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ALERTA DE GATILHO: Ataque de pânico e crise existencial

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Izuku sorriu de orelha a orelha ao receber a atividade de inglês, além da nota tinha uma carinha sorridente junto, o esverdeado adorou, Mic-sensei sempre deixava uma carinha ao lado da nota e ele nunca pediu nada de Izuku pela nota, era tão diferente com o que ele estava acostumado, ele gostava!

Mas tinha medo, sentia que era irreal, ilusório, que a qualquer momento eles se virariam contra ele, rindo de si por acreditar que poderia ter algo bom na vida, e se tudo não passasse de uma piada? Hitoshi, Houro, seus professores, Kaachan, tia Mitsuki, tio Masaru, todos rindo de si pelas costas por pensar que poderia ter algo bom na vida.

O apeculiar deku, desperdício de ar e espaço, todos sabiam disso, todos o odiavam, sua mãe adoeceu de desgosto, ele sabia disso, seu pai, que tinha voltado pro Japão quando soube da doença dela, só olhou para Izuku pra dizer que sua mãe adoecera de desgosto com uma aberração como filho.

Izuku sentiu as lágrimas virem, odiava o fato de chorar fácil, isso só irritava mais tia Mitsuki, ela não gostava de fraquezas, mesmo quando mamãe era viva tia Mitsuki brigava com Izuku sempre que ele chorava, Izuku não podia chorar, seu deku incapaz de até mesmo ficar quieto!

Ele precisava mudar de foco, onde ele estava? E quem se importava? Se estivesse em baixo da terra sem conseguir respirar ninguém ligaria! Espera, ele estava em baixo da terra? Tinham enterrado ele vivo? Por que tudo estava escurecendo? Por que não conseguia respirar? Era tão inútil que não conseguia respirar?

"Deku inútil, desperdício de oxigênio!"

"Pare de chorar garoto! Não vai conseguir nada sendo um bebê chorão!"

"Sua aberração! Olha o que você fez com sua mãe!"

"Por que não dá um pulo de cisne do telhado?"

- Mi... be... Midoriya... Midoriya... - Uma voz soou acima de todas as outras, quem era? Por que parecia tão carinhosa? O que estava acontecendo? - Tente acompanhar minha respiração ouvinte, inspire em quatro, segure quatro, solte seis, isso.

Izuku resolveu obedecer, mesmo não entendendo muito, por que queriam que ele respirasse? Ele era só um desperdício de espaço!

A escuridão foi deixando seus olhos lentamente e ele notou que tinha os fechado, piscando lentamente ao abrir notando como tudo era muito claro, a sua frente olhos verdes como os de sua mãe o encaravam com preocupação.

Sua mãe era a única que já o olhou assim, mesmo que esses verdes fossem mais claros... 

Izuku fungou fechando os olhos, mamãe estava morta, ele a matou, não era ela, era só seu cérebro inútil de novo o fazendo ver coisas.

- Está mais calmo? - A voz de Present Mic soou, seu professor, era a cor dos olhos dele? Verdes? Assentiu sem confiar na voz ainda perdido em si mesmo.

Onde eles estavam? Na sala? Céus! Todos tinham visto como ele era fraco e patético, Hitoshi e Houro nunca mais iriam querer olhar em sua cara, e quem iria querer? Era questão de tempo até ser chutado mesmo.

Present Mic ainda falava algo, mas Izuku não queria mais ouvir, ele queria fechar os olhos e nunca mais abrir. Contrariando o que queria foi obrigado a se erguer e então apoiado em alguém, abriu os olhos notando ser o professor, não quis erguer o rosto, não queria olhar para a turma, apenas se permitiu sair dali, notando pelo canto do olho Aizawa-sensei entrando para começar sua própria aula.

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Yamada se assustou quando passou os olhos pela sala e viu Midoriya curvado sobre si mesmo, os ombros tremendo como se convulsionasse, sabia que no histórico médico dele que a escola possuía não tinha nada sobre isso, mas, com a vida familiar que ele levava, não seria surpresa se eles não soubesse nada sobre a saúde do garoto.

Rapidamente se aproximou para o segurar, afinal convulsões podem ser fatais se não forem tratadas da forma correta, mas o que achou foi o menino em uma crise, o choro descendo enquanto ele murmurava palavras incompreensíveis, a única coisa que Yamada entendeu foi um fraco 'deku.'

Enquanto tentava fazer o pequeno verde seguir um exercício de respiração mandou uma mensagem a Aizawa e assim que o outro professor chegou ele retirou Midoriya da sala sabendo que o moreno entenderia o motivo de ser tirado de seu tempo livre.

O caminho até a enfermaria foi feito a passos lentos, Midoriya conseguiu se acalmar aos poucos e quando chegaram lá ele só estava absurdamente silencioso.

- D-desculpe - Izuku sussurrou enquanto era sentado - E-eu atrapalhei a aula, d-desculpe.

Izuku só notou que chorava quando os dedos gentis do professor secaram suas lágrimas com atenção e cuidado, isso era tão estranho, por que um adulto se preocupava? Um adulto com os olhos de mamãe...

- Não precisa se desculpar, little boy, não é sua culpa ter passado mal.

Present Mic sorriu gentil, Izuku piscou, era o mesmo sorriso gentil de mamãe, por que ele sorria pra ele como se gostasse de si? Mamãe era a única com sorrisos gentis para Izuku, então por que seu professor sorria gentil assim? Não fazia sentido.

Izuku se recostou na cama e ficou ali, apático, ele não queria pensar em mamãe, o sentimento ruim de tê-la matado sempre iria o perseguir, por que não foi ele? Ele era a aberração, era pra ele adoecer e morrer e mamãe ficar bem, seria tudo mais fácil!

- Como está se sentindo, little boy? - Hizashi questionou baixinho, Izuku pensou em encolher os ombros e mentir, mas quando viu aqueles olhos verdes preocupados, os olhos que sentia tanta falta, o choro voltou.

- P-por que? P-por que os olhos dela? P-por que me machucar mais? - Fungou em meio ao choro, a voz quebrada apertando o coração do professor.

- Os olhos dela? - Questionou baixinho, temia que se falasse mais alto que um sussurro fosse quebrar de vez o menino.

- M-mamãe, p-por que me olha com os olhos de mamãe? C-como se você realmente ligasse.

- Mas eu ligo, Midoriya, eu sei que não vai acreditar em mim agora, mas eu ligo, eu me importo com você.

Izuku quebrou ali, chorando alto sem conseguir mais se conter enquanto murmurava sobre os olhos de sua mãe.

Todos Merecem FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora