19.

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Shawn

"O que há entre você, aquelas duas e seu amigo?"

Coço a barba de dois dias por fazer, pensando na maneira certa de responder. Eu nunca precisei me justificar sobre nada com nenhuma mulher. Depois de Francine, não me envolvi tão a sério com ninguém para necessitar dar explicações quanto ao meu estilo de vida. Foi minha ex-esposa quem propôs isso ao nosso casamento, em primeiro lugar. Eu adotei, sem pressão, sem implicação emocional, e funcionou bem por um tempo. Eu não me interessava em outro tipo de relação... até Camila aparecer.

Agora, tenho uma mulher fodidamente linda, que mexe muito comigo, me encarando à espera de uma resposta. Não quero dizer nada para afastá-la de mim, não quando estamos prestes a dar um passo adiante... o problema é que não faço ideia do que se passa em sua cabeça em relação a nós.

Sua expressão não me dá nenhum sinal de como lidar com isso. Minha intuição também não aponta um ambiente favorável.

— Podemos ir para a sala? — indago, tendo o cuidado de me manter leve.

Seus lábios abrem, fecham e se firmam em uma linha apertada, indecisa. A mão responsável por segurar o regador deixa o objeto sobre uma prateleira de canto. A que agarra firmemente o vaso, no entanto, se mantém inalterável em torno da peça.

— É tão ruim que você precisa me enrolar, Shawn? — touché.

Inalo uma lufada de ar fresco, vindo diretamente da noite fria na varanda aberta.

— Não, não é. Eu trouxe uma garrafa de vinho e gostaria de me sentar com você, aproveitar um pouco sua companhia.

Ela sorri, mas não seu tipo de sorriso sensual e comum; é mais para um desconfiado, pronto para atacar. Vê-la assim cria em mim uma necessidade latente de tocá-la. E, seguindo meus instintos, passo a passo, vou cortando a distância entre nós até estar perto o suficiente para sentir seu cheiro, uma mistura de shampoo e algum perfume suave, doce. 

Roço meus dedos em sua bochecha quente, traçando um caminho até seus lábios.

— Você é linda... — contemplo, distraindo a tensão.

Seus olhos grandes, escuros e astutos fixam-se nos meus, como se pudessem ver através de mim. É o momento de sermos honestos sobre o que estamos fazendo, eu sinto isso.

Miro seu belo rosto.

— Eu quero mais com você — revelo em voz baixa, mantendo a aura sóbria — Quero ter acesso a tudo. Sua boca — acaricio, sem pressa, o lábio inferior macio — Seu corpo — noto sua respiração se tornar mais ofegante — Sua mente. Eu quero tudo.

Ela lambe o lábio onde meu dedo fez passagem e prende a carne entre seus dentes, ocultando-a de mim.

— Eu preciso que você me diga se quer isso também, Camila. Me diga que não estou sozinho nessa — seguro-a pelas laterais de seus quadris, trazendo-a para mais perto, sem deixar espaço entre nós — Você se sente assim?

Ela expira, fraca, tão afetada pela conexão quanto eu.

— E-eu não sei. — as piscadas mais agitadas dão conta de que sua cabeça está na mesma desordem — Eu... você... — o olhar se desvia por um instante, talvez buscando as palavras certas em algum lugar. Quando Camila volta a me enfrentar, sinto sua racionalidade levando a melhor.— Só o que consigo pensar agora é no tipo de coisa acontecendo entre vocês. Você está em uma relação aberta com a tal Emanuelle, é isso?

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