Vampiro

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Minhas pernas estavam doendo e o suor escorria sob o rabo de cavalo apertado, uma das coisas que conseguia manter minha mente ocupada era correr, depois que os Cullen sumiram da cidade comecei a praticar diversas coisas que pudesse afastar os pensamentos sobre eles, sobre Edward principalmente. Na maioria das vezes isso me ajudava mas em outras apenas piorava a situação, quanto mais evitava pensar no assunto mais seus rostos eram nítidos em minha mente. Como sempre o tempo nublado era rotina de Forks, tudo não mudava por aqui, era como se essa cidade tivesse parado no tempo assim como eu, talvez a falta de mudança fosse o que mais me intrigava, não conseguia imaginar passar pelo quarteirão e não ver mais o gramado da senhora Firgs onde eu e Edward costumávamos andar, ou até mesmo a velha cafeteria do senhor Krongs que ele sempre me trazia depois da aula, qualquer mudança que pudesse alterar de alguma forma as lembranças que tinha dele iam acabar comigo, era um segredo interno entre mim e tudo o que eu sentia por Edward, era como se esse sentimento estivesse preso dentro de mim e nada nem ninguém pudesse mudar, nem o tempo com o Damon resolvia isso, tudo me lembrava o Edward afinal, uma das coisas na qual eu não tinha controle nenhum era sobre o tempo, o tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada tique do relógio faz sua cabeça doer como se fosse um fluxo de sangue passando por uma ferida. Ele passa desigual, em estranhos solavancos e levando a calmaria embora, mas ele passa, mesmo para mim e isso era inevitável, o tempo estava correndo mesmo que eu insistisse em mantê-lo parado para que as lembranças ainda tivessem a mesma cor viva de antes, o mesmo aroma adocicado ou até mesmo o mesmo toque frio de seus dedos sobre minha pele, o contraste perfeito de sensações que éramos um para o outro e eu sabia que nada que eu fizesse mudaria isso, então ao invés de fugir assustada das lembranças me dirigi a elas e as acolhi como amigas e não como inimigas, trata-las como inimigas era pior, e entre a dor e o nada eu prefiro o nada, prefiro não ter nada do que ter que conviver com a dor, a dor é sempre a pior parte, ela te consome viva se você a ignorar e durante muito tempo tive que conviver com isso, não parecia que a dor tivesse diminuído com o tempo; na verdade, eu havia ficado forte o bastante para suportá-la… talvez amar alguém seja isso, talvez o amor se resume a quantos pedaços seu coração consegue se partir e mesmo assim se manter batendo e vivo, batendo por que nada faz muito sentido, o amor é irracional, quanto mais você ama alguém, menos tudo faz sentido na vida essa é a piada dos sentimentos, eles não existem para dar algum sentido a vida. Algumas gotas finas atingem minha testa a medida que paro um pouco para respirar, pensar nos Cullen envolvia alguma parte do meu cérebro que me deixava atordoada

- Bella? – a voz de Damon me pega de surpresa na curva da rodovia 17 – o que faz aqui?

- Nossa Damon não deveria fazer isso com as pessoas, assustar elas desse jeito. – digo me apoiando na parede de concreto longe da pista – correr me faz bem, estava se alimentando? – ele então abre um longo sorriso revelando as presas – sem sangue? – observo sua roupa intacta

- Crianças que se sujam se alimentando são vocês, vai correr mais um pouco ou já está pronta para ir? – ele então se aproxima se apoiando na parede ao meu lado

- Acho que estou pronta para ir agora, você vai andar como um humano normal? – digo sorrindo enquanto Damon revira os olhos

- É claro que não, vamos para a floresta, conheço um atalho melhor – seus dedos frios entrelaçam os meus enquanto caminhamos para dentro da mata

- Conheço essa história, mas sinto muito senhor lobo estou sem os doces da vovó – empurro seu ombro com uma das mãos enquanto Damon sorri de lado para mim

Full MonOnde histórias criam vida. Descubra agora