28.

553 65 30
                                    

Camila


Sim, bom Deus, ele acabou de dizer as palavras! Mal sei lidar com toda a agitação que se forma na borda do estômago e esta palpitação desenfreada… Mas basta um olhar mais atento em Shawn para notar que algo o perturba, então simplesmente sinto as emoções se dividirem em mim.

Eu sei que as palavras são reais, eu as sinto na pele... não obstante, também enxergo a inquietude nas profundezas de seus olhos acinzentados. E minha preocupação fala mais alto, querendo saber o que há de errado.

Ante a indagação, ele sorri. Sorri de verdade. Seus lábios se curvam naquele tipo risada de lado tão atraente que me suga o ar.

— Porra, eu estou aqui te dizendo que te amo, é isso o que você responde? — murmura rouco, quente.

—Shawn — lambo meus lábios outra vez, devolvendo umidade — E-eu… — investigo novamente seus olhos, sem saber muito em que direção ir — Ouvir isso é… Quero dizer, eu poderia falar que é cedo, e, sim, é cedo mesmo, mas, mas… — meu raciocínio parece todo atrapalhado.

Paro de falar para tomar um fôlego, sem ter como fugir. Ele está aqui, diante de mim, sendo completamente honesto com o que sente. Não há como deixar de fazer o mesmo. Simplesmente não há.

— Eu me sinto da mesma forma sobre você… — revelo, desarmada — Se eu for honesta, a verdade é que eu amo como me sinto quando estou ao seu lado. Amo como você sorri e de repente nada mais em volta parece ter a menor importância — gesticulo ao ar — Amo seu cheiro e tudo o que faz comigo — fecho meus olhos brevemente — Deus, eu te amo... Como isso é possível assim tão rápido?

O sorriso se alarga, iluminando tudo em seu rosto. Há tanta vida, tanta paixão.

Shawn recosta sua testa contra a minha e sussurra:

— Não é ruim. — sinto o humor em seu timbre — Me amar não é ruim.

Deslizo as mãos em seu peito firme.

— Eu sei — mordo o lábio — E já que estamos neste momento tão revelador… Preciso te dizer que eu nunca me senti assim com ninguém antes… É-é tão louco — cochicho em uma mistura de graça e lamento.

Seu peito retumba, rindo baixo.

— Eu me pergunto se você é real.

Levanto meus olhos para ele.

— Pois eu me faço esta pergunta desde que te conheci, doutor. Ninguém pode ter tantas qualidades assim, juntas. Um excelente pai, cria a Matraquinha tão bem, salva a vida das pessoas como profissão, tem este maldito olhar comedor que me faz derreter… e ainda fode como um deus… — acrescento um toque de malícia nesta última parte — Agora, ajude-me a descobrir seus defeitos, sim?

Estamos na base de sussurros. Suas mãos seguram meu rosto de frente para ele.

— Fodo com um deus, hein…

Mordo a risada.

— De tudo o que eu disse, você só escutou isto, não é? Que convencido…

Soco de leve seu ombro.

O sorriso morre aos pouquinhos, e a intensidade vai ganhando célula a célula de sua expressão, até dominar tudo.

SunlightOnde histórias criam vida. Descubra agora