Hitoshi não conseguia ver nada, estava escuro, um barulho contínuo soava ao longe, como o tic tac de um relógio, sentia o cheiro de sangue, o seu sangue, e seu corpo inteiro doía mostrando que estava mais desperto do que gostaria.
Que horas seriam? Geralmente ali ele não tinha como saber, era sempre tão escuro, tentou se mover notando estar amarrado, novidade, provavelmente mais uma forma de castigo, mas o que tinha sido dessa vez? O que ele tinha feito?
Lembrava de os professores o levar em casa apesar de seus protestos, lembrava de sua mãe adotiva o questionando sobre os motivos daquilo, quando abriu a boca para responder foi acertado com um tapa e logo ela começou a gritar consigo.
Deve ter sido isso, ele tentou falar mesmo sendo proibido.
O barulho foi ficando cada vez mais longe e Hitoshi aceitou as sombras de bom grado, pelo menos desmaiado não sentia dor.
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A consciência foi voltando aos poucos, o barulho contínuo não era de um relógio, agora ele sabia, mas então o que era? Ouviu vozes soarem próximas, vozes adultas, seu corpo inteiro tencionou, tentou se soltar, por que não o matavam logo? Era muito melhor do que continuar com essa vida.
Não havia mesmo esperança para si não é? Sentia alguém o segurar enquanto chorava, tentava se soltar em desespero, iria apanhar de novo, iriam o amordaçar e então o bater até desmaiar, era sempre assim, ele não aguentava mais, por que não o deixavam em paz?!
Sentiu algo espetar seu braço, sentia-se caindo das bordas de sua consciência, voltando ao escuro sem fim.
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Hitoshi abriu os olhos, estava tudo muito claro, fechou os olhos com força franzindo o cenho, ouviu o barulho de alguém andando e então a luminosidade por trás das pálpebras diminuiu, quando tornou a abrir os olhos a sala estava mais escura.
Olhou em volta, era um quarto de hospital, tinha outra cama além da sua, as cortinas cerradas, uma mesinha simples dividia o espaço entre as duas camas e haviam cadeiras ao lado das camas, a janela trazia a luminosidade para um sofá de couro antigo onde um amontoado verde e preto dormia.
O coração de Hitoshi aqueceu, Izuku e Houro estavam dormindo em uma posição muito desconfortável, mas estavam ali, estavam com ele, não notou que chorava até sentir o sabor salgado em sua boca, as lágrimas quentes banhando seu rosto gelado.
Um soluço escapou de si e passos vindos da porta o fizeram se virar, o coração a mil, o ritmo do monitor cardíaco aumentando, chegando lento como um gato estava Shirakumo-sensei, um sorriso contido enquanto as mãos se erguiam em sinal de rendição.
- Ninguém aqui vai te ferir, está seguro agora - Ele garantiu.
- O-o que - Tentou falar, mas acabou tossindo, a garganta seca, Shirakumo-sensei buscou uma jarra de água que estava em cima da mesinha entre as camas e encheu um copo de plástico ajudando Hitoshi a sentar antes de o ajudar a beber - O-o que aconteceu?
Hitoshi olhou os pulsos, com marcas recentes.
- Um de seus irmãos adotivos fez uma denuncia anônima e então a polícia chegou ao porão onde você estava sendo mantido, foi imediatamente trago para o hospital e tratado - Shirakumo olhou para as próprias mãos antes de suspirar - Eu sinto tanto pelo que você passou, você não merecia nada disso, de verdade.
- ...Toshi? - Uma voz sonolenta soou e Hitoshi virou o rosto vendo que Izuku tinha acordado, o esverdeado sorriu ao ver o amigo sentado e levantou correndo para o abraçar - Nós ficamos tão preocupados! E-eu e Houro t-tínhamos vindo buscar notícias de Aizawa-sensei e-e quando soubemos que estava aqui... oh, Hitoshi! E-eu sinto tanto! E-eu devia ter notado e-e feito algo, v-você sofreu e é tudo culpa minha p-por não notar.
- Não é sua culpa, Izuku - Hitoshi devolveu o abraço desajeitado, o esverdeado chorava sentido - Não é sua culpa que eu tenha nascido como um vilão.
Midoriya se ajeitou de imediato encarnado Hitoshi sério.
- Nunca mais repita isso! D-de nós dois você é quem vai ser herói e-e o melhor herói underground que esse mundo já viu!
Shirakumo sorriu levemente encarando os dois primeiro anos.
- Você disse algo sobre Aizawa-sensei... - Hitoshi lembrou e Izuku suspirou.
- Houve um ataque de vilões, contra a 1-A, Aizawa-sensei e Treze ficaram gravemente feridos.
- Izuku... há quanto tempo foi isso?
- Dois dias, m-mas não se preocupe, T-Treze foi para o quarto no mesmo dia e-e Aizawa-sensei veio hoje pro quarto - Ele apontou para a cama com as cortinas cerradas - E-e nenhum outro aluno ficou muito machucado.
Hitoshi assentiu ainda abraçado ao amigo.
Quando Houro acordou o médico examinava Hitoshi enquanto Izuku mostrava para Shirakumo-sensei as fotos de Snow, o gatinho que o professor havia resgatado e Izuku adotou.
Assim que Present Mic apareceu, Hitoshi notou seu novo problema: se foi uma denuncia então aquela mulher havia sido presa, o que significava que ele ia voltar ao orfanato, só de pensar em voltar para aquele inferno se sentia tonto.
- Hey ouvinte, fico feliz em vê-lo desperto - Yamada sorriu, atrás dele um homem usando um sobretudo marrom entrou - Este é o detetive Tsukauchi, ele ficou encarregado do seu caso.
Hitoshi assentiu abaixando a cabeça.
- Toshi, está tudo bem? - Houro questionou enquanto tocava o ombro do amigo, Hitoshi bufou, como sempre ela não pedia permissão para o chamar por apelidos ou coisa do tipo - Se quiser eu e Zuku podemos expulsar todo mundo daqui.
- N-não, está tudo bem - Hitoshi garantiu para a amiga que assentiu.
- Eu gostaria de fazer algumas perguntas, se você estiver bem para respondê-las - Hitoshi assentiu - Se você se sentir incomodado a qualquer momento nós podemos interromper ok? - Novamente o garoto assentiu - Eu estarei gravando para fins profissionais, agora antes de começarmos eu devo notificar sobre minha peculiaridade, ela se chama verdade, eu posso dizer com precisão quando alguém está mentindo ou dizendo a verdade, podemos começar?
Hitoshi assentiu encarando os próprios dedos.
- Como você se chama?
- Shinsou Hitoshi.
- Verdade, quantos anos você tem?
- Quinze anos.
- Verdade, onde você estuda?
- U.A. High School.
Izuku se levantou quando o celular vibrou e saiu da sala não notando o olhar de Yamada-sensei enquanto atendia tia Mitsuki.
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Todos Merecem Felicidade
Fanfic-Felicidade. Porque uma pessoa tão "inútil" iria merecer isso? Porque um "vilão" iria merecer isso? Porque alguém "invisível" iria merecer isso? E porque parecia que aqueles professores estavam tão determinados a os fazerem se sentir felizes?