Camila
Pedir para me unir a eles no café da manhã, em um momento dele com sua filha, é importante para Shawn. Ellie é importante. É uma das razões pelas quais estou me encantando por este homem. Ele é um bom pai, acima de tudo.
Seu pedido só reforça as palavras ditas um ao outro sobre dar um passo à frente no que estamos fazendo. No entanto, aqui está a sensação de que não mereço fazer parte disso. Deus, eu adoro aquela menina, tudo nela, mas a realidade é que sou incapaz de proteger uma criança.
Você tem que contar a ele, Camila!, a voz chata da consciência se faz presente.
Encaro os olhos castanhos sondando-me, atentos, parecendo desvendar minha mente na espera da resposta para seu pedido.
Sim, eu tenho que contar... Porém, não precisa ser hoje. Quando isso acontecer, não terei de me preocupar em sair da vida deles... Shawn me chutará para fora por sua própria vontade.
Sinto um nó seco desconfortável comprimir minha traqueia com o pensamento. Limpo a garganta para afastá-lo, e aperto mais forte o robe ao entorno do meu corpo.
— Sim, eu vou.
Recebo o toque de seus dedos roçando carinhosamente meu rosto, investindo caminho para meus cabelos. Fecho os olhos por um conciso instante, consumindo a boa sensação.
— Ótimo. Eu espero você se vestir — o som profundo de sua voz grave revela satisfação.
No entanto...
— Shawn... — mordo o canto interno da boca, pensando na maneira de dizer sem que ele interprete errado — Eu também gostaria de fazer um pedido — meu timbre transmite segurança, apesar de tudo.
Sua expressão serena é traída pelo pulsar discreto em seu maxilar.
— Faça.
— Será que podemos não contar nada a Ellie, quero dizer, não neste primeiro momento, enquanto decidimos como isto — gesticulo com a mão entre nós — vai funcionar?
Sem desviar, avaliando-me, ele move sutilmente a cabeça num meneio.
— Sim, é justo — a fala profunda quase me permite respirar... — Por enquanto. Não quero esconder nada dela, Camila.
Quase.
— Por enquanto — repito, firmando o acordo.
Parecendo querer me fazer lembrar de como me sinto em suas mãos, preguiçosamente, Shawn toma minha boca e inicia uma dança lenta, sedutora e, droga, boa demais. Esfrego seu peito por cima da camiseta e agradeço mentalmente por não carecer ter a conversa agora.
Já sem fôlego e úmida novamente, ele se afasta, e esfrega meu lábio com seu polegar, em um gesto íntimo.
— Acho que você prefere que eu saia primeiro — deduz, com visível bom humor.
Mole, apaixonada, aceno um "sim" feito uma tola.
— Certo — ele descansa o lábio macio sobre o meu uma última vez — Não é tão ruim quanto pensa, vizinha. Você não precisa ter medo —cochicha, em um tom de segredo. (Espero em Deus que este homem mantenha isto em mente quando chegar a hora).