O Retorno

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Sobre duas coisas eu tinha certeza, a primeira era que Amélia tentava se comunicar comigo de todas as formas possíveis me alertando de algo que talvez eu ainda não saiba, a segunda era que todos exceto Carlisle me achavam louca, Alice não respondia meu e-mail a meses e eu tentava toda noite sentada naquela mesa descrever a ela como foi meu dia, como me sentia em relação a várias coisas mas não estava dando certo, quanto mais e-mails eram encaminhados mais eu era ignorada. Jacob sempre me dizia que tudo o que estava passando era a falta do Cullen e no fundo ele estava certo em algumas partes, a falta que Edward me causava era avassaladora e me consumia por dentro mas tudo que envolvia a Amélia não se conectava com o Edward, na verdade era dois mundos diferentes porque mesmo sendo o Edward naquela visão era como se não fosse ele de fato, poderia ser a reencarnação dos dois? Seria isso possível? Eu que nunca me apeguei a nada relacionado ao místico estava me deparando com a situação que talvez essas coisas existam.

Já havia passado quase uma semana que eu e Damon se beijamos e aquilo me causou uma sensação estranha, era como estar traindo alguém que já tinha me deixado ou como brincar com os sentimentos do Damon, não saberia dizer se ele realmente gostava de mim ou a falta da Amélia causava isso já que éramos tão parecidas, as vezes eu enxergava no fundo de seus olhos um sentimento oculto por mim e em outras sentia como se estivesse sendo enganada, como se meu físico o atraísse para a ideia de que eu era ela, de que algum dia eu poderia ser a Amélia que ele amava, no fundo eu sabia que aquilo significava amor mesmo quando ele tentava lutar para esconder eu sabia que tinha tudo a ver com amor, como ele tratou Amélia em minha visão me fez ter a certeza que Damon e salvou por amor, no lugar dele teria feito o mesmo, salvaria o Edward sem pensar duas vezes… Vacilando com o pensamento do preço, eu me perguntei se teria tomado outro caminho, se Edward não tivesse ido embora. Se eu não soubesse como era viver sem ele, aquele conhecimento era uma parte muito profunda de mim, e eu não conseguiria imaginar como me sentiria sem ele até ele ter me deixado “Ele é como uma droga para você, Bella.” A voz dele ainda era gentil em minha mente nem um pouco crítica. “Eu vejo que você não consegue viver sem ele agora. É tarde demais” o canto da minha boca virou pra cima em um meio sorriso saudoso. “Eu costumava pensar em você desse jeito, sabe. Como o sol. Meu sol particular. Você equilibrava bem as nuvens pra mim” ouvir a voz dele em minha mente me confortava, era como conversar com um espírito que já partiu Talvez eu estivesse mesmo enlouquecendo e não fazia ideia disso, talvez o professor Neyt de história que também era um psicólogo formado estivesse certo sobre minha depressão visível, talvez as lágrimas que escorriam toda noite quando eu olhava para a janela aberta e vazia fossem a prova que não estava bem, que nunca ficaria bem novamente assim como o Damon que enganava a si mesmo, mas os olhos não mentem, eles nunca mentem sobre gostar de alguém e nunca mentem quando perdemos alguém e essa é a pior parte, quando a gente perde alguém ele fica com a gente, para lembrar sempre como é fácil se magoar. E se soubesse que tudo ia ficar bem no final, não me importaria em nada com o que acontece agora. Mas é horrível passar um dia depois do outro sem ter certeza de nada, é horrível ter a sensação de que alguém sempre está para voltar, essas coisas ferram a gente, acabam com o mínimo de psicológico que você ainda tem quando perde alguém, por que no fundo perder um amor é como perder um órgão, é como morrer, a única diferença é… a morte termina mas isso pode continuar para sempre. Eu queria que minha caixa de e-mail vibrasse e eu pudesse ler qualquer notícia que Alice pudesse me enviar mas era como esperar chuva em uma temporada de seca, incerto e decepcionante…

- Bella? – a cabeça de Charlie aparece na porta do quarto – busquei as roupas na lavanderia, vou deixar o cesto aqui.

- Tudo bem pai pode deixar depois eu arrumo tudo. – continuo com o olhar vago para a parede sem dar muita atenção

- A moça da lavanderia disse que você esqueceu esse colar na sua blusa… - um objeto de metal brilha para mim e analiso minusuosamente sem levantar da cadeira – vou deixar aqui em cima, se quiser jantar estou na sala – Charlie encosta então a porta

Me levanto indo em direção ao cesto de roupa, alguns pijamas ainda estavam um pouco úmidos então os separo das calças já secas, deixar Charlie lavar as roupas é sempre uma péssima idéia. Seguro então o colar em mãos analisando os detalhes, parecia mais um amuleto velho e antigo que alguém deveria ter perdido, talvez tenha me enganado pensando que algum espírito o deixou para mim, talvez nem mesmo a visão seja real

- Por que eu tenho a sensação que já te vi antes… - passo o dedo pelas bordas gastas do colar

Como se uma lâmpada tivesse brilhado em mim mente e uma luz iluminasse meu caminho corro em direção a gaveta próximo ao criado mudo ao lado da cama, eu conhecia aqueles detalhes pois já os tinha visto antes, era óbvio eu não estava louca, foi real. Entre o álbum de fotografia e alguns papéis puxo ao fundo uma caixinha de madeira velha e a abro delicadamente, o colar que Carlisle havia me dado, o colar dela “ era da Amélia, quero que fique com isso, guardei todos esses anos” naquele momento aquilo tinha um significado para mim como nunca tinha tido antes, era como ter uma parte de alguém que já se foi… puxo então uma cadeira próxima a mim e analiso com cuidado os detalhes, havia pequenas pedras cravadas no metal que parecia ter uma tranca por fora, com cuidado busco qualquer coisa que pudesse o abrir… entre o caldo de uma rosa e uma divisão no metal o colar se abre em duas partes, de um lado havia o nome “ Amélia Gouborb” e do outro uma mancha vermelha que parecia uma tinta velha. O nome havia sido gravado com muito esforço, percebi isso quando meus dedos tocaram o metal, assim que toquei na tinta vermelha do outro lado um arrepio estranho me subiu a espinha, um vento gelado atravessou a janela do meu quarto balançando as cortinas de um modo estranho, não era exatamente o frio que me arrepiou dos pés a cabeça e sim a forma como aquilo aconteceu.

- Isabella… - uma voz doce congelou minha espinha me fazendo estremecer

A voz estava atrás de mim, era como ter a sensação de estar sendo observada e não consegui encarar quem fazia isso, aos poucos e ainda com uma sensação estranha me viro… um choque de realidade tinha me encontrado, era como estar falando comigo mesma, como falar com um espírito… Amélia tinha longos cabelos escuros que iam até a cintura, ela usava um vestido azul claro e seus pés estavam a mostra, ela era mais pálida do que qualquer um dos Cullen que eu tinha conhecido mas diferente deles seus olhos eram verdes, era a minha versão vampira.

- O que faz aqui… - não consegui montar uma frase em minha mente, aquilo ainda me assustava

- Quero te mostrar uma coisa… - ela então se aproxima de mim segurando minhas mãos, era como ser tocada por um espírito – você precisa saber.

- Você é Amélia. – digo afirmando

- Sim e não… eu sou você! – meu corpo inteiro se arrepia no momento que suas mãos tocam meu rosto, naquele momento eu sabia que já não estava entre os vivos.

I’m a phoenix in the water

A fish that’s learned to fly

And I’ve always been a daughter

But feathers are meant for the sky

So I’m wishing, wishing further

For the excitement to arrive

It’s just I’d rather be causing the chaos

Than laying at the sharp end of this knife

Full MonOnde histórias criam vida. Descubra agora