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O BOM FILHO A CASA TORNA


"Salve Londres outra vez." – Ronald.


Ronald parecia o único que havia adorado a viagem. Apesar de Julliet ter ficado encantada com o ateliê que Priscila conseguira, e apaixonada pelo o vestida, o bate e volta de alguns dias e a estadia em um hotel era cansativa. Paris não era nem de longe tão receptiva quanto Londres. Eles se ajudaram o quanto puderam, mas era claro que depois de alguns dias os ânimos estariam inflamados. A viagem de volta foi o caos. Khol foi busca-los no aeroporto, com direito a plaquinha e tudo. Todo mundo estava cansado. Apenas Ronald e Priscila pareciam animados em terem chegado em terras britânicas.


- Eu só quero um banho. E cama. – Terance murmurou, puxando sua mala. – Vou dormir por uma semana.


- Eu também. – Louise respondeu. – Alguma notícia de Louiz?


- Ele não fala mais comigo. – Khol respondeu, e Louise franziu a testa. Desde a viagem ela e ele também não conversaram.


- Sem tempo para bad vibes. Quem teve a chance de transar, transou. Já quem transou, não tem como voltar atrás mais.


- Poético, Ronald. Muito poético. – Nancy debochou, passando por eles. – Agora dá licença, que o primeiro táxi é meu.


Ela foi reto, parando na calçada e acenando. Em questão de segundos um táxi parou e antes que o motorista saísse do carro, ela já estava abrindo o porta-malas para colocar sua mala. Todo mundo riu.


- Ela está emburrada? – Perguntou Khol, sem entender.


- Está cansada, ela ficou na cadeira no corredor. – ouise respondeu, suspirando. – A viagem foi um inferno, tinha uma criança que não dormia nunca.


- Eu repensei minha vida toda. Não quero filhos. – Julliet falou, se aproximando do grupo. John vinha atrás, a cara fechada e óculos escuro na cara.


- John também não dormiu nada?


- O caso dele é ressaca. – Julliet respondeu, enquanto John continuava quieto. – Ele e Ronald embarcaram bêbados. Você tinha que ver.


- Você me parece normal. – Khol falou, se virando para Ronald.


- É que eu dei um tiro. Estou suave agora. – Respondeu, dando de ombros. -John tentou dormir e ficou de mau humor.


- Parem de falar sobre mim como se eu não tivesse aqui. – Mandou, de mau humor. – Eu só preciso de uma aspirina e dormir até semana que vem.


E nem todo sono do mundo melhoraria o mau humor de John. Quando enfim todo mundo chegou ao hotel, foram para os seus quartos e apagaram. Anna foi avisada por Dimitri da chegada de todos e sentiu os ombros pesarem. Ela e Ian estavam incrivelmente bem, e ela não queria que nada afetasse isso. Ainda mais que dentro de dois dias haveria a festa de lançamento da empresa dele.

Até que houve batidas na porta. Passava das nove da noite.


- Senhor Cadori. – Dimitri cumprimentou, cordial como sempre. Khol assentiu, usava moletom.


- Aconteceu algo, Dimitri? – O funcionário negou.


- Eu recebi ordens de avisar que a Senhorita Roma o espera na suíte Vivaldi. – Contou, olhando-o.


- Senhorita Roma? Na suíte Vivaldi? Tem certeza? – Perguntou, franzindo a testa.


O hotel tinha suítes temáticas de luxo, mas nenhum dos convidados do casamento tinha sido alocado em algum desses aposentos. Eles estavam em suítes executivas. Por alguns segundos Khol ficou confuso.


- A senhorita Roma pediu alteração de acomodação hoje cedo, quando chegou de viagem. O quarto foi limpo e entregue durante a tarde e ela me solicitou que viesse lhe fazer o convite.


- Está falando de Priscila Roma? – Perguntou. Nancy tinha o mesmo sobrenome, mas nunca se instalaria na Vivaldi.


- Sim, senhorita Priscila Roma.


- Tudo bem, Dimitri, muito obrigada. Vou me arrumar e vou pra lá. – Disse, assentindo para o funcionário, que agradeceu e se retirou.


Khol estava borbulhando. Não sabia o que espera dessa mudança mas tinha um pequeno prelúdio do que poderia ser. Quando chegou ao hall que dava para a suíte teve sua comprovação, o barulho era característico. Ela estava tocando piano. Ele se aproximou da porta principal, tocando a campanhia e logo ela foi aberta. Priscila usava uma camisola longa de cetim branco e um robby do mesmo tamanho de renda. Os cabelos cacheados estavam soltos, e ela sorriu ao vê-lo ali.


- Pensei que estaria descansando depois da viagem. – Ele falou, parado na porta.


- Pensei que você quisesse me ver tocar. Estava me devendo. – Ela disse, no mesmo tom que o dele.


- O que estamos fazendo, Lila?


- Eu não sei. Quer me ver tocar?


- Não, não quero. – Ele murmurou, entrando no quarto e agarrando-a pelo o rosto. Os dedos dele afundaram nos cabelos macios dela, e ele a beijou.


Bateu a porta atrás de si, fechando-a. 

Por Entre Lençóis, Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora