Shirakumo estava preocupado, na verdade preocupado era eufemismo.
Eles tinham ido até a casa de Shinsou primeiro, a casa ficava no distrito da luz vermelha, o pior distrito de Musutafu, a casa estava caindo aos pedaços e tinha um adolescente pouco mais novo que Shinsou no jardim, fumando, Shirakumo não queria nem sonhar com o que poderia ser.
A porta foi aberta assim que Hitoshi saiu do carro, uma mulher alta e esguia o olhando com desconfiança.
- O que aconteceu? Eles notaram o problema que você é e decidiram te expulsar? - A mulher zombou, Shinsou abaixou a cabeça e não retrucou - Entre.
Sem sequer se despedir o arroxeado seguiu para dentro da casa acabada, os olhos baixos, as costas tensas, Shirakumo queria o impedir de ir, mas não podia no momento.
Conversou brevemente com a mulher e não gostou nada, talvez por isso enquanto tinha um horário livre ele investigava sobre Shinsou Hitoshi e sua situação familiar.
O garoto era órfão desde que os pais morreram em um ataque de vilão, indo de lar em lar, ora ele fugia, ora era devolvido ao orfanato, a maioria dos lares eram abusivos, pelas suas fichas sequer deveria conseguir entrar na fila de adoção e ali estavam adotando o garoto.
O quadro era terrível, Shirakumo se perguntava como nunca ninguém tinha visto isso antes.
- Você parece focado hoje - Oboro deu um salto ao ouvir a voz animada do diretor que estava sentado a sua frente - Sequer me percebeu chegando.
- Desculpe, Nezu, acho que só tenho muito no colo - Suspirou esfregando os olhos antes de olhar novamente para a ficha - Segundo Hizashi a ficha escolar de Shinsou é perturbadora, com tal histórico ele não deveria ter entrado na U.A.
- Bem, mesmo assim ele entrou - Nezu tomou seu chá, Oboro tinha certeza de que não tinha chá na sala dos professores aquele dia - Como sabe, alunos com a ficha tão suja não iriam tentar mesmo assim entrar para uma escola com uma política tão restrita, isso despertou minha curiosidade e eu fui investigar.
- Claro que foi... o que descobriu?
- Sua ficha foi totalmente modificada e manipulada desde o dia em que descobriram sua peculiaridade.
- Claro que foi - Shirakumo zombou.
- Shinsou é um aluno como Aizawa, tenho certeza que sabe...
- Se não fosse sua curiosidade Shou jamais teria conseguido uma vaga na U.A. também... e eu pensando que a sociedade vinha melhorando.
Nezu cantarolou voltando a beber seu chá.
- A questão agora é... o que quer fazer sobre isso?
- Shinsou não é meu aluno, eu ensino os segundos anos, ainda sim quero fazer algo por ele... talvez uma visita domiciliar, temos motivos para isso.
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Izuku estava inquieto, preocupado, Shinsou não havia aparecido aquele dia e nem respondido as mensagens que enviou, Hagakure também parecia preocupada, o esverdeado não conseguia pensar em nenhum motivo pro amigo faltar, ele deveria ter adoecido não?
- Eu estava pensando... talvez devêssemos ir até ele depois da aula - Hagakure comentou, Mic-sensei não estava na sala, ele disse que o diretor havia convocado uma reunião de emergência e ele estavam com o horário livre, assim os dois amigos andavam até a biblioteca da U.A.
- A-acho que ele iria gostar - Midoriya murmurou - N-não deve ser fácil passar o dia todo em casa, a-ainda mais se a mãe dele estiver em casa, e-ela não parecia uma boa pessoa.
- Vocês foram até a casa dele primeiro ontem? - Houro questionou e Izuku assentiu - Como é lá?
Izuku franziu o cenho ao lembrar do jardim morto e dos sons estranhos na rua.
- S-sombrio.
- O que estão fazendo por aqui? - Uma voz muito animada soou fazendo Izuku arregalar os olhos e Houro entrar na defensiva, na frente deles uma adolescente de cabelos roxos sorria para eles.
- Estamos indo até a biblioteca, é nosso horário livre - Houro explicou.
- Bem, os professores pediram para enviar qualquer aluno para suas classes - A garota sorria tensa - Vamos indo, eu sou Nejire Hado, da 3-A e vocês quem são?
- M-Midoriya Izuku.
- Hagakure Houro - A morena segurou a mão de Izuku enquanto acompanhavam a mais velha de volta para a sala - Por que estamos sendo mantidos na sala de aula?
Nejire encarou os dois ainda tensa e Izuku franziu o cenho, Mic-sensei parecia igualmente tenso quando saiu da sala.
- A-aconteceu algo grave? E-esta tensa senpai, e-e parece esperar que algo ruim aconteça o-olhando para todos os lados assim.
- Você é bem perceptivo greenette - A menina suspirou - Houve um ataque de vilão na turma 1-A, na USJ, os professores estão resolvendo tudo e a polícia já está por aqui, nada pra se preocupar.
- Aizawa-sensei está bem?! - Izuku perguntou antes de conseguir se frear, Nejire o encarou enquanto deixava Hagakure guiar o caminho.
- Os dois professores presentes estão no hospital.
Izuku sentiu-se tonto, Mic-sensei deveria estar muito mal, ele e Lound-sensei eram os melhores amigos de Eraser, com toda certeza estavam no hospital junto, agora fazia sentido o comportamento do professor.
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Shirakumo andava de um lado para o outro na sala de espera, Yamada estava sentado, terrivelmente quieto, com uma lata de chá gelado em mãos.
Já fazia uma eternidade que Shouta havia sido levado para e emergência e até agora não tinham notícias! Ele iria surtar!
Olhou para o relógio na parede notando que só tinham 15 minutos desde que chegaram ali e voltou a andar de um lado para o outro.
Foi quando viu, entrando às pressas, médicos e enfermeiros falavam apressados enquanto passavam uma maca, um vislumbre de cabelos roxos o tencionou, olhou pra trás notando que Hizashi também havia visto.
Se aproximou da recepção querendo informações e as teria, nem que para isso tivesse que usar sua identidade de herói, tinha certeza que aquele paciente entrando na emergência em estado grave era Shinsou Hitoshi.
Mas antes que chegasse lá um médico apareceu.
- Acompanhantes de Aizawa Shouta - O homem falou, a voz profunda e solene, Oboro sentiu o coração afundar em seu peito enquanto encarava os olhos cansados do profissional, como as coisas puderam desandar assim?
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Todos Merecem Felicidade
Fanfiction-Felicidade. Porque uma pessoa tão "inútil" iria merecer isso? Porque um "vilão" iria merecer isso? Porque alguém "invisível" iria merecer isso? E porque parecia que aqueles professores estavam tão determinados a os fazerem se sentir felizes?