Extasiada

38 4 0
                                    

" Querida Alice como sinto falta de você, como é horrível conviver sem a presença de vocês por perto, meu dias parecem se estender por mais de 24 horas… como eu queria poder mudar o passado, se existisse qualquer possibilidade eu faria, faria sem pensar em qualquer consequência. Desde quando vocês partiram e ele partiu é como se um grande buraco tivesse sido aberto em meu peito, um tipo de ferimento sem cicatrização, nunca cicatriza… já se passaram 5 meses e a sensação ainda é a mesma, ainda espero ele na minha cama me esperando para dormir, não diria que isso é superar, na verdade as vezes sinto que estou em uma areia movediça, quanto mais vezes mexo em meus sentimentos mais eu afundo, cada vez mais fundo sem chance de voltar.O amor é uma palavra muito fraca para descrever o que sinto por ele Alice, nada nesse mundo é capaz de traduzir o que eu sinto mas não importa mais, pra ele nada mais importa...não sei se você mudou sua caixa de e-mail mas esse já é o sétimo enviado em menos de uma semana, por favor me responda, sinto muito sua falta."

Fecho o notebook observando a neve cair pela janela a frente, Charlie retirava a quantidade de gelo que conseguia da calçada, por diversas vezes pensei que ficar ali, parada deixando a neve tocar minha pele e ter a sensação de como seria ter as mãos dele em mim mas, era loucura eu sei, era loucura não conseguir superar nada em cinco meses, não existia um único dia que eu não achasse que precisava de ajuda, as pessoas na escola ja tinham se afastado de mim por me achar depressiva demais, mas a pergunta que eu me fazia todos os dias era se queria superar tudo isso, superar era esquecer e eu não queria esquecer nada, "você é humana, vai esquecer rápido" essa foi a pior mentira que já ouvi em toda minha vida, ele queria que fosse real, que eu conseguisse superar mas eu não conseguia, não era meu plano, não recebemos um manual dessas coisas pois se existisse eu apertaria o botão que fizesse doer menos.

- Bella? - Charlie bate na porta do quarto chamando minha atenção - vou na delegacia, será só por uma hora, posso te deixar aqui um pouco? - confirmo com a cabeça colocando um fim a nossa conversa

Desde quando Jacob me encontrou na floresta Charlie nunca mais me deixou sozinha, depois daquele dia meus pesadelos tinham aumentado e os pensamentos suicidas também, há 4 semanas atrás ele havia encontrado uma lâmina embaixo do meu travesseiro e acreditem eu queria ter usado, mas pensei que ele pudesse voltar e eu queria estar viva para vê-lo novamente, parece loucura evitar me matar pensando em ver alguém que me deixou, se Edward tivesse alguma noção de como me feriu não teria partido, por trás de cada "estou bem" que eu dizia para as pessoas existia uma parte da minha alma gritando " me ajude, por favor me ajude" era o pedido de socorro que ninguém escutava, os gritos abafados que ninguém conseguia adivinhar… O barulho do carro de Charlie chama minha atenção, como todas as vezes que Charlie saia para fazer coisas pequenas eu ia até a floresta, exatamente o trecho onde nossa última conversa aconteceu, enxergava aquele lugar como um cemitério e eu era a minha pior versão levando flores ao nosso túmulo.

Apenas com uma blusa de manga longa desço as escadas em direção a porta, não tinha ninguém na rua nem mesmo carros, o tempo fechado favorecia isso...o frio era doloroso, meus ossos pareciam se trincar para aquilo, o barulho dos dentes batendo um contra o outro são a primeira coisa que percebo quando encontro a calçada, só levaria alguns minutos, eu precisava disso, era minha droga diária. A melhor coisa das árvores é que elas não morriam rápido e ali no centro da floresta estava a árvore que ele havia se apoiado, ela era a lembrança viva que ele era real, que todos eles eram reais… o frio era cortante e a sensação era como se uma faca tivesse cortando minha garganta e arrancando minha pele lentamente.

- Só preciso ficar um tempo aqui, vai ser rápido. - me deito na terra fria deixando que o gelo queimasse minhas bochechas

I, I know where to lay

I know what to say

It's all the same

And I, I know how to play

I know this game

It's all the same

Now if I keep my eyes closed he looks just like you

But he'll never stay, they never do

Now if I keep my eyes closed he feels just like you

But you've been replaced

I'm face to face with someone new

Era bom sentir a sensação de estar viva e saber que em outra época essa minha atitude teria provocado raiva em Edward, sempre protetor como um príncipe de conto de fadas, seu único defeito foi esquecer de dizer que o para sempre é apenas uma realidade distorcida, enquanto dura é uma maravilha, mais aí você se lembra de que quando acordar, tudo vai voltar ao velho pesadelo de sempre, é uma maldição que nós estamos condenados a viver, amar é como injetar uma droga na veia, mas depois da primeira dose não tem volta, isso te mata por completo. A terra estava úmida e o cheiro era reconfortante, meu coração estava aliviado pois eu havia levado as flores para nosso túmulo, havia algumas flores pequenas próximo a mim, elas serviam como um presente a tudo de nós que já estava morto, meu corpo era apenas uma carcaça, Edward já havia levado tudo com ele.

- Outra vez aqui Bella. - meu coração se acelera a medida que reconheço aquela voz.

Sinto todo meu corpo tremer em êxtase, aperto então uma de minhas mãos para ter certeza que era realidade antes de levantar, era real, eu conseguia sentir a dor, se eu conseguia sentir a dor era real para mim, me levanto aos poucos observando sua imagem nítida parada em uma rocha próxima me olhando, analisando, Damon não tinha ido embora ou se foi um dia decidira voltar.

Would've gave it all for you, cared for you

So tell me where I went wrong

Would've gave it all for you, cared for you

(My lover, my liar)

Would've trade it all for you, there for you

So tell me how to move on

Full MonOnde histórias criam vida. Descubra agora