Volterra

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A pressão no meu peito aumentava cada vez mais, as curvas perigosas a caminho de Volterra se tornavam fáceis com Alice no volante com seu volvo. Pessoas caminhavam por todo lado sorrindo, almoçando, fazendo compras e até mesmo tirando algumas fotos do paraíso que era a Itália enquanto eu, presa dentro daquele carro, só conseguia pensar que talvez não tivéssemos tanto tempo assim. Foi uma viagem longa mas conseguimos chegar enquanto a luz do sol ainda estava forte, Alice previu que chegaríamos em um dia ensolarado e como ela mesma me disse no caminho, o sol poderia causar nos Volturi um certo medo de se expor na cidade caso fosse nos matar. Era paralisante aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados pela possibilidade de todos já estarem mortos, dele estar morto. Era como se restasse apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo infinito que tinha se aberto entre nós dois, eu ainda conseguia ouvir sua voz e isso me confortava, se ele estivesse morto nada mais faria sentido

- Alice por favor, estamos chegando… - abraço meus joelhos balançando os pés sem parar

- Está ali, veja! - ela então aponta para o fim da rua

Era um castelo medieval coberto com janelas escuras e um grande sino no topo de uma coluna. A arquitetura me lembrou uma igreja velha e antiga porém luxuosa, percebi que ao redor algumas pessoas usavam capas vermelhas enquanto uma passarela de crianças cantava alguma música que não soube reconhecer, uma enorme estaca estava sendo levantada no centro da cidade, próximo a uma fonte que continha nada mais nada menos que um morcego esculpido em pedra como chafariz.

- Por que estão de vermelho? - sinto uma ansiedade fora do comum - não estou gostando disso…

- Estão comemorando o fim dos vampiros na cidade… - Alice observa pelo parabrisa algumas pessoas passarem entre nós

Me virei horrorizada para Alice naquele mesmo segundo, meus olhos saltando das órbitas

- Por aqui eles conhecem bem a nossa história através da lenda de São Marcos Bella, por isso é perfeito que hoje a gente esteja aqui… - Alice retira os óculos escuros e os lenços em volta do pescoço - eles não vão querer se expor, eu espero. - existia preocupação em seu olhar - vamos, eu te ajudo a sair.

Segurando em meu braço Alice e eu caminhamos até o fim da rua onde no alto da colina estava o castelo de Volterra. Não era muito distante de onde havíamos estacionado, mas como era difícil para mim caminhar nesse estado, tivemos que seguir o meu ritmo. Não sei explicar a sensação de horror que se apossou de mim quando toquei nos tijolos do enorme castelo que estava bem diante de mim agora, mas tinha certeza de uma coisa, se pudesse evitar esse lugar com toda certeza evitaria, a sensação que isso me causava era estranha, não me sentia bem ali.

- Já estive aqui… - ergo os olhos para o grande sino logo acima - eu reconheço esse sino...

Era como se uma onda de lembranças estivesse passando rapidamente pela minha cabeça, vi rostos que não soube identificar, crianças correndo como hoje porém com roupas da época e uma mulher, uma mulher alta de longos cabelos escuros e olhos vermelhos.

- Sua alma é a alma da Amélia e ela viveu aqui com os Volturi por quase trezentos anos… - Alice segura meu braço - venha, precisamos entrar agora.

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