20.

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Camila

O olhar penetrante de Shawn está atento a mim, como um reforço de suas palavras. Ótimo, pelo menos estamos em acordo sobre nossas preferências pela monogamia... Claro, depois de minha ridícula exibição juvenil de "como agir feito uma maluca em cinco passos". Deus, eu quero enfiar minha cabeça em um buraco. Não há nenhum por perto, logo, controlo o desejo de afundar meu rosto em seu peito firme. Eu não tenho nenhum direito a reagir dessa maneira.

Oh, não mesmo.

A lógica mundial da coisa é: com quem as pessoas se relacionaram antes de se conhecer é passado, não deve ser considerado quando estão juntas. Talvez esta seja a regra suprema das relações. Mas ouvir de sua boca o tipo de coisa acontecendo entre eles foi um pedido para parar de raciocinar de modo coeso. A maneira íntima como elas estavam sobre o homem durante todo o tempo em que permaneci em sua casa testou minha capacidade de autocontrole ao limite. Argh! Estou me segurando, na verdade. Meu corpo ainda não se livrou completamente do desejo de acertar a cabeça de Shawn. 

O homem se entranhou em mim muito mais do que eu pensava. E agora ele está aqui, me dizendo que quer mais... e o que quer que isto signifique, eu simplesmente não consigo evitar de querer também. O problema é que não sou a pessoa certa para dar isso a Shawn, e, cedo ou tarde, ele descobrirá. Não é uma questão de se, é uma questão de quando. Eu deveria dizer a ele, principalmente tendo Ellie envolvida, e talvez este seja o momento certo (enquanto ainda podemos recuar sem que ninguém se machuque, a voz da consciência alarda).

Frente a frente com ele e sob seu domínio, encaro o elemento protuberante em sua garganta e crio coragem.

— Shawn, eu acho que nós precis...

— Shh... Nós vamos conversar sobre tudo, mas não hoje — a voz grossa fluindo baixo me impede de continuar. É sua indicação de que ele também entende que há implicações, no entanto Shawn quer curtir o sabor do pequeno primeiro passo dado hoje.

Expiro longamente, deixando meu rosto cair contra seu peito... É como dizem: se você fez a cama, deite-se nela.

Meu vizinho acolhe-me em um abraço bom, macio. Envolvo sua cintura, administrando as batidas exigentes do meu coração. 

A maneira como ele mexe comigo eu nunca experimentei com mais ninguém.

— Por que você tem de cheirar tão bem? — resmungo um martírio em meio à camiseta limpa.

Sua risada baixa agita o lugar em seu peito onde descanso minha bochecha.

— Fico feliz por você gostar. Tudo para o seu agrado, senhora.

Suspiro, amando a forma como meu corpo parece se encaixar no seu, protegido da brisa fria vinda de fora.

— Me desculpe pelos vasos... Deus, eu nem sei o que deu em mim...

Shawn toca meu queixo, me obrigando a subir os olhos para ele.

— Ciúmes? — ele arqueia a sobrancelha, não escondendo seu bom humor.

Enrosco os dedos na borda de sua camiseta, torcendo o tecido. Meu próprio sorriso é difícil de conter.

— Não seja um convencido... — e então acirro meu olhar, avaliando-o sobre algo que me ocorreu neste instante — Shawn?

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