Capítulo 57

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Bakugou Katsuki franziu o cenho irritado e confuso ao notar a vice representante sentar na sua frente. O loiro não tinha o costume de ficar na sala comum, afinal a turma inteira o odiava, porém, logo após o jantar, Katsuki sentou ali para estudar - na verdade usando uma desculpa para não retornar as ligações de Shigaraki - e ali ficou, não esperava que fosse ser abordado por alguém.

- Não faz sentido nenhum! - Akichi bufou fazendo Katsuki erguer uma sobrancelha - O que tem de tão especial em você?!

- De que caralhos você está falando?! - O Bakugou cruzou os braços, era o que lhe faltava! Um papo de doido!

- Midoriya! Como ele pode simplesmente te perdoar e ainda por cima te elogiar depois de tudo?!

- Que diabos?!

De onde estava, Inoue riu mostrando que todos estavam prestando atenção nos dois.

- Comece do início - O afrodescendente se aproximou encarando Katsuki seriamente, apesar que parecia ser um dos poucos que não o odiava de fato - O que Akichi está tentando dizer é que estávamos conversando com Midoriya outra noite e, bem, simplesmente não conseguimos compreender os motivos para que ele te defenda tanto.

Katsuki ainda não entendia onde isso iria chegar então apenas se manteve em silencio. Talvez devesse ter atendido Shigaraki e evitado essa conversa esquisita.

- Midoriya não é do tipo odiador e isso todos sabemos, porém, sempre que falamos mal de alguém, ele apenas escuta, não se envolve, mas também não nos impede e isso que já falamos até dos heróis favoritos dele - Inoue riu ao lembra das caretas do menor naquela conversa - Mas, quando falamos de você, ele é o primeiro a falar algo, não atacando, mas para te defender e isso não faz sentido nenhum, afinal você sempre o odiou e deixou isso bem claro, o que o faz gostar tanto de você? O que o faz ser sempre o primeiro a te defender? O que faz Midoriya ser tão leal a alguém odioso como você, Bakugou Katsuki?

Katsuki tinha a resposta para isso na ponta da língua, o peito acelerando a cada palavra, porém não respondeu isso, não respondeu nenhuma das perguntas, a irritação crescendo mais do que a afeição enquanto se levantava.

- Isso não é da conta de nenhum de vocês, extras! - Rosnou antes de decidir subir, era melhor atender Shigaraki e conhecer a merda da surpresa que o amigo tinha preparado do que ficar ouvindo essas besteiras!

Como se o que Deku pensava sobre si importasse! Como se as palavras que disse na infância fossem relevantes! Ele odiava Deku e claramente Deku também o odiava e nada disso seria resolvido!

Entrou no quarto, batendo a porta antes de ir atrás do seu celular, porém não foi para Shigaraki que digitou e sim para outra pessoa.

Era sorte que tinha o número dela, da psicóloga que jurava que iria o curar, seja lá do que.

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Shouto suspirou ao receber a xícara de chá, a sessão de estudos havia sido bem proveitosa e agora os três estavam sentados na sala comum dos professores, dividindo o mesmo sofá enquanto Hitoshi e Izuku conversavam sobre uma coisa ou outra, respeitando o silencio contemplativo do bicolor.

Shouto os encarou novamente, ambos agora estavam silenciosos, como se esperassem algo e isso o fez soltar um novo suspiro antes de beber seu chá tomando coragem para a pergunta que faria, se perguntando mentalmente se estava realmente preparado para falar sobre isso antes de, enfim, se decidir:

- Por que decidiram se tornar heróis? - A pergunta havia sido feita, agora não tinha mais volta, esperava que os amigos entendessem onde queria chegar com isso.

- Oh, hm... - Hitoshi piscou, ele esperava qualquer coisa, mas não essa pergunta, por que queria ser um herói? Fazia tanto tempo que tomou essa decisão que nem se lembrava mais... - Bem, é o sonho de toda criança.

Izuku riu baixinho dessa resposta antes de soltar um longo suspiro e tomar de seu próprio chá, os três adolescentes ignorando os professores que escutavam tentando ser discretos.

- Foi Kacchan - Murmurou, o brilho em seus olhos indicando que estava perdido em memórias - Esse era o sonho dele, desde que aprendeu a falar, a gente passava horas assistindo TV e falando sobre isso, sobre como Kacchan seria um herói incrível e então, um dia, ele disse que eu seria um herói muito melhor do que ele e que eu seria o número um.

- Bakugou disse isso? - Shouto piscou, isso sim era surpresa!

- B-bem, a gente tinha quatro anos e não foram bem essas palavras, mas sim... Ele disse como eu sempre ajudava todo mundo e nunca tinha medo de nada, aceitando todos os desafios mesmo sendo fraco e que isso era ser um herói, ajudar os outros sendo forte é o dever de qualquer um, mas...

- Ajudar as pessoas sem ter força nenhuma, isso é o que nos torna heróis - Hitoshi completou a fala do irmão, era de uma entrevista de Ereaserhead, de quando o herói era apenas um novato - E-eu sempre estive em orfanatos, me sentia tão pequeno, um dia estava em um passeio com as outras crianças quando o museu foi atacado, Ereaser e outros heróis nos ajudaram e eu nunca vou esquecer da sensação que foi quando eles nos salvaram, de como um herói sem uso peculiar venceu todos aqueles vilões, decidi que queria ser como ele, queria fazer as pessoas se sentirem bem com ou sem uso peculiar, apenas com a minha presença.

- E você, Todoroki-kun? - Izuku encarou o amigo que negou.

- Eu nunca quis ser um herói, era o que meu pai queria e ninguém vai contra o que Endeavor quer - O bicolor colocou a mão no rosto, bem em cima da cicatriz de queimadura - Não existe outra coisa, s-se eu não for um herói então serei descartado, como Touya.

- Touya? - Hitoshi franziu o cenho confuso, porém Izuku segurou a mão do irmão e negou pedindo silenciosamente para que não fizesse perguntas.

- Você não precisa mais seguir isso, Todoroki-kun - O Midoriya garantiu com um sorriso confortador - Endeavor não manda mais na sua vida, então... o que gostaria de ser?

Shouto os encarou, os olhos brilhando em confusão e esperança antes de encarar os professores que desviaram os rostos imediatamente tentando disfarçar estarem ouvindo.

- Eu... eu não quero que ninguém passe pelo que passei, quero proteger as crianças.

- Então vamos descobrir como fazer isso - Hitoshi deu de ombros.

- Eu já sei quem pode ajudar! - Izuku levantou um pouco mais animado - Treze-sensei é uma heroína de resgate! Ela pode nos ajudar a conhecer profissões que cuidem de crianças e cuidem de verdade!

Todos Merecem FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora