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ALERTA DE GATILHO: Pensamentos suicidas, crise de ansiedade, ataque de pânico, pedofilia, auto mutilação.

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Hizashi estranhou o comportamento do pequeno verde ao chegarem em casa, Midoriya foi direto para o quarto em silencio absoluto e não saiu ainda.

Se levantando com um prato em mãos e um copo com refrigerante ele caminhou até o corredor e bateu na porta.

- Little boy? Posso entrar? - Não houve resposta - Little boy? - Mochi miou lá dentro e arranhou a porta, Hizashi abriu para o gato sair, ele não entraria sem permissão, bem, ele não pensou em fazer isso até ver o garoto encolhido no chão, o mais distante possível da porta enquanto chorava baixinho - Ei, pequeno, o que houve?

Entrou lentamente, agradecendo a Mochi por o deixar entrar e então se sentou ao lado de Izuku que sequer se moveu.

- Foi muito legal de assistir você e seus colegas se ajudando daquela forma - Hizashi tentou, Izuku ainda chorava - Eu trouxe pizza... não sabíamos que sabor você queria, mas Hitoshi disse que gosta de calabresa então...

Nada, Hizashi suspirou.

- Ele está assim desde que recebemos as medalhas - Hitoshi falou da porta, Hizashi olhou o garoto e assentiu em reconhecimento - Na verdade foi desde que ele viu All Might...

Hizashi sentiu Midoriya tencionar ao seu lado, o choro se intensificando enquanto ele balbuciava algo inaudível, Hizashi conseguiu captar alguns pedidos de desculpas e auto xingamentos.

- Sabe o que All Might disse a ele?

- Nada na verdade, Izu, tomou a medalha e então ficou assim...

- Obrigado - Hizashi suspirou, então era outra coisa, de antes de festival, e pelos murmúrios de Midoriya algo ligado a ele querer ser um herói.

- Sabia que as pessoas não queriam que Shouta fosse um herói? - Decidiu começar por aí, talvez isso chegasse até o greenette - As pessoas o achavam fraco, um vilão em potencial, Shouta sofreu muito antes de conseguir sua licença... as pessoas eram todas contra ele, até nosso professor de sala de aula, ele sempre fazia de tudo pra Shou falhar nos treinos... hoje, enquanto via vocês unirem todo o primeiro ano em seu favor, ele sorriu com tanto orgulho...

Hizashi sentiu o garoto relaxar a medida que ele falava, sorriu com isso, era uma conquista.

- Sei que não teremos a melhor relação de repente e eu realmente quero me esforçar para ser bom pra vocês, pros dois - Hizashi olhou para o adolescente ainda na porta - Porque vocês são duas crianças incríveis e serão os melhores heróis, eu me orgulho dos dois, de não desistirem, de continuarem acreditando.

Hitoshi abaixou a cabeça, as lágrimas molhando seu rosto, uma sensação boa em seu peito.

Izuku ergueu o olhar encarando o herói da voz, os olhos verdes estavam vermelhos pelo choro que ainda caía.

- E-está mentindo - O garoto murmurou - N-não posso ser um herói, n-não posso ser nada, e-estão todos mentindo.

Izuku levantou e foi pro banheiro fechando a porta com um baque alto.

- Izuku! - Hitoshi correu antes da porta ser trancada e a abriu entrando antes de fechar mais cuidadosamente.

Hizashi suspirou, sua abordagem piorou tudo? O que deveria fazer?

- Deixa que eu assumo daqui - Oboro entrou no quarto, ele e Shouta estavam no corredor, ouvindo - Talvez eu seja o melhor para falar com os dois.

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Levou horas até conseguirem tirar os garotos do banheiro, Izuku havia grudado em Hitoshi e ficou assim enquanto o maior os levava para a sala, ele comeu um pouco, mas não conversou, não disse uma palavra sobre o que aconteceu e os adultos respeitaram.

Quando ficou tarde Shouta mandou que fossem se ajeitar para dormir e assim fizeram, ainda não tinham comprado camas novas então os dois garotos deitaram na cama de casal do quarto e Hitoshi puxou Izuku para si em um abraço.

- Eu não sei o que aquele idiota te disse, Izu, mas não é verdade, você não é um desperdício de espaço, muito menos deve desistir do seu sonho, provavelmente você não vai acreditar em mim, então só lembre-se de tudo que vivemos desde o inicio das aulas, se lembre de hoje e como foi incrível cada momento, tantos colegas acreditam que podemos...

Izuku queria acreditar, de verdade, ele queria, mas ele não conseguia ter forças para pensar se acreditava ou não, então apenas ficou ali, ouvindo, até finalmente ser embalado em sonhos.

Izuku teve pesadelos.

Ele estava de volta a Aldera e seus professores o perseguiam, as notas baixas, as ameaças veladas, os olhares, as promessas de aumentarem a nota... e então All Might estava ali, mas o herói não o salvava, muito pelo contrário, ele se juntava ao diretor e...

Izuku acordou chorando, o peito subindo e descendo rápido, olhou para o lado notando Hitoshi dormir e caminhou lentamente pro banheiro se trancando antes de buscar na estante escondida pelo espelho da pia.

Pegou o barbeador e olhou para os pulsos cobertos pelo moletom que usava, um moletom com o tema de Crimison Riot, era vermelho, não iriam notar.

Levantou as mangas com as mãos trêmulas e então levou a lâmina fria até os braços, sua cabeça latejava de tantos pensamentos, a bile querendo subir ao lembrar e, bem, isso sempre conseguia o distrair.

A linha horizontal se formou, o vermelho vivo o hipnotizando a medida que sua cabeça se esvaziava, mais uma linha, e outra, o alívio o invadiu enquanto fechava os olhos, as mãos tremendo.

O barbeador caiu na pia enquanto as lágrimas o invadiam.

- Little Boy? - Era a voz de Present Mic, o que ele fazia acordado? E no quarto? - Está tudo bem? Você foi um pouco alto...

Izuku se maldisse, ele era realmente tão ruim assim não? Acordando os outros que mereciam descanso, um soluço irrompeu enquanto caia de joelhos, a bile subiu e ele se recostou no sanitário ao jogar pra fora o pouco que havia ingerido, por que isso não passava? Ele queria ficar em paz...

Ele nunca estaria em paz enquanto vivo, ele só precisava... olhou para a pia onde o barbeador sujo de sangue continuava.

- Eu estou entrando, Little Boy - Present Mic avisou, ele tentou abrir a porta, mas ela estava trancada por dentro, suspirando o herói pareceu se afastar, mas logo voltou.

A mão de Izuku se ergueu em direção ao barbeador, a porta abriu com a segunda chave e Yamada-sensei tirou o barbeador de seu alcance enquanto o puxava para si em um abraço.

Izuku gritou contra o peito do herói, de frustração, de raiva, de tristeza, a gama de sentimentos voltando enquanto era embalado.

Yamada-sensei o fez o olhar, Izuku encarou os olhos verdes e sentiu a vergonha o invadir, mamãe o odiaria se visse o que estava fazendo consigo mesmo, Yamada-sensei o odiava?

- Não, eu não odeio, e sua mãe também não te odiaria, pequeno verde - O professor garantiu - Vem, vou cuidar de você.

Os dois saíram do banheiro, Izuku não quis encarar ninguém enquanto abraçava Yamada-sensei como se ele fosse uma âncora.

Todos Merecem FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora