O começo e o fim.

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Harry estava sozinho.

Ele sempre soube que aconteceria. Seus "amigos" não precisavam mais dele, a garota sobe o qual sempre pensou amar foi embora para ser livre. Qualquer familiar que ele poderia ter, ou morreu ou sucumbiu a loucura.

Restava-lhe esperar que a morte o levasse.

Mas não foi isso que ela fez...

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Ele estava em seu quarto.

A luz do luar vibrava sobre as cortinas deixando o ambiente sombrio.

Ele não se importava.

Não mais.

O mundo bruxo já havia sido salvo, ele fez o que lhe foi mandado, como um coelho indo para o abate, ele fez todo o possível, e mesmo no fim ele sabia como seria sua vida.

Ao menos o que restou dela.

As brigas, as mentiras, as lutas, as quase mortes... Tudo isso para que no final ele morresse por dentro. Não restava nada além de uma alma oca e sem vida em um corpo pálido e desgastado.

Harry, mais do que ninguém, sentiu e viveu os males da guerra.

Seus pais mortos em sua infância, seus padrinhos, que um dia pensou poder viver junto como uma família normal, morreram a sua frente. Todos o abandonaram, seja pela vida, seja pela morte.

Todos se foram.

Não restou uma alma junto a si, nem ao menos para poder se despedir . Mas ele sabia o porquê.

Ele sabia que não mais era importante, já havia feito que era preciso. Não era mais nescessário o manter vivo.

Era isso que Harry queria.

Morrer.

Da forma que a Morte desejasse, ele morreria. Afogado, de velhice, ou de fome.

Não importava a forma. Ele queria morrer.

Ele apenas esperaria que acontecesse.

Por mais que fosse sua vontade morrer, ele não conseguia fazer com suas próprias mãos. Seria como dizer que não era grato, era como dizer que os "esforços" para que ficasse vivo fosse em vão.

- No que tanto pensa menino? - A voz doce soa em minha mente, repercutindo por todos os lados, era como se o som saísse de todos os cantos de seu quarto. Ele não ligava.

- Em como você irá me levar. - Responde a morte. Sua voz rouca e desgastada. A morte o olhou com pena ao passar os dedos magros sobe os fios desgrenhados. Os olhos verdes pregados em si, olhando o poço de depressão que havia se tornado.

Harry não conseguia olhar por muito tempo para a mesma, afinal, olhar sua mãe em seu corpo de jovem, da mesma forma de quando olhou para o maldito espelho.

A morte era travessa e perversa.

Quando te visita, ela vem representada como alguém que você amou. Alguém que você amou tanto que sua perda o fez cair.

Harry sabia a sensação, já sentiu muitas vezes ao longo de sua vida.

- Não vim para fazer isso. - Diz em um tom doce. Harry odio. Odio que ela falava como uma mãe que confortava uma criança ao perder seu brinquedo favorito. Sua mãe já estava morta a anos, não tinha lembranças e nem se lembrava de como era a sensação de a ter por perto. Apenas fotos ou das malditas comparações com a mesma.

Você tem os olhos de sua mãe. Eles disseram, ele odiava seus olhos. Queria não ser parecido com seus pais, queria não ser comparado com eles a todo o tempo.

Ligados pela morte e ressurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora