Insuficiente

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Procuramos Damon por toda casa, mas foi em vão, Alice saiu desesperada atrás dele enquanto permanecia sentada no sofá com meu pai que parecia feliz de ver o noticiário dizer que voltaria a chover em breve. Como era desanimador permanecer na presença de Charlie com aquele sorriso manipulado enquanto por dentro meu coração parecia estar sendo despedaçado? Observei o relógio novamente e os ponteiros apenas tinham mudado três minutos, deslizei os dedos pelos cabelos que dessa vez caiam em uma quantidade maior que antes. Alice já havia partido a mais de uma hora a procura de Damon e isso estava me assustando, para um vampiro uma hora é muito tempo e isso me incomodava. Já não suportava mais bater os pés no chão contando o tempo mentalmente ou imaginando que o pior poderia ter acontecido.

- Bella quer comer alguma coisa? Vou pedir uma pizza antes do jogo começar! — Charlie diz a mim se levantando

- Pai, você não ia pescar hoje? — mordo um dos lábios para tentar parar o tremor.

- Achei melhor não, pensei em ficar com você e o bebê. — ele aponta para minha barriga.

O sorriso de Charlie era forçado, não conseguia encarar o olhar nublado dele sem nem ao menos entender o que estava acontecendo. A porta se abriu com tanta violência que tive a impressão que a casa inteira estava desmoronando. Alice estava paralisada em frente a porta, seu olhar ia do meu ao encontro de Charlie, tive a sensação que algo não estava certo quando ela se aproximou contendo uma expressão de horror no rosto. Não queria estar certa, desejei nunca ter pensado o pior, pois, a sensação que me perseguia agora era que eu sabia que algo estava errado, algo muito ruim.

- O pegaram, pegaram todos… — as palavras dela saiam confusas — estão com o Damon

- Alice está me assustando, quem são todos? Quem pegou o Damon?

Alice segurou minhas mãos, pela primeira senti que ela estava tremendo.

- Os Volturi pegaram minha família… Bella, pegaram o Jasper! - senti que Alice se pudesse, estaria chorando - pegaram o Edward, todos!

O choque se apossou de mim naquele momento, era como se um filme de terror previsto tivesse passando diante dos meus olhos. O medo havia se instalado em alguma parte do meu corpo, eu era capaz de sentir.

- O — que eles fazem? — Alice não me respondeu — ALICE O QUE ELES VÃO FAZER?

Charlie virou em nossa direção fazendo sinal de silêncio enquanto fazia o pedido da pizza por telefone.

- Eles vão matar todos… — suas mãos geladas encontram a minha — eles querem você, por isso estão com os Cullen.

- Onde eles ficam? Alice temos que ir até lá… — tento me levantar, mas minhas pernas tremem por causa do peso.

Alice me segura antes mesmo de cair, senti uma pontada de incapacidade, como iria resolver isso se nem ao menos conseguia ficar de pé?

- Não percebe Bella? É uma armadilha, eles sabem que vamos até lá, você não está em condições de andar… — Alice começa a andar desesperada pela sala.

- Ninguém vai morrer por minha causa, ninguém.

- Bella não podemos ir…

- VAMOS E VAMOS AGORA! — grito e novamente Charlie pede silêncio — não vou suportar que ninguém se machuque por minha causa.

- Prometi para o Damon que cuidaria de você… — Alice se desespera.

- Você está cuidando, mas não é mais sobre mim, todos podem morrer, vamos ir até os Volturi nem que essa seja a última coisa que eu faça na vida.

- Seu bebê… — Alice encara minha barriga.

- Vamos dar um jeito, sei que todos vão nos proteger quando conseguirmos tirá-los de lá, mas precisamos ir… — caminho em sua direção com dificuldade — você não vai perder o Jasper, não vou deixar… — a abraço forte.

Alice estava trêmula e desejaria que ela pudesse chorar para colocar para fora tudo o que estava sentindo, assim como eu.

- Eles ficam na Itália, em Volterra. — os olhos amarelos de Alice me encaram — vai ser extremamente perigoso para nós três… — ela então encara minha barriga.

- Os Cullen são minha família também, se ele morrer Alice, eu morro. — as lágrimas já escorriam descontroladamente — por favor vamos logo, não aguento mais ficar aqui nenhum minuto.

Alice em segundos dispara pela escada até meu quarto e volta quase que no mesmo instante com uma manta e um travesseiro. Aperto meu casaco contra o peito e vejo Charlie se aproximar.

- Pai, vou fazer uma longa viagem… — o abraço forte — quero dizer que eu o amo, o amo muito…

- Eu também te amo minha filha… — Charlie me abraça na mesma intensidade — volte logo, todos vocês — ele então encara Alice com um sorriso.

- Pai… — o abraço novamente — diz a mamãe que eu a amo, que sempre vou amá-la…

- Vou dizer Bells… — ele então beija minha testa.

- Bella, precisamos ir agora! — Alice se aproxima de mim me apoiando em seu ombro

A imagem cinza da minha casa parecia uma fotografia antiga, eu sentia que nunca mais ia voltar e não sei explicar o porquê dessa sensação, mas a única certeza naquele momento era que tudo estava ficando para trás, minha vida humana estava no final da sua trajetória, sabia disso mas indo de encontro aos Volturi sabendo que poderia sair morta dali não tive confiança alguma que eu ou meu bebê estaríamos bem. Iria passar o maior tempo que fosse com ele antes de encarar a morte com olhos amarelos. Alice me ajudou a caminhar e me colocou no banco jogando sobre mim uma manta quente, enrolou nela mesma alguns chalés e colocou um óculos escuro. Seus dedos finos percorrem o volante acelerando o carro com a maior velocidade que conseguia enquanto da janela observava Charlie se afastar cada vez mais, ficando apenas a sombra da sua presença na porta. Nunca pensei muito em como eu morreria, mas morrer no lugar das pessoas que eu amo parece ser uma boa maneira de partir. De muitas maneiras verdadeiras, eu o amava e daria tudo de mim para que nada acontecesse. Ele era meu conforto, meu porto seguro. Naquele exato momento, eu preferia estar morta do nunca pertencer a um mundo onde ele não estivesse.

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