11.

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Camila

Onde eu estava com a cabeça? Chamei mesmo meu vizinho para vir à minha casa? Oh, sim, com toda certeza eu fiz... Para piorar, não consigo me sentir penalizada. Estou mais para muito ansiosa. Também, como poderia ser diferente? Passei a última hora praticamente babando por seus sorrisos e olhares quentes. Shawn provocou isso em mim, a culpa é toda dele. 

Sou uma mulher adulta, livre e bem resolvida. Se eu quero e não há nada que me impeça, por que não?

E ainda assim, me sinto como uma garota de quinze anos, pronta para um encontro, as mãos suando, o coração acelerado, cheia de expectativa e medo – há a possibilidade dele mudar de ideia e não vir.

Olho-me no espelho da sala e ajeito meu cabelo. Solto o coque e penteio com os dedos mesmo, jogando os fios de lado. Aliso minha roupa. Tiro ou não os saltos? Não. 

Confiro minha casa, tudo parcialmente em ordem – depois da passagem do furacão Ellie. Lembro-me do vinho na geladeira e corro até a cozinha. Só tenho tempo de colocá-lo sobre o balcão antes de a campainha tocar.

Ele veio...

Tomando pelo menos cinco respirações profundas, me preparo para abrir a porta. De repente, me sinto tímida para enfrentá-lo, mas faço. Abro, e antes mesmo da imagem dele, seu cheiro fresco já se embrenha por minhas narinas.

Subo meus olhos vagarosamente por sua camiseta branca (criando coragem, a bem da verdade), e finalmente olho em seu rosto. 

Deus do céu.

— Camila — o som de sua voz é baixo, profundo, e levemente como um aviso.

Engulo com dificuldade e aperto a porta em minha mão.

Não consigo fazer outra coisa senão encará-lo por um longo momento, absorvendo toda a intensidade da atmosfera densa que nos envolve. 

Shawn está sério, sua mandíbula perfeitamente desenhada parece contraída, e os olhos me queimam com uma chama preguiçosa.

— Você vai me convidar para entrar?

Expiro, como uma idiota.

— Eu já te fiz este convite há alguns minutos— lembro, mostrando que minhas intenções são exatamente o que parecem. 

Eu o quero.

Sem quebrar o elo que nos liga, me afasto um pouco para o lado, dando acesso à minha casa. Ele se move somente o bastante para entrar, e, ainda da porta, para à minha frente, praticamente me encobrindo com sua altura.

— Eu espero que você saiba o que está fazendo... — a advertência inconfundível eriça todos os pelinhos da minha nuca.

— Eu sei, Shawn. Somos adultos e teremos uma noite casual — apesar da maneira calma, meu corpo inteiro reverbera em antecipação.

Sua narina se dilata e os olhos escurecem.

— Uma noite casual... — ele repete, parecendo testar o som da frase.

Umedeço meus lábios secos. Seu olhar acompanha.

— Acho que podemos ter isso — dá a sentença, rouco, com um rasgado de lábios, quase um sorriso.

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