Camila
"Então você gosta de caras maus".
Esta frase em sua boca não deveria parecer tão boa. Aperto minhas pernas juntas, sentada muito próxima a ele. Se Shawn soubesse o quanto eu gosto mesmo é da imagem dele naquele uniforme, o seu sorriso provocador se alargaria.
Limpo minha garganta.
— Garotas irresponsáveis normalmente gostam, não? — aproveito para alfinetar a maneira como ele me chamou, depois que a filha trapaceira dele mentiu para mim dizendo que tinha avisado seu pai sobre estar em minha casa.
Ele se gira em seu banco, ficando de frente para mim.
— Me desculpe por aquilo. Eu estava preocupado. Aquela menina é meu ponto fraco —vejo a honestidade em sua fala.
Aprecio isso nele.
Brinco com a borda da caneca.
— A mulher, no outro dia, é a mãe de Ellie?— entro no assunto.
Noto seu olhar vacilar. Ele pega novamente sua cerveja e sorve uma pequena quantidade, tranquilo.
— Sim, é ela. Mas nós não estávamos falando disso, não é? — o som em sua voz soa como uma música lenta — Diga-me, Camila, então você gosta de caras maus?
Oh, droga.
Eu realmente adoro isso.
— Apenas dos que sabem ser maus, Senhor Socorrista... — provoco.
Ele ri mais abertamente. Noto seus alinhados e belos dentes. Nunca reparei em como isso pode ser tão sexy.
— Bom, isso não é um problema... — ainda sorrindo, seu olhar passeia vagamente pelo espaço e retorna para mim, intensamente, como se um ímã me conectasse a ele — Eu posso ser mau de vez em quando...
Sufoco uma respiração e pego meu chopp, finalizando a bebida de uma vez. Sinto seu olhar queimando o meu rosto.
Coloco a caneca de volta em cima do balcão (forte demais) e limpo a boca com as costas da mão. Diante deste homem, de repente pareço uma virgem nervosa e sem coordenação nenhuma.
Shawn acena para Tony com um sinal de "mais um". O dono do bar logo vem até nós. Ajeito-me na banqueta e jogo meu cabelo de lado, novamente.
Meu vizinho está me deixando muito ligada em uma velocidade extraordinária. Isso é um dos efeitos de estar tanto tempo sem sexo. Não que eu não esteja resolvendo meu problema "manualmente", por assim dizer.
Enquanto assisto a Tony acionar a máquina para encher outra caneca com uma habilidade impressionante, cortando a espuma no ponto exato, o homem ao meu lado mantém seus olhos astutamente em mim.
Tony deixa o chopp em minha frente, sustentando um sorriso discreto, e se afasta.
Evitando encarar Shawn, acompanho o caminho que o proprietário bonitão do bar faz até o outro lado, onde um grupo de rapazes lhe espera.
— Se você fizer de novo, talvez ele note...
— Hã...? — viro-me para Shawn.