Híbrida

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NARRADORA

Os olhos da mulher com longos cabelos loiros - agora manchados de sangue - cobriam uma parte de seu rosto, os olhos alternando de cor toda vez que o cheiro se intensificava dentro do quarto, as veias por debaixo dos olhos saltando em tons negros ardentes, era a sede. A outra mulher que tentava agarrar o bebê dentro da barriga de uma Isabella já morta em fase de transformação não parecia melhor, seus olhos se tornavam negros iguais ao da irmã e vez ou outra ela pensava que o monstro que habitava seu corpo internamente iria saltar e agarrar a jugular da sua presa que estava ali, inerte, a palidez tomando conta de cada centímetro por onde antes o sangue pulsava na jovem. O carro seguia a toda velocidade e o homem dirigindo se negava a encarar a mulher que ele amava estar morta, esquelética dando a luz a algo que nenhum deles sabia o que era. Suas mãos forçaram o volante com raiva e ele apenas queria chegar o mais rápido que podia em Forks, acreditava que uma névoa negra havia se apossando dela mas quando o feitiço fosse quebrado ela voltaria a ser humana, a garota humana na qual ele sentenciou sua vida para dar a ela o melhor, para dar a ela a chance de ser feliz sem viver cercada de perigos. Na inocência de retirar dela os monstros que a perseguiam, ele se esqueceu que outros já sentiram interesse por ela. Tentado a olhar o que estava acontecendo ele observou por cima dos ombros, os pensamentos da mulher de cabelos negros eram negativos e malignos, todos em uma linha tênue de como sugar o sangue de Bella deitada sobre o banco. Os pensamentos da loira eram então aflitos e as palavras "não, não posso" refletiam que ela não queria machucar, era estranho observar Bella pelos olhos de outra pessoa então tentou enxergá-la com seus próprios olhos, mas os dela já estavam fechados, não existia nenhum sinal de batimento cardíaco naquele carro, o encanto não acabaria quando ela chegasse em Forks, não mais.

- Alice, está sentindo ele? - Rosalie observou a irmã intrigada - você precisa ter cuidado…

- Estou sentindo, não quero machucá-lo - Alice faz movimentos circulares em torno da barriga de Bella

Um corte profundo o suficiente para passar um par de mãos foi feito na barriga dela, teria que ser feito às pressas, Bella já estava morta.

- Consegui, Rosalie a blusa! - Alice o retira com cuidado - a blusa, rápido!

A expressão de Alice era de puro choque, seus olhos vidrados no bebê que continha até mesmo cordão umbilical a deixou perplexa, o que ela achava improvável e Bella dizia sempre sentir era verdade, era um bebê comum. Rosalie sorria de alegria e contava cada um dos dedos do bebê que parecia estar dormindo, era uma criança perfeita. A cor pálida como um deles mas o sangue corria em suas veias, era possível se ouvir um coração batendo com pulsações mínimas mas ainda sim era um coração vivo. O bebê tinha cabelos acobreados e bochechas rosadas, os lábios tão vivos que nenhuma delas pode sequer pensar que Bella carregou um humano dentro dela.

- Edward veja, é um bebê normal… - Alice ergue a criança no ar observando cada detalhe - ela tinha razão, é só um bebezinho, olhe! - Alice inclinou a criança para que ele a visse

- Não quero ver isso, por favor. - a voz fria e triste dele despertou algo estranho nas duas

A criança que antes parecia estar dormindo com os olhos fechados os abriu procurando a voz de Edward, as duas não conseguiram deixar de notar que o bebê parecia entender que ele estava dentro do carro. Rosalie buscou o bebê nos braços de Alice pela primeira vez. Os olhos castanho escuro penetraram os dela, a mulher então segurou sua pequena mão a beijando e sentiu algo que não soube explicar em palavras o que significava mas pode sentir, sua expressão mudando de sorridente para espantada.

- Alice, o bebê me mostrou alguma coisa… - Rosalie viu que os olhos do bebê ainda continuavam nela - me mostrou como era estar dentro da Bella, como ela sofreu junto com ela todas as rejeições…

- Talvez esse seja o dom que Bella dizia que o bebê tinha, ela dizia que conseguia se comunicar com o bebê - Alice olha para o banco do motorista - Edward, olhe para a filha da Bella! não pode rejeitar assim...

- JÁ DISSE QUE NÃO QUERO ALICE!

- Bella escolheu morrer pelo bebê!

- Não está vendo? Essa coisa matou ela, como posso sentir compaixão com isso? - o carro acelerou um pouco mais conforme a raiva de Edward aumentava

Rosalie segurou as pernas do bebê que ainda parecia reconhecer a voz de Edward dentro daquele carro o seguindo com o olhar.

- Alice é uma menina! - Rosalie sorri mostrando a Alice - Bella pensou que fosse um menino mas é uma menina! Qual nome daremos?

- Nós? Bella já escolheu os nomes Ros, será Renesmee - Alice volta a segurar a criança - sua mãe te ama Renesmee, ela lutou até o último minuto para ficar com você.

Com cuidado Alice colocou a pequena Renesmee próximo aos braços de Bella, a criança a observou por um longo tempo e Alice percebeu que ela tinha presas quando o braço de Bella que antes a abraçava estava agora mordido.

- Ela é uma híbrida, a mistura de uma humana com um dos originais, uma mistura entre um de nós e um lobisomem. - Rosalie encara Alice retirar a criança dos braços da mãe

- A guerra não acabou, os Volturi vão voltar para matá-la. - Alice diz balançando a cabeça em negação

- Então vamos lutar como os Cullen sempre fizeram - Edward diz entre dentes - ninguém irá machucar a Bella ou a essa criança.

As duas olharam assustadas para o volante onde suas mãos estavam presas

- Pensei que você não se importava com o bebê… - Alice foi a primeira a quebrar o silêncio

Edward respirou fundo antes de continuar, seus olhos atentos até demais para a estrada

- Eu a amo Alice, não vou deixar que a machuquem - os olhos agora se fechando aos poucos tentando conter a visão de Bella morta no banco de trás - Eu sempre amarei essa frágil garota humana, pelo resto da minha existência sem limites, mesmo que ela não seja mais humana.

There's no one in town I know

You gave us some place to go

I never said thank you for that

I thought I might get one more chance

What would you think of me now?

So lucky, so strong, so proud?

Full MonOnde histórias criam vida. Descubra agora