Full Mon

Amigo imaginário

(...)

Depois daquela conversa Damon seguiu junto a sua família, eu ainda tentei convence-lo a ficar por perto, queria conversar e tentar distrai-lo, eu pude notar a dor que ele sentia por ter perdido alguém importante, alguém que ele provavelmente amava e ainda ama, era notável isso em seu tom de voz, assim como era notável o por que da distância entre nós… quando finalmente tínhamos chegado a escola já estava na hora de ir embora, toda aquela conversa com o Damon me deixou depressiva, como se um abismo tivesse se aberto entre mim e ele e eu estava tentando ajudar, nunca pensei muito bem como era a situação de perder alguém pois jamais havia perdido ninguém próximo mas conseguia imaginar como era difícil superar uma perda, eu não sou boa com separações e com toda certeza ficaria igual ou pior que ele.

Com os fones de ouvido presos em minhas orelhas caminho até a picape, o som estava alto mas pude ouvir quando um carro desgovernado veio em minha direção, naquele momento eu não tinha como fugir, não havia para onde correr, eu iria ser atingida e meu estado de choque confirmou isso não me deixando me mover… em uma questão de segundos pude sentir meu coração bater aceleradamente e quando o carro finalmente bateu na lateral da minha picape uma mão fria tocou minha cintura enquanto segurava a porta do carro que tinha acabado de ser amassado de uma forma inacreditavel… olhei incrédula para o carro e depois concentrei meus olhos nele, não acreditava que anjos eram reais ou que pudessem existir mas se existissem eu tinha um me segurando em seus braços, sua pele era branca e seus cabelos castanhos, seus olhos tinham uma cor topázio totalmente diferente de qualquer um que já tivesse visto, eu estava presa em uma linha tênue entre o sonho e a realidade, algo nele me encantou profundamente me fazendo ficar estática e hipnotizada enquanto ele me analisava de uma forma estranha, como se estivesse espantado ou surpreso.

- Amélia? - sua voz era suave mas existia uma certa preocupação nela

Seus olhos me fitavam de uma forma mágica, minha respiração aumentava a medida que olhávamos um para o outro, eu estava presa nos tons topázios e quentes que me analisavam, o tempo se passou de uma forma diferente, como se cada segundo demorasse uma eternidade e a eternidade ainda fosse pouco demais para demonstrar o que havia acontecido ali entre nós… era como se eu estivesse esperando por esse momento a muito tempo mas não sabia, ainda.

(...)

Foi como se uma onda elétrica tivesse se apossado do meu corpo, eu conseguia sentir as pulsações e o acelerar do meu coração a medida que as pessoas se aproximavam de mim, naquele momento estava cercada de vários alunos, alguns eu não sabia o nome e de outros me lembrava mas em meio a tantos rostos aquele em especial não estava entre eles, o procurei por todo o lugar querendo encontrar mas não havia vestígios dele, todos murmuravam idéias de como a van não tinha me atingido e como o carro parecia ter sido esmagado por algo extremamente forte, forte o suficiente para me manter segura entre o vão que provavelmente teria arrancado um braço de mim… eu não conseguia reagir aos olhares que me seguiam mas consegui detectar uma ambulância que se aproximou, consegui reagir quando uma socorrista se aproximou com uma maca, eu gemi só de pensar que seria levada para a enfermaria da escola em uma maca, deus, isso estava realmente acontecendo?!

- Tudo bem, eu estou bem veja… sem arranhões… - foi em vão tentar argumentar algo, quando pensei em correr já estava presa na maca com um torniquete em volta do meu pescoço, me imobilizando - eu realmente me sinto bem, é sério! - tento argumentar mas novamente é em vão, todos a minha volta mantinham uma distância necessária.

- Quem poderá dizer se você está bem é o médico senhorita, por gentileza fique quieta, pode ter sofrido alguma lesão interna… - a socorrista que parecia muito nova para a função precisou de ajuda para me levar até a enfermaria.