feno do meu cabelo. Minhas emoções eram grandes demais para serem entendidas, in- acreditáveis demais para serem encaradas. Quatrocentos e quarenta e nove anos de fuga tinham acabado de explodir na minha cabeça.

— Sei quem ela é — disse Reyn. O peito dele estava subindo e descendo, a queimadura já coberta.

— Sei quem ele é! — falei, ficando de pé.

— Pois bem — disse River, olhando de um para o outro. — Agora vocês sabem.

Minha cabeça girou e olhei para o rosto calmo dela.

— Você sabe quem ele é? — apontei um dedo acusador para ela.

— Sei — disse River. — E também sabemos quem você é. Eu não conseguia nem assimilar aquilo.

— Sabíamos que era uma questão de tempo até que vocês dois descobrissem — disse Solis, não parecendo preocupado.

Amada ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora